Choque de realidade

É proibido proibir

Se tudo é vida e a vida é o que ela é, o que proibir? O que evitar? Do que fugir? O que mudar? Nada existe que não seja vida...

Quando a vida eu pensa que deve deixar de fazer uma coisa, isso é apenas a vida e não um desejo. Ao invés de querer deixar de fazer, viva o desejo de fazer, pois ele é a sua vida.

Quando a vida for querer evitar que alguma coisa aconteça nela, isso é apenas vida. Viva este momento como vida e não como acontecimento. Não tente evitar que alguma coisa aconteça, pois a vida será o que ela for.

Quando a sua vida for querer fugir de algo ou de alguém, viva intensamente isso, pois essa é a sua vida, a vida que cria o próprio eu. Não evite o fugir, mas viva-o com toda intensidade, pois esta vontade é você.

Para que mudar? Ou melhor: mudar do que para quê, se no fim das contas um e outro será sempre vida? Viva você, viva o que você é, pois se não fizer isso, continuará vivendo a vida e nada mais.

Não existe certo nem errado, pois a vida é sempre vida.

No texto anterior disse que a vida é uma tela onde se projetam as coisas que chamamos de vida. A projeção não é a vida, mas apenas uma projeção. O que é projetado não é nem a película, porque ela está dentro do projetor: é apenas a sombra que a luz cria sobre a tela.

A vida é a tela. E se isso é real, qualquer coisa que se projete sobre a tela continuará sendo sempre a tela.

Por isso é proibido proibir. É proibido querer mudar, evitar ou fugir. Viva tudo que acontece com você com a mesma gana que viveria o que quisesse que acontecesse. Não há nada a ser mudado, não há nada ser evitado ou do que possamos fugir.

Mas, se analisarmos mais a fundo, o próprio desejo de proibir também é vida. Se você não consegue evitar de querer criar o proibido, viva isso com a mesma intensidade. O que vale não é o que se faz, mas a intensidade com que se vive o que acontece.

Portanto, proíba tudo o que proibir e libere tudo o que liberar: nada depende de você mesmo, pois a vida vive por ela mesmo.