Ensinamentos de Krishna - Resumo

Karma Yoga

40. Neste sendeiro da ação (ou Yoga), nenhum esforço se perde, por mais incompleto que seja, nem se produzem resultados maus ou menos contraditórios. Até mesmo uma prática mínima desta Yoga libera o homem de um grande perigo e temor. (Bhagavad Gita – Capítulo II)

Até aqui vimos os aspectos iniciais da conversa de Krishna com Arjuna. Agora começaremos a estudar o trabalho da elevação espiritual chamado de caminho da yoga ou o sendeiro da ação, que é a mesma coisa...

Para começar o bendito Senhor nos diz que: nenhum esforço se perde, por mais incompleto que seja; não se produzem resultados mais ou menos contraditórios; e, finalmente, que a prática mínima deste caminho libera o homem do perigo e temor. Vamos ver isso...

Nenhum esforço se perde... O que quer dizer isso? Todos os atos que são feitos, mesmo aqueles considerados maus, são válidos para a elevação espiritual...

Não estou falando apenas de atos físicos. Mesmo quando você escolhe um sentimento individualista (egoísta) para vivenciar os atos da vida, esta forma de proceder é válida para a elevação espiritual. Por quê? Porque é a vida do espírito...

Na existência do espírito nada se perde: tudo vira lição. Quando o ser universal humanizado opta por um sentimento egoísta para vivenciar uma situação da vida material, é mais um ensinamento que aprende e com isso uma nova oportunidade de elevação se apresentará. Portanto, quando optar em determinadas situações por sentimentos individualistas, não se desespere, pois isto é válido para a sua elevação espiritual. Claro, melhor seria se optasse pela universalização, pois avançaria mais. Mas, saiba que mesmo quando opta pelo egoísmo, algo foi feito no sentido da sua aproximação de Deus...

Portanto, aí está o primeiro conhecimento necessário da prática do caminho da yoga: nunca se lastime por nada...

Jamais se arrependa do que fez ou deixou de fazer. Jamais qualifique o que fez de bom ou mau, porque aquilo é útil à sua elevação espiritual. Jamais se contrarie com o que aconteceu ou que deixou de acontecer. Ou seja, não se lastime por nada, porque tudo que você faz vale alguma coisa para a sua elevação espiritual. A forma de reagir a determinados acontecimentos faz parte da sua caminhada, do seu aprendizado. Se você perde tempo parado no passado se lastimando, ou seja, culpando a si ou a outro pelo que aconteceu, parou no tempo.

Na vida do espírito, como já dissemos, não existe passado ou futuro: a única coisa que existe para ele viver é o presente. Só que ele tem que viver o presente olhando para frente. Olhando para o que ainda pode acontecer e não para o que passou. O ser humanizado deve vivenciar a sua existência carnal sem se amarrar as coisas que passaram e ficar lamentando-se delas. Vivendo assim, o ser se prende o passado e com isso não vive o presente e nem terá futuro, já que o futuro é construído no presente.

Este é o primeiro grande ensinamento; este é o primeiro grande aviso: não se lastime por nada. Tudo vale alguma coisa e quando você fica lá atrás se lastimando, perdeu uma nova oportunidade de realizar algumas coisas.

 

41. Neste caminho, ó descendente de Kuru, existe uma única determinação que se dirige somente a um objetivo. No entanto, tu sabes muito bem que os propósitos das mentes irresolutas são inúmeros e desencontrados.(idem)

Segundo aspecto da yoga ou do caminho da libertação: ele é totalmente dirigido à realização do ser...

O que quer dizer isso? Ele não é dirigido para que você tenha alguma coisa, ganhe ou participe de algo, mas toda vida onde se busca a elevação espiritual tem uma única preocupação: se auto-realizar no ser.

O que é esta auto-realização no ser? É alcançar a paz interior, a harmonia com o Universo e a felicidade incondicional. Esta é a estrada da libertação ou da elevação espiritual. O ser humanizado yogue é aquele que vive para a sua auto-realização nestes três aspectos.

O ser que caminha por esta estrada se preocupa sempre em estar harmonizado com o Universo, por isso não vive procurando motivos para discordâncias. Quando estes motivos por acaso surgem em sua mente, ele os mata. Ele mata estas idéias porque o objetivo dele não é difamar o próximo ou ser superior a ele (estar certo), mas sim harmonizar-se com o outro.

O yogue não faz guerra contra ninguém, não aponta erro dos outros, não julga nem critica porque está sempre objetivando a paz, está sempre preocupado em viver em paz. Por isso, ao invés de lutar contra o outro para provar que está certo, ele luta contra si mesmo: briga consigo para calar a crítica que surge através do ego...

O ser humanizado yogue não vê motivos de sofrimento, porque não tem nada para perder, fazer ou ser. A única coisa que ele objetiva nesta vida é alcançar a verdadeira felicidade, aquela que não depende de realização alguma. Por isso luta contra os desejos para que a felicidade dele não seja condicionada a alguma coisa.

