O buscador perfeito - texto

Impermanência da vida

Primeiro, o ser que busca a verdadeira felicidade precisa trabalhar na ideia de ser único; segundo, com ideia que este um se modifica constantemente. Por esse motivo, não precisa defender nem atacar nada do que é hoje. Amanhã ele será diferente: espere ele chegar, ao invés de querer mudar-se hoje.

Agora vamos ver outro ponto importante para alcançar a felicidade incondicional. Para isso, pergunto: o que em você muda? O que você existia ontem e que hoje é diferente? O que mudou?

Participante: a percepção de enxergar o crescimento

Enxergar o crescimento é um aspecto, estou falando em todos os aspectos da vida, inclusive o material. Você quando era novo podia sonhar em ter uma família, hoje pode nem quer nem saber de casamento, amanhã pode ser que queira novamente. Se isso acontecer, o que mudou em você?

Aquilo que lhe forma: suas posses, paixões e desejos. O você de ontem tinha uma posse, queria ser, estar ou fazer alguma coisa. O você de ontem gostava de algumas coisas, queria algo. Hoje não quer nem gosta mais daquilo ou nem quer fazer determinada ação.

Esta é a mudança que vai acontecendo com o ser humano ao longo dos anos: as suas posses, paixões e desejos vão se alterando. O que ele queria antes, agora já não tem tanta importância. Mais tarde pode não ter valor nenhum. O que planejava para a vida hoje pode lhe ser completamente indiferente. Amanhã poderá voltar a ser importante ou perder completamente a importância.

Esta percepção que pode lhe ajudar hoje a ser feliz consigo mesmo e com os outros, seja quem for. Por que?

Participante: nos ajuda a não se apegar nas coisas porque sabe que elas vão mudar mais à frente.

Não é só não se apegar que essa ideia lhe ajuda. Auxilia também a não lutar hoje por coisas que amanhã não vai querer ou será indiferente.

Quantas vezes já lutaram para defender algo que queriam e até conquistaram. Só que depois de conquistarem se perguntam: ‘para que lutei tanto por isso? Porque briguei tanto para ter isso? Porque sofri tanto? Por isso? Hoje não quero mais isso. Agora quero aquilo’. Pronto, coloca a conquista de canto e vai sofrer durante a batalha para ter o que agora é desejado.

Saber que você mudará e por isso a sua vida também ajuda a viver do jeito que é a cada momento sem entrar em guerra consigo mesmo.

Dessa consciência surge uma das grandes diferenças entre o espiritualista materialista e o espiritualista. O materialista faz guerra contra ele mesmo para ser outra coisa diferente do que é. Para viver outra razão, racional ou emocional, diferente da que tem hoje. O espiritualista não.

É o caso da moça que sofria por não ter um companheiro. Por causa do apego à esse desejo pode acabar pegando o primeiro que aparece e o futuro mostrar para que de nada adiantou ter alguém ao seu lado. Digo isso porque o que essa pessoa precisa é de companheirismo e não de uma presença física. Esse companheirismo não é fácil de encontrar.

Aliás, esse assunto é recorrente. Lembro de uma vez que uma moça me disse: ‘eu queria tanto um companheiro que desejo morrer só para Deus me colocar no colo’. Eu lhe respondi: ‘você diz que acredita em Deus, que quer Ele, mas eu lhe digo que por causa desse seu apegado à necessidade de ter um companheiro se aparecer um homem que lhe queira, se entregará prontamente. Se ele for ateu, por causa do apego, certamente renegará Deus, que diz amar tanto’.

Então, se o espiritualista pleno é aquele que aprende a conviver com a vida – os atos e a razão racional e a sentimental – em harmonia, sem lutar contra si ou contra o outro, é necessário que ele compreenda que aquilo que quer hoje não é o que irá querer amanhã. Que aquilo que ele certo hoje, não é o que achará certo amanhã. Para chegar a essa conclusão, basta ele voltar ao seu passado e observar o quanto mudaram as suas posses, paixões e desejos. Observar que aquilo que acreditava agora não crê mais; o que queria fazer, agora não quer mais.