Reforma íntima - Textos - Volume 10

Identidade

Com os ensinamentos do capítulo anterior descobrimos que o ser humano é apenas um personagem criado para determinada etapa da vida do ser universal na qual ele, exercendo seu livre arbítrio, buscará abrir mão do seu individualismo penetrando na ação de Deus (amor universal). A partir disso, podemos definir o ser humano como uma identidade temporária que o ser universal assume.

Antes do nascimento, o ser universal projeta o personagem e assume essa identidade como “nascimento” para realizar suas provas. Essa identidade é transitória e só existirá enquanto o ser não se auto-reconhecer como universal, ou seja, limpar a sujeira que encobre sua verdadeira essência luminosa.

Como todo personagem, o ser humano é formado por alguns fatores. Um personagem é composto de uma história que vivencia, uma personalidade e uma forma física (corpo). Esse conjunto de fatores é individualizado com um rótulo: o nome. Esses são os fatores que formam o ser humano e são escolhidos pelo espírito antes do nascimento.

Tudo é fruto do livre arbítrio do ser universal antes da encarnação. Ele escolhe a sua história, a personalidade e o corpo físico conscientemente, buscando aproveitar ao máximo a encarnação para elevar-se espiritualmente.

“258a. Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo?” “Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar por que decretou ele esta lei e não aquela. Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das conseqüências que estes tiverem. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o do mal. Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi mal feito. Demais, cumpre se distinga o que é obra da vontade de Deus do que o é da do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós quem o criou e sim Deus. Vosso, porém, foi o desejo de a ele vos expordes, por verdes nisso um meio de progredirdes e Deus o permitiu”.

A história (acontecimentos), personalidade e o corpo físico são, portanto, fruto do livre arbítrio do espírito. A vida carnal do ser humano é escrita nos detalhes pelo ser universal antes da encarnação objetivando sempre a sua elevação espiritual.

Estes elementos são componentes da prova que o espírito vivenciará e a intenção sentimental que escolher (individualismo ou universalismo) determinará uma conseqüência (carma). Eles também formarão o “destino” do ser humano.

A Deus, como Supremo Administrador do Universo, compete apenas dar a cada um de acordo com as suas obras, ou seja, dar ao ser todos os elementos necessários para que ele possa, por méritos individuais, alcançar a elevação espiritual. O destino do ser humano, portanto, é definido pelo ser universal antes da encarnação e apenas administrado por Deus de acordo com o livre arbítrio sentimental que o ser utilizará durante a encarnação.

Escrever o seu “destino” é conhecido no planeta Terra como redigir o seu “livro da vida”. Dessa forma, livro da vida é a programação para uma existência ou encarnação, que o ser universal faz antes do “nascimento”.

No entanto, como a identidade não se resume apenas aos acontecimentos, escrever o livro da vida não é apenas programar acontecimentos, mas sim tudo o que se refere à encarnação do espírito. O conjunto da história, a personalidade, o corpo físico e o nome escolhido pelo ser universal compõem o livro da vida.

O corpo, as doenças, as propensões, os acontecimentos da vida, a personalidade, é tudo fruto do livre arbítrio do espírito antes do “nascimento”. Não existe nada de fatalidades, acasos, sorte ou azar na vida humana, mas apenas Deus dando ao ser universal aquilo que ele pediu antes da encarnação.