Este é o verdadeiro yogue. Ele pode ser chamado assim porque tem a mente em paz. Já aquele que possui a mente perturbada por milhares de objetivos nada consegue com relação à elevação espiritual, pois não tem como objetivo a harmonia, a paz e a felicidade verdadeira...

O ser humanizado que não caminha pelo caminho da elevação espiritual no trabalho tem um objetivo, em casa, na rua ou na escola outros. Ou seja, ele tem diversos objetivos e acaba se perdendo nesta montanha de vontades e desejos.

Quando vai para casa esquece o objetivo que tinha no trabalho e passa a se dedicar a outro. Sai de casa e seus objetivos mudam... Ao viver assim esquece que cada vez que altera o objetivo, a razão de estar vivendo, deixa de se realizar, de sentir-se pleno...

É por isso que os ser humanizado jamais se realiza durante a sua existência. A existência desta multiplicidade de objetivos a serem alcançados para poder levar o ser ao gozo da plenitude da felicidade cria a necessidade de que ele fosse um super-homem: alguém capaz de realizar tudo...

É por isso que os ser humanizado sofre, não consegue harmonizar-se com o mundo e não vive em paz: por colocar estas realizações na dependência de alcançar seus múltiplos objetivos individualistas. Para ser feliz ele teria que inverter o processo, ou seja, ao invés de colocar estes elementos (paz, felicidade e harmonia) como dependentes de vontades, os transformar em objetivos de vida...

 Sendo assim, posso dizer que reforma íntima é colocar a paz, a harmonia com o mundo e a felicidade incondicional como objetivo de vida.

42, 43 e 44. Ó Partha, os tolos, cuja mente está cheia de desejos e que consideram a vida celestial (ou paraísos relativos e pensados) como a sua meta mais alta, os quais estão submissos aos panegíricos védicos (no ocidente, submissos à letra morta dos versículos bíblicos) e que consideram isso algo muito superior, esses ignorantes, ó Arjuna, falam com os costumeiros termos floridos a respeito das diversas classes de cultos védicos, cultos esses que originam os nascimentos, as ações e seus resultados, como meios para o prazer e a dor. Aqueles que se ligam a esses néscios e se deixam levar por toda essa fraseologia enfeitada, jamais lograrão a determinação única, que conduz o homem à absorção espiritual. (idem)

Vamos entender isso, porque apesar de parecer muito complicado, já que contêm algumas palavras difíceis, este texto é importante para quem quer realizar-se no ser.

Na verdade o que Krishna diz é o seguinte: alguns ensinam o reino do céu através da letra fria. Antes de buscar o entendimento, uma observação: ligo aqui o ensinamento de Krishna ao reino do céu (ensinamento bíblico) porque, apesar do texto falar em livros védicos, os “Vedas” são os livros sagrados hindus, assim como a Bíblia o é dos cristãos. Portanto, em essência eles são a mesma coisa: o instrumento usado por religiosos para buscarem a elevação espiritual. Sendo assim, o alerta serve para elementos de qualquer religião: não procure a elevação espiritual preso apenas à fraseologia enfeitada de um livro sagrado, porque quem assim age jamais logra alcançá-la. Vamos compreender isso...

Os católicos, por exemplo, pela prisão à letra fria, acreditam que, depois do desencarne, dormirão até o dia do juízo final. Por isso, para eles, o ideal é morrerem, ou seja, dormirem depois do desencarne. Os espíritas são levados a acreditar na existência das cidades espirituais. Por causa deste apego à letra fria, ao saírem da carne, buscam uma cidade espiritual. Os mulçumanos acreditam que Alá fez no reino do céu uma grande tenda onde haverá um harém cheio de virgens para eles. Os budistas sonham com o Nirvana, ou seja, com um jardim muito bonito, com lindas plantas, borboletas... Por isso estes religiosos sonham com a chegada a estes lugares. Mas, Krishna está nos ensinando que não devemos nos apegar a estas coisas. Por quê? Porque estas coisas foram apenas figuras criadas através de determinadas palavras que os mestres usaram para simbolizar a felicidade plena...

Aqueles que buscam a felicidade a partir da satisfação, ou seja, precisam de determinadas coisas para ser feliz, na verdade não alcançam lugar algum, porque só alcançaram a realização dos seus desejos. Como o que surge quando isso acontece é o prazer, estes terão que reencarnar para realizar o trabalho da reforma íntima, pois ainda estão presos aos desejos e paixões humanizados.

É isso que Krishna está nos ensinando. O caminho da yoga, da libertação, é o caminho do fim do desejo de tudo. É chegar ao mais alto poder de harmonização com o Universo, ou seja, ser feliz incondicionalmente. É isso que pode e lhe levará à elevação espiritual.

