O nobre caminho

Descoberta das raízes do sofrimento

Somente depois que o ser compreender que toda a sua existência é um sofrimento poderá alterar a utilização dos seus Cinco Agregados. O primeiro passo para se alterar essa utilização é a descoberta das raízes do sofrimento.

“Aqui, monges, está a Nobre Verdade da causa do sofrimento. O desejo de nascer de novo, o deleite em nascer de novo, o apego aos prazeres encontrados nisso ou naquilo. Uma necessidade premente de gozar dos prazeres sentidos, de se tornar algo ou de não se tornar”. (Samyutta Nikaya V 20)

No discurso Girando a Roda do Dharma, o Buda nos fala de algumas causas do sofrimento. Todas elas são baseadas no desejo individual, na verdade relativa que o ser nutre. Falamos muito desse assunto até agora, mas ainda não abordamos o tema profundamente.

Existe nos dias atuais uma procura pelos seres encarnados da promoção de suas reformas íntimas. Parte dos que estão buscando processar a sua alteração já compreenderam que não podem julgar os outros ou se ferir pelos acontecimentos. No entanto fazem isso com resignação e não com ação.

A busca da reforma íntima hoje não passa pelo fim das verdades individuais, mas apenas pela resignação quanto ao direito do outro utilizar suas verdades. Os seres procuram não reagir quando são se sentem atacados, mas acusam sofrimentos nesses momentos. Resignar-se é sofrer o seu sofrimento sem se revoltar contra Deus.

A reforma íntima tem sido buscada apenas com a não revolta contra os atos que os outros praticam, mas ainda com a geração de formações mentais (raciocínios) que condenam os atos praticados. No entanto, Jesus nos ensinou que não é preciso adulterar para pecar, mas apenas desejar já fará com que o ser quebre a lei de Deus.

O sofrimento que o ser sofre mesmo sem condenação externa já é um ato que fere a Lei de Deus. Não adianta apenas não punir, sofrer já é uma quebra ao mandamento divino, pois o ferimento expressa um não amar a Deus acima do que está acontecendo.

Quem ama sempre estará feliz e por isso mesmo que o ser não expresse sua contrariedade contra a ação do outro estará individualizando a situação. A reforma íntima tem que ser baseada na ação sobre o acontecimento. Essa ação tem que espelhar o amor que o ser tem por Deus e pelo próximo. Assim, a reação que expresse sofrimento não leva à elevação espiritual.

Se compararmos a vida do ser com uma árvore, a resignação aos acontecimentos, pessoas ou objetos é como uma poda. O ser apenas retira excessos, mas o cerne que impede o desenvolvimento permanece ativo. Esse cerne nós chamaremos de raízes do sofrimento.

Para que o ser elimine o sofrimento alcançado pela quebra de sua vontade individual é preciso que ele arranque fora essas raízes para que elas não continuem nutrindo a vida nos próximos momentos.