Unidade - Capítulo 1

Despedida de palestra

Reproduzir todos os áudiosDownload
Despedida de palestra

 Despedida do primeiro dia de palestras

Depois deste primeiro dia de conversas, talvez você já tenha compreendido o objetivo deste estudo: a destruição total de tudo aquilo que você acredita hoje.

Para isto falamos muito nos ensinamentos de Krishna (eu sou o atma, eu já sou tudo, já tenho tudo, sou imorredor), mas não pense que nos apegamos a este mestre. Falamos de todos eles, como, aliás, pode ser observado pelas citações.

A destruição dos valores humanos como instrumento da reforma íntima não é primazia apenas do mestre Krishna, pois o apóstolo Paulo nos ensinou: “Assim, quando o corpo mortal se vestir com o que é imortal e quando o que morre se vestir com o que não pode morrer, então acontecerá o que as Escrituras Sagradas dizem: a morte está destruída” – Epístola de Paulo aos Coríntios 1 – Capítulo 15 – Versículo 54.

A morte que Paulo cita é a própria vida carnal. É a ilusão de estar vivo que você vivencia como real, sendo que está morto para a Realidade. Quando o espírito consegue acabar com as ilusões morrendo para a materialidade e revivendo para o universo, acontece o que Paulo afirma: “a vitória será total - Epístola de Paulo aos Coríntios 1 – Capítulo 15 – Versículo 54”.

Esta vitória precisa ser alcançada e ela não pode ser de outra forma senão com a completa derrota dos valores materiais que você vive hoje. Isto Cristo nos ensina quando fala que sua santidade se deve pela sua vitória sobre o mundo.

No entanto, Paulo vai mais além: “escutem bem este segredo: nem todos vamos morrer, mas num instante todos nós vamos ser transformados num abrir e fechar de olhos, quando tocar a última trombeta. Ela vai tocar e os mortos ressuscitarão como seres imortais e todos seremos transformados. Porque o corpo mortal precisa se vestir com o que é imortal e o que vai morrer, precisa se vestir com o que não pode morrer” – Epístola de Paulo aos Coríntios 1 – Capítulo 15 – Versículo 51-53.

A reforma íntima, a destruição dos valores mundanos, não é uma questão de opção: todos terão que fazê-la um dia. Haverá uma hora em que, por mais que você se apegue às suas verdades terá que abrir mão delas e viver em harmonia com o Pai.

Por isto se apresse, porque “a quem tem sede darei água para beber, de graça, da fonte da água da vida. Quem conseguir a vitória receberá isto de Mim: eu serei o seu Deus e ele será o Meu filho. Mas os covardes, os traidores, os viciados, os assassinos, os imorais, os que praticam a feitiçaria, os que adoram ídolos e todos os mentirosos, o lugar deles é o lago de fogo e enxofre, que é a segunda morte” – Apocalipse – Capítulo 21 - Versículo 6-8.

Se a vitória total ocorrerá com o fim das verdades, não queira acreditar nestes ensinamentos, mas os utilize para duvidar de todos os outros que já possui.

Não queira criar verdades em cima do que digo por que ainda continuará “morto”, pois está vestido daquilo que é um dia se extinguirá: tudo aquilo que acredita como real.

Não se aprisione dando o título de verdadeiro ao ensinamento de ninguém, quer seja de um mestre ou de uma religião. Se fizer isso permanecerá na lista dos idólatras, traidores, assassinos e imorais que Cristo ensinou.

O ensinamento da reforma íntima não é primazia de nenhum mestre nem de nenhuma religião, mas apenas de Deus. Todos são e foram instrumentos do Pai para auxiliar os filhos que abandonaram o lar (o universalismo) para mergulharem-se no individualismo e não portadores de verdades próprias.

Portanto, apesar de Dattatreya se basear nos Vedas, ele não se refere apenas aos ensinamentos de Krishna, mas ensina sobre o conjunto daquilo que ensinaram todos os mestres.

Outra característica do ensinamento deste mestre é a ausência de definições relativas. Ele apenas cita o absoluto sem explicar o porquê aquilo é verdade. Age deste modo para que ao transmitir o ensinamento não se crie um novo maya, uma nova ilusão.

Dattatreya sabe que se ousasse explicar o inexplicável (o absoluto que somos) estaria servindo de instrumento para a geração de novos mayas, ou seja, de novas compreensões que deturpariam o ensinamento. Isto não garantiria a vitória total a seus seguidores.

Aqui tivemos que fazê-lo. Por estarmos operando junto a espíritos que vivenciam a razão humana mais do que a espiritual como são os ocidentais, nós tivemos que ‘explicar’ os ensinamentos do mestre. No entanto, estamos tomando a precaução de declarar sempre: não queiram compreender e se fizerem isto não se apeguem a compreensão como verdade.

Sabemos que aqueles que, ao longo da caminhada universal, receberam o ensinamento sobre o maya através da criação de novas ilusões, ou seja, de um raciocínio lógico material, não venceram nada. Simplesmente mudaram de criações fantasmagóricas como Krishna chama o maya. No entanto, isto foi preciso neste momento.

Apesar de nossa forma de agir (explicando os ensinamentos) o objetivo deste estudo não é gerar ou criar verdades novas. O objetivo não é construir nada, mas derrubar, tijolo por tijolo, o prédio das suas verdades que você construiu ao longo desta existência carnal.

Quem quiser compreender racionalmente o que eu digo, jamais conseguirá compreender o que eu digo. Vai criar um maya, uma compreensão que é só sua. Portanto não transforme o que eu falo em verdade, mas use o que eu ensino para matar toda verdade que você tem.

Guardada as devidas proporções eu poderia dizer que “não vim trazer a paz, mas a espada”. Não vim construir um mundo novo, mas destruir o seu mundo velho.

Esta é a minha missão; este é o meu trabalho; este é o trabalho do exército de Maria, o exército da Regeneração, porque o nosso inimigo é você, o ser humanizado, o espírito que vive o maya com a ilusão de que ele é verdade.

Que vocês fiquem na paz de Deus, sem querer saber que paz é esta, quem é Deus ou como é viver nela, pois senão estarão apenas nos seus mayas.