É por isso que ele fala que quem se liga a esses néscios (ignorante, incapaz – Mini Dicionário Aurélio) se prende à vida carnal, mesmo depois de desencarnado. Ele está preso à roda de encarnações e por isso terá que novamente voltar à condição de humanizado. O verdadeiro buscador de Deus precisa ouvir as palavras, mas também ir além do sentido humano delas. Compreender, por exemplo, que o mestre não podia dizer que o céu era uma tenda no meio do deserto cheio de virgens, porque se fizesse isso, estaria decretando que mulher não entra no reino do céu, a não ser para servir os homens. Na verdade, o texto sagrado dos mulçumanos prendeu-se a elementos daquela época, onde a mulher não era levada em consideração. Por isso o texto foi escrito para chamar a atenção de homens e não de mulheres...

É isso que estou querendo dizer. Na verdade o que Krishna nos ensina é que temos que buscar a felicidade incondicional. Esta felicidade que o mestre fala está acima de qualquer figura que possa ter sido criada pelos textos sagrados de cada religião. Ela está no interior de cada um, no coração... Por isso, para alcançá-la, é preciso se desligar de toda e qualquer imagem (paixão) e dos desejos e vontades que surgem através da mente.

Para eliminar as idéias que temos sobre o que é viver no reino do céu, pergunto: o que é o reino do céu? É um estado de espírito onde, esteja você onde estiver, tendo quem quer que seja ao seu lado, viva em perfeita harmonia com o Universo e em felicidade. Isto é o reino do céu... Não importa se você está na carne ou não: na hora que estiver vivendo assim estará no reino do céu...

45. Nossos Vedas tratam dos três gunas, que são Sattva, Rajas e Tamas. Ó Arjuna, liberta-te desses três gunas relativos, liberta-te dos pares de opostos e, sempre equilibrado, ficarás livre dos pensamentos de aquisição e posse, estabelecendo-te no ser (ou Atma). (idem)

NOTA: Sattva – qualidade da bondade; Rajas - qualidade da atividade e da paixão; Tamas – qualidade da inércia e do obscurantismo.

Antes de qualquer coisa vamos entender o que é guna: propriedades do pensamento... Gunas são direcionamentos que estão embutidos nos pensamentos humanos.

O primeiro guna que Krishna cita é o sattva. Este é o guna da bondade, ou seja, da sua forma de pensar as coisas com bondade. O que você acha que é bondade é formado pela ação do guna sattva presente no seu ego e não uma verdade por si mesmo.

Apesar deste guna parecer algo bom, porque humanamente se acha que pensar com bondade é bom, Krishna nos diz que o buscador de Deus precisa se libertar deste padrão. Isto porque, se você estiver preso (acreditar como real) nos padrões de bondade que existem na sua razão, automaticamente também acreditará nos padrões de maldade que existirão por causa do dualismo.

O Bendito Senhor ensina isso porque sabe que a prisão aos pensamentos formados pelo guna sattva prende o ser universal ao prazer, ou seja, condiciona a felicidade. Isso porque nasce o desejo de vivenciar o que é considerado bondoso e o desejo de não vivenciar o que não é assim considerado. Deste desejo de vivenciar o que se quer nasce o condicionamento à felicidade e, com isso, a desarmonia com o Universo.

Vou dar um exemplo: a mãe espera que o filho faça determinadas coisas (estude, trabalhe, cresça materialmente). Esta forma de pensar é considerada como bondosa pela humanidade. Por acreditar nisso, o ser que se humaniza como mãe vivencia esta criação da razão como real e certa. Mas, quando o filho, por seu próprio carma, não age assim, ela sofre... Esta desarmonia com o Universo (aquilo que ela vive) não lhe deixa alcançar a elevação espiritual...

Na verdade este ser não se elevou por culpa do filho – porque ele a fez sofrer – mas, por sua própria culpa. Deixou de unir-se a Deus (entrar no gozo da felicidade plena) não por culpa do filho, mas por sua própria, pois colocou a realização dos seus desejos como condicionamento à felicidade.

Segundo guna que Krishna cita: rajas. Esta é a propriedade da mente humana que insere nos pensamentos o gostar de alguém, do que deve ser feito, do que precisa ser realizado...

Esta é a qualidade do pensamento que cria as paixões. É a partir destas paixões, positivas (gostar, fazer) e negativas (não gostar, não fazer), que nascem os desejos que condicionam a felicidade...

Terceiro guna: tamas. Este é o guna que confere ao pensamento direcionamentos no sentido de omitir-se, de esperar as coisas realizarem por si só.

Um destes três direcionamentos está sempre presente em cada formação mental criada pelo ego. São eles que servem de base para a criação dos pensamentos. É por existirem estes três direcionamentos que nascem as suas paixões e delas surgem, então, os desejos que condicionam a felicidade, ou seja, lhe afasta da realização no ser...

