Comunhão com Deus-Textos-2-Convivendo com Deus

Julgando Deus

Porque o bêbado não presta? O que leva o ser humanizado que pratica a ação de ingerir bebida alcoólica a ser tratado por vocês como um ser desequilibrado? A sua razão má criada, soberba e egoísta. É ela que diz que o bêbado não presta e quem não faz isso é uma pessoa boa.

Em uma reunião onde estava conversando com seres humanizados uma pessoa estava bebendo o tempo inteiro. Acontece que ele perdeu um pouco a timidez e fez diversos comentários, alguns sem propósito com o assunto que estávamos conversando. As demais pessoas que estavam assistindo ficaram horrorizadas com isso e começaram a criticá-lo. Vendo isso, eu aproveitei para lhes ensinar algo importante.

Se formos pensar dentro da lógica da razão humana realmente aquele ser humanizado não deveria estar ingerindo bebida alcoólica naquele momento. Afinal, estávamos numa reunião espiritual e as convenções humanas dizem que nestes acontecimentos devemos manter certo resguardo. Explorando esta razão humana perguntei: quem autorizou que houvesse bebida aqui dentro?

Depois do espanto inicial com minha pergunta, que foi feita propositalmente em tom mais elevado, as pessoas começaram a procurar um culpado para a presença da bebida. De repente encontram um, aquele que tinha sido o organizador do encontro, e o acusaram. Claro que respondi que ele não era culpado e completei: o culpado por ter autorizado a ingestão de bebida aqui foi todo aquele que bebeu...

Todos que naquele dia ingeriram bebida alcoólica autorizaram a presença dela no encontro. Aqueles que não ingeriram, não autorizaram. Tomar a decisão de beber é algo individual. Beber ou não num recinto é uma decisão de foro íntimo de cada um. A partir daí pergunto: quem é você para julgá-lo porque ele decidiu beber? Quem lhe deu procuração para ser o mantenedor da ordem que você acredita que precisa haver? Quem lhe nomeou juiz do mundo para julgar? Mais: quem disse que você está certo e que não se deve beber?

O que os seres humanizados não veem porque a razão má educada, soberba e egoísta não deixa é que quando julgam o outro, estão julgando o próprio Deus, pois tudo é emanação Dele. Sim, o bêbado, aquele ser nojento e asqueroso que está sempre nos bares e que vive caindo nas sarjetas é Deus Emanado. Como querem conviver com o Pai se ainda se julgam no direito de qualificá-Lo ao sabor de suas verdades? Onde fica o seu amor pelo próximo e a Deus acima de tudo se para amar alguém você precisa que ele esteja de acordo com o que acha certo? Muito longe de você neste momento, não é verdade?

Mas, vocês dizem que criticam e acusam quem não segue suas normas de conduta de vida por amor. É por amar ao próximo que você quer que ele deixe de beber. Isso é uma hipocrisia que a razão humana cria para poder lhe dar a sensação de ser melhor do que o outro. Vejam o que diz o Espírito da Verdade sobre o amor ao próximo:

“Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem” (pergunta 887).

Claro que para ainda lhes manter preso a ela, a razão vai dizer que o bem para esta pessoa é não beber. Mas, será que isso é real? Já não ouviram o ensinamento de Cristo que diz que amar o próximo é fazer a ela o que gostaria que fizessem a você? Se você gostasse de beber, será que gostaria que alguém ficasse enchendo o seu saco para parar? Será que se saboreasse uma bebida alcoólica ia ficar feliz se alguém lhe importunasse constantemente para parar? Claro que não. Assim como está se sentindo incomodado agora que estou dizendo que devem parar de perturbar quem gosta de beber, se tivessem este vício, também não iam gostar que alguém ficasse o tempo inteiro em cima de vocês para parar de beber. Portanto, deem ao outro o direito que querem para vocês.

Na verdade o amor que a razão diz existir neste momento é uma atitude tirana e não sublime. Quem insiste em críticas para que o outro pare de beber ou de fazer qualquer coisa que esteja dentro de seus padrões é como um tirano que quer impor ao próximo aquilo que quer para si mesmo. Este, na verdade não ama, mão é mesmo? Pelo menos não ama com Cristo ensinou. Pode amar como a razão humana diz que é certo, mas neste caso, não é amor, mas uma sensação que se submete a um sistema humano de vida, que quer ganhar e que quer preservar sempre suas verdades. Por isto esta sensação não pode ser qualificada de amor ao próximo.

Lembro-me que certa vez estava orientando pessoas que iam montar um grupo de atendimento a viciados em tóxico. A primeira coisa que disse as desorientou: quando alguém chegar aqui e disser que é viciado deem os parabéns a ele.

As pessoas ficaram desorientadas porque a primeira atitude quando uma pessoa procura ajuda é transmitir para quem busca a ajuda a ideia de que realmente está errada e que precisa se consertar. Mas, quem disse que eles estão errados? Eles apenas são viciados e não errados. O erro está na sua razão que não aceita o que eles fazem.

Além do mais, como querem ajudar se logo de início se colocam no pedestal de certo, de bom, de puro e conferem aos outros o título de mau, de perdido? O Espírito da Verdade ensinou assim:

“A verdadeira caridade é sempre bondosa e benévola; está tanto no ato, como na maneira porque é praticada”. (Pergunta 888a)

A bondade não deve estar apenas na ideia de ajudar, mas em todo atendimento. A benevolência precisa começar logo no primeiro contato. Por isso, quando alguém lhe procurar pedindo ajuda, ao invés de se colocar no papel de superior, o que conhece o certo e o errado das coisas deste mundo, seja bondoso e benevolente e o trate com respeito e simpatia, por ele e pelo que ele faz. Sem isso vocês vão sempre se deixar guiados pela razão mal educada e continuarão julgando o próprio Deus, já que estão julgando e criticando a manifestação Dele.