Comunhão com Deus-Textos-2-Convivendo com Deus

Gunas

Guna é um ensinamento do Bendito Senhor que diz respeito às qualidades do pensamento. Para este mestre, todos os pensamentos humanos são dotados de três qualidades básicas: rajas, tamas e sattva.

A qualidade rajas dá ao pensamento a ideia de gerar uma ação. Quando, por exemplo, você pensa que precisa fazer alguma coisa, este pensamento está imbuído da qualidade rajas. Sobre rajas, mais um detalhe: a ideia de não agir também é uma ação. Quando o pensamento lhe diz para não fazer nada, está lhe dando uma ação: o não fazer nada. Já quando o pensamento está fundamentado em tamas, a ideia é de omitir-se. Um pensamento fundamentado em tamas é aquele que não existe decisão do que fazer e por isso nada é feito.

Todas estas duas características são formadas por uma razão humana, já que como vimos a ação independe do ser humanizado, mas surge do faça-se da Causa Primária. Por isso Krishna fala a Arjuna:

“05 - Em realidade, ninguém fica inativo um instante sequer, porque os gunas ou as qualidades nascidas da prakiti (mente-ma¬téria ou natureza psicofísica) obrigam o homem a agir sem cessar”. (Bhagavad Gita, capítulo 3)

Por causa desta questão o Bendito Senhor orienta que o ser humanizado deve ter como qualidade de pensamento o sattva. A ação deste guna significa pensar com bondade. Quando um pensamento é formado com a qualidade sattva, ele, por exemplo, não acusa o vizinho de estar colocando a música alta, mas por amor ao irmão que mora na casa ao lado releva este fato.

Se observado com a razão humana esta forma de pensar, aparentemente teremos aqui um pensamento bondoso, mas Krishna fala mais a Arjuna a respeito deste controle dos pensamentos. Ele diz que depois que controlar a característica de agir (brigar com o vizinho) ou a de omitir-se (nada fazer) através da bondade, o ser humanizado deve novamente repensar este pensamento usando para isso a bondade a si mesmo. Ser bondoso consigo mesmo não é querer o bem material para si, não é querer ser admirado pelos outros, mas sim alcançar o expoente máximo que pode ser vivido nesta vida: amar a Deus sobre todas as coisas.

Eis aí, portanto, o resumo da Yoga, do reto caminho para se unir o material ao celeste. Chega a Deus aquele que consegue dominar os pensamentos gerados pela razão mal educada, soberba e egoísta aquele que consegue dominar a sua intenção de agir contra ou a favor de alguém ou de omitir-se durante os acontecimentos da vida por bondade. Mas, chega mais rapidamente aquele que troca a bondade pelo amor a Deus.

Lembro-me de uma pessoa que sempre me dizia: ‘é muito estranho esta coisa do relacionamento com Deus. O Senhor é algo que não sei o que é, que não conheço, que não compreendo, mas que amo profundamente’. Este é o ser humanizado que consegue comungar com Deus. É aquele que mesmo não conhecendo Deus, não compreendendo como e porque Ele age e ainda independente do que aconteça em sua existência perceptiva (carnal) O ama profundamente. Este O alcança e consegue comungar com o Pai, pois caminha no reto caminho.