Mas, estes direcionamentos jamais poderão deixar de existir... Enquanto você estiver preso a um ego humanizado estará sujeito as formações mentais e elas sempre estarão fundamentadas em um destes três gunas. Por isso Krishna diz: seja equânime, ou seja, trate com igualdade os três impulsos que a formação mental usar para decretar o que você tem que fazer ou deixar de realizar. Sendo assim, se ela lhe diz que você deve agir, não se prenda a isso como realidade; se ela disser que deve omitir-se, não acredite sentimentalmente nisso; se ela lhe disser que tal coisa é certa moralmente de ser feita, não creia nisso...

Na hora que o ser humanizado buscar a yoga, ou seja, o caminho da libertação, terá obrigatoriamente que abrir mão dos seus gunas. Se não abrir mão destes padrões que compõem o pensamento não conseguirá jamais a equanimidade necessária para que evolua.

Participante: É tão simples assim... Basta abrir mão destes impulsos?

Sim, a elevação espiritual é simples...

Mas, não pense que este ensinamento é primazia dos hindus. Cristo ensinou a mesma coisa: se o seu olho lhe faz pecar, arranque-o porque é melhor entrar no reino do céu sem um olho do que ir para o inferno com os dois. Ao ouvir isso os discípulos perguntaram ao mestre: o senhor está dizendo que somos pecadores? Cristo respondeu: se dizem que podem ver, são...

Na verdade este ensinamento cristão é a mesma coisa que acabamos de ver com palavras diferentes. Isso porque tudo que você percebe através da visão leva à formação de um pensamento onde estão presentes as características dos gunas.

 Portanto, se abrir mão de tratar o que vê como real estará eliminando a ação do guna...

46. Para um autêntico brâmane, vivenciador da Verdade, todos os livros sagrados ou Vedas são de pouca valia. Tais livros assemelham-se a um pequeno tanque de água que perde a sua utilidade quando, como numa inundação a água (ou vivência) se espalha por todas as partes. (idem)

Este é um ponto que já tinha comentado diversas vezes. Já havíamos falado dele quando estudamos os ensinamentos de Buda.

Lá dissemos que o ensinamento é como um barco que lhe leva do porto da ignorância ao da sabedoria. Só que quando se chega o destino é preciso desembarcar (esquecer o ensinamento). O problema é que tem muita gente que acha o barco bonito (imagina que o ensinamento é muito profundo) e fica navegando eternamente dentro do barco. Com isso não realiza nada...

Na verdade, todos os ensinamentos não valem de nada: eles são apenas culturas. O que é preciso alcançar é a sabedoria, ou seja, a cultura na prática. Enquanto você tiver cultura apenas, este saber lhe parecerá um oásis: sentir-se-á realizado por ter alcançado uma verdade, uma coisa importante que deve saber e ensinar aos outros. Mas, isso não leva a lugar algum: o que precisa é praticar o que aprendeu...

Quando transfere a cultura para a sabedoria, transfere para a vivência, tudo o que soube torna-se automático em você. Na verdade, se inunda com o saber e aí não mais consegue ver um oásis, mas faz parte dele. Enquanto apenas sabe, não consegue distinguir a água da terra...

O ser que alcança a sabedoria, ou seja, consegue a realização do que sabe, não mais se prende ao ensinamento, porque passa a ser o próprio... É isso que Krishna está ensinando... Aliás, a mesma coisa que estudamos em Buda, Cristo, em O Livro dos Espíritos, ou seja, um ensinamento universal.

 Por isso compreenda: cultura é uma coisa, uma tina com água; sabedoria é aprender a viver dentro da água...

47. Ó Arjuna, como ser manifesto e pensante somente tens direito à ação, nunca aos frutos do que crês fazer. Portanto, que tua ação jamais seja motivada pelos frutos. De outro lado, não te apegues à inação. (idem)

Vocês não podem criar nada que vai acontecer, pois tudo já está escrito e é realizado pelo faça-se (emanação) de Deus... Vocês só têm, portanto, o direito de agir agora dentro do que está pré-escrito...

Por isso quando agirem agora, não junte a esta ação nenhuma vontade (intenção) de que ela resulte em determinada coisa. Isto é perda de tempo, porque o futuro, ou seja, o que decorrerá da ação de agora, já está escrito. Você não vai criar o futuro agora...

Não falo apenas da ação física, mas também da sentimental... Não participe das ações esperando sentimentalmente receber alguma coisa... Jamais participe dos acontecimentos da vida com o sentimento de espera de receber alguma coisa ou com medo do que possa vir a acontecer. Ao contrário, participe do mundo de hoje, o agora, apenas de uma maneira perfeita e clara: amando a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Esta é a única coisa que você pode fazer (amar ou não a Deus, amar ao próximo ou a si mesmo) e isso não altera os acontecimentos futuros, os seus carmas futuros...

Portanto, não se preocupe com o futuro: ele acontecerá dentro do seu plano carmático. Ao contrário, concentre-se em saber se está amando o próximo ou não. Preocupe-se em ver se está amando a Deus acima de todas as coisas ou não... Esqueça todo o resto, porque você não tem comando sobre as coisas que sucederão este momento...

