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Para quem os ensinamentos?

Portanto, essa não é uma questão que você vai conseguir se lembrar sempre, como já foi dito hoje. Essa não é uma ideia que você vai ter, ao invés de ter a razão que tem hoje. Se isso acontecesse, estaria mudando a mente, e isso não pode.

Sendo assim, essa é uma questão para que? Para que você acha que nós estamos falando isso?

Participante: talvez para que cada um tenha uma placa de indicação conforme o senhor mencionou hoje.

Não.

Acabei de dizer: isso não vai mudar sua mente, ou seja, a partir de agora não saberá que a vida é só você, nem saberá que precisa vencer a si mesmo. Isso não vai estar presente no seu mundo mental a todo momento, não vai acontecer. Então, para que estou falando isso nesse momento, para que dezessete anos de trabalho?

Participante: boa pergunta.

Esta é uma questão que se vocês fossem realmente racionais ou se raciocinassem livre e espontaneamente deveriam se perguntar. Se nada disso vai mudar sua mente, porque ouvir isso?

A resposta é simples: para usar no momento de sofrimento.

Agir junto ao mundo mental no momento que o sofrimento chega não é a mesma coisa que mudar seu jeito de agir ou de pensar. Trata-se apenas de agir contra o sofrimento, sem mudar nada.

Tudo o que ensinamos é para que naquela hora que está sofrendo possa dizer a si mesmo: ‘sofrer é antinatural e eu não quero. Portanto, preciso sair desse estado, preciso me libertar dessa emoção.

Esta é a razão de todos os ensinamentos. Eles foram passados para serem usados no momento que o sofrimento for detectado. Eles devem servir como uma placa indicando o caminho para a saída no momento que soar a campainha da existência de um sofrimento gerado pela mente.

Eles não vão mudar o seu modo de pensar. Você continuará recebendo sofrimento da mente. Só que na hora que o sofrimento vier pode dizer a si mesmo: ‘eu tenho um jeito de acabar com isso’.

É esse é o nosso trabalho. Quem ainda espera que com um conjunto de ensinamentos vá mudar o seu jeito de pensar, de viver, de compreender a vida, fica perdido, pois na hora ‘h’ a mente não lembra dos ensinamentos. Como achava que devia reagir de uma forma diferente, sofre duas vezes: pelo acontecido e por não ter conseguido colocar em prática o que aprendeu.

Participante: e essa campainha dada pela mente, pela vida, toca de acordo com seu merecimento?

Não, esta campainha só vai soar na hora que realmente disser para si mesmo que não quer sofrer. Que não é natural e normal sofrer. Na hora que definir como objetivo da sua vida a vontade de não sofrer.

Participante: é aí que vem o merecimento, não é? Só quando você bate uma porta é que se abrirá outra.

Isso, o ensinamento de Cristo: bata que eu abrirei.

Enquanto você não colocar o não sofrer como objetivo primário da sua vida, vai sofrer quando o sofrimento vier. Quando colocar o para si como objetivo primário de vida não sofrer, mas colocar de forma consciente, de forma absoluta, a campainha toca. Naquele momento, reconhece que está em sofrimento e pode trabalhar usando os ensinamentos para poder afastar a dor.

Participante: mas, isso já aconteceu com a gente.

Com certeza já aconteceu algumas vezes. No entanto, tenho certeza também que aconteceu muitas vezes da campainha não tocar. Isso ocorreu porque naquele momento você estava vivendo com outros objetivos em vez do não sofrer.

Estava preso ao objetivo de fazer alguma coisa, de que o outro devia fazer algo, de conquistar alguma coisa, de se divertir, de provar que estava certo, etc. Estava ligado a diversos outros objetivos ao invés do não sofrer.