Esta é uma coisa que você, ser universal humanizado, pode realizar: amar. Só que quando tem notícia de que o futuro está pré-escrito, faz exatamente ao contrário: imagina que deve cair na inação...

O que é inação? Não agir, não fazer nada, inércia... Quando um mestre fala nisso, o ser humanizado, que está preso à ilusória capacidade de agir acredita que ele está falando em não agir fisicamente. Mas, acontece que como o futuro está pré-escrito a ação acontecerá inexoravelmente e no sentido que tiver que acontecer...

Krishna, como nós já vimos neste estudo até aqui, sabia disso. Por que, então, ele orienta Arjuna a não se apegar à inação? Porque ele está falando da inação espiritual, do não agir espiritualmente...

O ser universal humanizado pode agir sentimentalmente. Como disse anteriormente, ele pode escolher entre amar a Deus e ao próximo ou amar a si mesmo. É sobre esta ação que Krishna está orientando aos buscadores de Deus que não se entreguem à inação: não deixem de estar sempre fazendo uma opção sentimental...

Ação é escolha sentimental através do livre arbítrio; a inação, ou inatividade espiritual, neste caso é não escolher a cada segundo entre amar a Deus ou amar a si. Agindo dentro desta inação, o ser humanizado entrega-se constantemente ao que o ego diz que é verdade...

Como já salientei em outras oportunidades, o ser humanizado deixou de racionar sentimentalmente. Ele sabe através dos ensinamentos dos mestres que deve amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, mas não se preocupa em realizar isto. Por isso se deixa levar pelas sensações que o ego cria. A personalidade humana cria, por exemplo, a idéia de que determinas pessoas são fofoqueiras. Cria, também, a sensação que não se deve gostar delas por este motivo. Neste momento o ser universal pode agir amando a Deus e ao próximo e, com isso, libertar-se desta sensação. Mas, ele não faz isso: entrega-se à inação, ou seja, não realiza a opção e segue placidamente o que o ego diz que tem que sentir...

Chegou à inação... O ser humanizado não age mais... Se a única coisa que ele pode agir é sentimentalmente, quando usa a sensação que o ego cria, não mais usou o seu livre arbítrio, não mais agiu...

Se alguém um dia lhe der uma pisada, nunca mais você será seu amigo, pois o ego criará sempre a sensação de desconfiança para este ser e você, que não realiza a única ação que pode, a vivencia... Isto é parar de raciocinar sentimentalmente... Isto é inatividade, inação...

O espírito, a coisa mais magnífica do Universo, nasceu para ação: para exercer o livre arbítrio... Quando se humaniza, se entrega às sensações criadas pelo ego, joga fora o grande dom que Deus lhe deu: a capacidade de optar pelo amor, ou seja, amar...

Nosso trabalho, que também é a yoga, o caminho da libertação, é ensinar aos seres humanizados a exercer o livre arbítrio novamente. É isso que Krishna fala no início deste texto quando diz que todos os livros védicos, ou seja, todo conhecimento trazido por ordem de Deus é no sentido voltar a utilizar o livre arbítrio. De mostrar a importância de optar entre vivenciar os acontecimentos do Universo amando ou se deixar ser guiado pelos gunas do ego...

Todos os mestres ensinaram isso. Cristo foi um mestre na arte de raciocinar espiritualmente, de optar pela entrega a Deus e ao próximo acima de si mesmo. Por isso, todos os que querem unir-se a Deus precisam retornar a esta atividade (exercer uma opção através do livre arbítrio sentimental) ao invés de entregar-se à inação, ou seja, viver a vida seguindo placidamente o que os gunas criam...

Falo em libertar-se da inação do raciocínio espiritual, porque do exercício do raciocínio material os seres humanizados não abrem mão. Apesar de todos os mestres ensinarem que Deus é a Causa primária de todas as coisas, os seres humanizados não abrem mão de dizer que são eles que escolhem se uma pessoa é bonita ou feia. Não abrem mão de realizar esta ação, mas por outro lado, não dão à mínima ao livre arbítrio espiritual...

Utilizar-se do livre arbítrio do ser universal é o grande bem que o espírito perdeu quando deixou de viver para Deus e entregou-se ao mundo material como independente do Universo... Por isso Cristo e todos os mestres vieram ensinar isso...

48. Ó Dhananjaya abraça essa forma de agir ou estabelece-te nessa yoga e renuncia ao apego. Sê indiferente ao sucesso e ao fracasso e assim comporta-te. Esta equanimidade é a própria Yoga. (idem)

O que é a própria yoga?

Participante: A equanimidade...

Que surge do que? Do desapego e da indiferença ao sucesso e ao fracasso... Ou seja, da não busca da fama individual...

O ser humanizado deixou de raciocinar e por isso convive com os seus conceitos como verdades puras, cristalinas. Mas, ao fazer isso, não entende que não está vivendo consigo mesmo, pois estes conceitos não são dele. Na verdade são conceitos que lhe são impostos, já que foram criados por sua mãe, seu pai, sua tia ou mulher, ou seja, foi a humanidade que os criou.

Quando o ser humanizado é pequeno a mãe o ensina a não andar descalço. De tanto ela repetir isto, ele toma como sua esta verdade e nunca mais anda descalço. Se andar, cria inconscientemente a culpa que pode se transformar em doença...

O ser humanizado trocou toda a arte de pensar, de escolher seu próprio caminho, pela busca da fama, ou seja, para mostrar ao mundo que ele conhece e segue as verdades do mundo... Este ser não anda calçado porque quer, mas para poder dizer que aprendeu a verdade que é aceita como certa pela humanidade...

É a isso que Krishna está se referindo neste trecho: a busca do elogio, da fama, do ser considerado humanamente certo. Por conseguinte, fala também do medo da crítica, ou seja, do medo de ser repreendido por não estar agindo corretamente.

Dentro do nosso exemplo, se o ser humanizado gosta ou não de andar descalço isso não tem importância, porque ele anda sempre calçado para provar que conhece as verdades do Universo e por medo de ser considerado alguém que destoa do mundo... Na verdade cada ser humanizado passou, por comodismo, por inação, não por maldade, a agir de acordo com as verdades que lhe foi dada, para buscar a fama...

Por isso Krishna falou anteriormente que o ser humanizado precisa voltar a raciocinar. A raciocinar espiritualmente (escolher sentimentos) e não deixar levar-se pelos gunas que dão características aos pensamentos...

O ser humanizado precisa voltar a discutir consigo mesmo. Será que ao criticar o próximo está amando-o? Será que se ao acusar o próximo está amando-o? Será que ao desejar uma coisa a ponto de sofrer se não consegue está amando mais a Deus do que a si mesmo?

Realizar estes questionamentos no seu mundo sentimental é o caminho da yoga, o caminho da elevação. Aqueles que entram neste caminho têm como prática voltar a raciocinar espiritualmente. Com isso o ser humanizado volta a realmente viver, pois hoje ele não vive: conta tempo, passa pela vida. Isso porque apenas repete conceitos sentimentais sem exercer o livre arbítrio, exercício esse que caracteriza o seu existir...

Salomão, o Sábio, dá um grande conselho neste sentido: será que você pode fazer alguma coisa que ninguém fez? Veja que tudo que um ser humanizado pode fazer, já foi feito por outro. Sendo assim, o ser não cria nada: apenas repete o que alguém já fez. É importante entender isso porque se a elevação é caracterizada por uma reforma íntima, é preciso reformar o nosso íntimo. Ninguém se reforma apenas repetindo o que todos fazem...

Se alguém bebe, o ser humanizado logo vibra na acusação chamando-o de alcoólatra... Acha que este conceito é ele que está criando, mas não vê que é apenas uma repetição do que o mundo, a sociedade, a humanidade acha. Será que se você vibrar dentro da sensação que acompanha a denominação de alguém como alcoólatra isso é sinal de amor? Ou amá-lo não seria dar a ele o direito de beber até morrer, se assim quisesse? Claro que sim, pois desta forma estaria utilizando o sentido de liberdade que está embutido no amor.

Para que você ame o outro deve conceder a ele a liberdade absoluta, ou seja, dar o direito dele fazer, estar e ser o que quiser. Esta forma de viver respeita o direito à individualidade que todos querem ter e que, por conseguinte, devem dar aos outros para amá-los segundo o Espírito da Verdade.

NOTA: Refere-se a uma pergunta de O Livro dos Espíritos onde o Espírito da Verdade afirma que a expressão máxima do amar é dar ao próximo o que deseja para si. Neste caso, se alguém quer ter o direito de não beber, deve dar ao outro o direito de fazê-lo.

O ser humanizado não tem nada a ver com a vida do outro, porque não a vive. Apesar disso, não consegue viver sem criticar a quem bebe, pois precisa mostrar que conhece as leis morais do planeta (beber não é certo) para poder assim, ser reconhecido como uma pessoa boa...

É isso que Krishna fala neste texto. Ele fala que, apesar da ação dos gunas que criará no pensamento o sentido de criticar o outro (ele é um bêbado, não presta), o verdadeiro yogue busca raciocinar do ponto de vista sentimental: eu amo essa pessoa?

Não estou falando de amor humano, daquele que tem condições para existir. Estou falando do amor universal, aquele que é incondicional. Quando o ser humanizado ama universalmente alguém, o acolhe em seu coração sem críticas, bêbado ou são...

O amor universal não tem dualismos: existe numa hora e não existe na outra. Por isso, não importa se a pessoa deixou de beber, está bebendo ou já está bêbado, ele existe...

49. Ó Arjuna, qualquer obra que se cumpre movida pelo desejo é bastante inferior à que se cumpre com a mente não perturbada pelos resultados almejados. Portanto, refugia-te na Yoga do reto entendimento. Infelizes são aqueles que sempre se movem em busca de um resultado. (idem)

Por que a obra cumprida com desejo é inferior à outra?

Participante: Porque o ser imagina que é capaz de fazer alguma coisa, mas tudo já está escrito...

Sim, mas há outro motivo. Quem cumpre uma obra motivado pelo desejo encontra o quê como resultado?

Participante: O que ele esperava acontecer ou o que não esperava...

Certo... Agora, se ele encontra o que não esperava sofre, mas se encontrar o que esperava, ele terá felicidade. Como, então, Krishna fala que todos que se movem em busca de um resultado são infelizes? Porque esta felicidade que é encontrada por quem se move a partir de desejos é falsa?

Participante: Porque é uma felicidade baseada num desejo...

Sim, felicidade com tempo marcado...

A felicidade alcançada quando a realidade e o desejo são iguais é falsa porque é momentânea, relativa... Pela característica impermanente que a vida humana possui certamente a situação que hoje satisfaz os desejos irá mudar. Quando isso acontecer o ser humanizado sofrerá...

Por isso Krishna diz que não importa se você alcança o que quer ou não, é um infeliz... Ele fala assim porque sabe que, mesmo alcançando o que desejava, esta conquista será tão fugaz, tão rápida, que logo depois você sofrerá...

Por isso ele aconselha: refugia-se na yoga, no caminho reto. O que é refugiar-se? Proteger-se. Krishna, então, lhe aconselha a buscar amparo na yoga, porque o caminho reto lhe ampara, lhe protege. Do quê? Do sofrer...

Proteger contra o sofrimento: este é o objetivo do ensinamento de Buda, Krishna e de Cristo. Tudo o que os mestres ensinaram tem como objetivo proteger o ser humanizado da vida. Ou melhor, protegê-lo dos sofrimentos da vida.

Aquele que se refugia, que busca amparo na yoga, no caminho reto, jamais sofrerá, pois este caminho não conduz a uma intencionalidade. Por isso não lhe expõe ao prazer e a dor...

50. Quando alguém vivencia esta tranqüilidade mental, ainda que nesta mesma vida, liberta-se das noções do bem e do mal. Por conseguinte, consagra-te a esta Yoga. Karma Yoga significa habilidade na ação e ausência de propósitos pessoais. (idem)

Krishna fala algo interessante neste texto: a yoga ou caminho reto tranqüiliza a mente... O que é tranqüilizar a mente?

Primeiro: acabar com as dúvidas... O caminho reto, o caminho onde não há intencionalidade acaba com qualquer dúvida que o ser humanizado tiver sobre qualquer coisa. Ele não terá mais pensamentos investigativos sobre se é ou não é, se gosta ou não, se quer ou não.

Isso, por si só, já tira um peso imenso do ombro de vocês, pois passam o dia inteiro investigando as coisas. Investigam os acontecimentos do mundo para proteger suas verdades, seus conceitos, seu prazer. Agir assim traz uma perturbação mental, pois por mais que investiguem, não conseguem compreender perfeitamente o que está acontecendo. Não conseguem chegar a uma conclusão final sobre qualquer assunto. Por isso têm sempre que investigar mais...

Mesmo assim, tem horas que o ego diz que chegou a uma conclusão sobre o tema, mas aí vem a impermanência e transforma tudo... A partir desta ação da impermanência são obrigados a investigar novamente o assunto...

A segunda coisa que acaba com a ausência de intencionalidade é o medo. A yoga, o reto caminho, acaba com o medo, porque o ser humanizado não tem mais expectativas, desejos. Por isso não tem mais medo. O medo é o segundo grande peso que vocês carregam o dia inteiro: o medo de ser ferido, o medo de ser contrariado...

A dúvida que leva ao investigar constante e o medo do sofrimento são os elementos que transformam o viver em algo pesado, difícil, cansativo... A yoga traz a paz para a mente porque ela acaba com estes tipos de pensamentos.

Na hora que você vive a vida sem querer saber se quer ou não, se gosta ou não, ou seja, sem intencionalidade, a sua mente e os seus pensamentos ficam em paz: sem dúvidas e sem temores.

Participante: É possível alcançar isso?

Sim... Basta sempre perguntar a você mesmo: eu estou participando desta ação querendo ou esperando alguma coisa?

Participante: O problema é que sempre quero alguma coisa...

É contra isso que tem que lutar. Tem que lutar contra o seu querer e não entregar-se a ele, pois ele não é seu. O desejo, como nós já vimos no estudo dos ensinamentos de Buda, nasce como poluição adventícia, ou seja, como elemento material que serve como instrumento carmático para a sua reforma íntima...

Viver por viver e não viver para alguma coisa: esta é a realização do yogue... Mas, para isso é preciso voltar a raciocinar a vida e não simplesmente entregar-se às sensações criadas pelos gunas do ego...

51. O sábio dotado de entendimento está mentalmente tranqüilo, por isso se afasta dos frutos de suas ações; liberta-se dos laços que o pensamento forja a respeito do nascimento, crescimento e morte e vivencia um estado que está mais além de qualquer mal ou dano. (idem)

O grande pedaço deste trecho é: o sábio dotado de entendimento liberta-se dos laços que o pensamento forja a respeito do nascimento, crescimento e morte. Tudo o que pensou até hoje que é vida, deve ser alvo de uma libertação. Isso porque tudo o que pensou foi condicionado ao seu querer.

Em determinada época, viver para o ser humanizado é apenas brincar. Depois se transforma em realizar-se nos estudos para poder ter futuramente uma profissão e ganhar dinheiro. Mais tarde passa a ser vivenciar o casamento e a educação dos filhos. Liberte-se de tudo isso. Não coloque objetivos nas diversas etapas da vida, porque não nasceu para realizá-los.

Você não nasceu para realizar objetivos materiais, mas para realizar sua reforma íntima e alcançar a elevação espiritual. Para isso, é preciso que você se liberte destes desejos.

Na verdade, você quando encarnou tinha um único objetivo: ter estes desejos e provar a si mesmo que é capaz de libertar-se da ação deles... O ser humaniza-se justamente para provar a si mesmo que é capaz de libertar-se da prisão aos conceitos materiais que o ego cria ao longo daquilo que vocês chamam de vida carnal. Só que como diz o Espírito da Verdade, depois de encarnado sua forma de ver as coisas muda e por isso passa a desejar o que a mente cria como desejo.

Esta é o grande trecho deste texto. Com relação a acalmar a mente já havíamos conversado. Mas, esta informação foi novamente inserida porque não foi dito anteriormente que para se acalmar a mente é preciso haver a libertação destes objetivos padrões que se alteram ao longo da existência humana. É preciso se libertar das obrigações humanas que a sociedade cobra de cada um para poder ser considerado como um ser humano certo, bom...

Cristo ensinou assim: eu venci o mundo. Vencer o mundo é exatamente isso: vencer os padrões do mundo... Libertar-se dos padrões, das obrigações de ser, estar e fazer. É alcançar a mais pura liberdade: a liberdade ser você mesmo e não apenas um repetidor de padrões...

É isso que é o caminho da yoga. O resultado para quem trilha o caminho reto é a liberdade dos padrões e obrigações mundanos. Este não é mais atingido pelos elogios e críticas do mundo...

52. Quando a tua compreensão superar o valor dos conceitos ilusórios e do espelhismo que eles provocam, ficarás indiferente tanto em relação ao que já ouviste (memória) como ao que terá que ouvir (imaginação). (idem)

Da compreensão dos ensinamentos deste trecho surge uma palavra que temos usado muito: apatia, indiferença...

Aquele que alcança a elevação espiritual se torna apático, indiferente ao mundo. Ele não dá valor às coisas deste mundo porque ele sabe que, como Krishna diz, todas as coisas deste mundo são maya, ou seja, ilusão...

O yogue completo sabe disso. Sabe que tudo que ele acha e todos os desejos que têm são criados pela ilusão de estar, ser e fazer. Isso é que estamos ensinando...

A mesma ilusão que Krishna chama de maya, por nós é definida com outras palavras: o mundo é irreal, não existe. Nada do que você vivencia existe. Quando sair desta encarnação tudo isso ficará para você, espírito, num passado remoto, perdido... É só começar uma nova encarnação que tudo isso ficará perdido no tempo...

Vocês já tiveram notícias de espíritos que voltaram a reencarnar junto com os mesmos familiares de encarnações anteriores. Quando isto aconteceu estes seres não tinham a mínima consciência de já haver vivido junto com aqueles. Não possuíam a mínima consciência do sentimento familiar que em uma encarnação viveram tão intensamente como realidade...

O espírito que reencarna não tem a mínima noção do que fez em outras vidas. Mesmo que tenha notícias de coisas que foram realizadas em uma determinada encarnação que tenha vivenciado – refiro-me àqueles que viveram encarnações cujas histórias pertencem ao passado histórico do planeta – não sabe que foi ele quem fez... Isto porque tudo é ilusão...

Ter, ser, querer, fazer, o que disseram, o que você fez, o que deixou de fazer: tudo isso acaba com a morte. Por isso é ilusão... Somente Deus e o Universo são reais...

O ser precisa a partir desta consciência da ilusão do mundo ser apático ele. Só quando ele é indiferente ao mundo consegue ser atento ao Universo, à realidade espiritual...

53. Quando se aclarar o teu entendimento perplexo, por causa das mais diferentes opiniões vigentes e te estabeleceres n samadhi (ou na absorção espiritual, na vivência do Absoluto), somente então vivenciará a Yoga Suprema. (idem)

Foi o que acabei de falar: é preciso calar a mente perplexa para poder se concentrar em Deus...