Carmas humanos - Texto

Culpados

Agora vamos falar na interação com as pessoas nos acontecimentos com as pessoas. Este é o ponto fundamental da elevação espiritual.

A interação com os objetos de uma forma que se promova a elevação espiritual, ou seja, conviver com as coisas fora do lugar mesmo ainda tendo padrão de certo e errado, é relativamente fácil: basta apenas você vencer a si mesmo. Quero ver é conviver equanimente com as pessoas que deixam os objetos fora do lugar. Isto porque no primeiro caso vocês ainda se imaginam como autores da nova forma de viver, mas neste caso existe um instrumento externo que age contrariamente aos seus desejos. Um inimigo lhe atacando.

Vocês podem até aprender a conviver com as coisas fora do lugar, mas quando são vocês mesmo que as deixam fora do lugar. Quando o outro é o instrumento do deixar não sabem conviver na equanimidade com isto. Caem no sofrimento, na depressão, na acusação e no julgamento.

Isto porque determinam que o outro é um inimigo, está ali para atacá-los. Imaginam que ele deixou o objeto fora do lugar como uma provocação, por desatenção. Ou seja, atribuem a ação do outro uma intenção que tenha como objetivo feri-los. Agem desta forma porque imaginam que estão convivendo com pessoas, ou seja, com elementos que podem agir livremente, fazer o que querem. No entanto, como já vimos, por trás daquela pessoa existe um espírito.

Na verdade, aquela pessoa é apenas uma programação de vida que um espírito fez para vivenciar os seus carmas e que Deus, pela interação dos elementos universais, fez vivenciá-los junto com vocês, porque esta era a ação carmática que precisavam. A pessoa com quem vocês estão convivendo é um instrumento de Deus para o seu carma. Portanto, não foi a pessoa que deixou a coisa fora do lugar, mas a ação dela foi comandada por Deus e por isto podemos afirmar: foi o Pai que deixou a coisa, não no lugar errado, mas onde deveria estar.

Esta é a compreensão que o ser espiritualizado deve ter das ações alheias: ‘Ele não está fazendo nada, é um instrumento para que o carma seja criado e eu possa vivenciá-lo’. Sendo assim, não existe ninguém errado, bonito, feio, certo, limpo, sujo, arrumado ou desarrumado: existem instrumentos precisos para as ações carmáticas de vocês, instrumentos perfeitos para os seus carmas.

As pessoas, então, nunca estão certas nem erradas de fazerem o que fazem, pois elas não agem, mas Deus age através delas para lhes servir, mesmo que façam o que vocês não gostem ou não queiram. Aliás, justamente quando agem desta forma estão lhe servindo mais, pois estão lhes expondo as verdades que vocês precisam vencer.

Quando Deus faz uma pessoa deixar a coisa fora de lugar, cria esta ação carmática, está lhe avisando: ‘filho, você ainda acredita no lugar certo que o seu ego está lhe propondo. Vença isto’.

Desta forma, vocês precisam interagir com as pessoas do mundo sabendo que elas são simplesmente instrumentos dos seus carmas e que, por isto não poderiam agir de forma diferente do que estão agindo. As pessoas não poderiam fazer outra coisa além do que estão fazendo. Por quê? Porque é o carma de vocês vivenciarem aquilo. Só isto. Ou seja, esta pessoa é apenas portadora daquilo que vocês merecem e precisam para a sua elevação espiritual.

Portanto, se existe um culpado de aquilo estar acontecendo são vocês mesmos. Vocês, com suas opções sentimentais anteriores (vivenciarem os acontecimentos na equanimidade ou na dualidade do prazer e dor) geraram a necessidade de Deus fazer com aquele a pessoa agisse desta forma. Por isto ela não merece castigo, não merece a culpa, o julgamento.

Desta forma, ao invés de vivenciarem como hoje os acontecimentos, crer naquilo que o ego diz (ele é o culpado, ele deixou a coisa fora do lugar), compreendam que o único causador daquele momento existir foram vocês mesmos anteriormente. Ou seja, vocês criaram o efeito através de uma determinada causa.

O único responsável por estar acontecendo tudo aquilo é você mesmo. O outro é um mero instrumento necessário para ação carmática: alguém teria que criar a ilusão da situação para que a sua prova espiritual existisse, ou seja, fazer o que você merecia e precisava receber.

Vocês perdem este tempo (o momento que a ação carmática está acontecendo) julgando o próximo ao invés aproveitá-lo louvando a Deu. Isso se faz alcançando a consciência de que geraram a necessidade daquela situação e que agora querem criar uma causa diferente para as suas próximas ações carmáticas permanecendo equânimes. Ao invés de buscarem a união com o Perfeito, ficam criticando o próximo, acusando-O, xingando-O. Mas, se vocês não merecessem participar daquela ação específica isto nunca ocorreria na vida de vocês. Portanto, tudo que se sucede na vida de vocês não tem um gerador externo: é gerado por vocês mesmo em momentos anteriores.

Então, como se relacionar com as outras pessoas? Primeiro, sabendo que eles não são culpados de nada. Segundo, que são instrumentos de Deus para lhes transmitir os seus merecimentos, que não são bons nem maus, pois já anularam suas verdades anteriores, mas a justa colheita daquilo que foi plantado.

Mas, mais do que isto. O próximo deve ser louvado, amado, exatamente por estar servindo de instrumento para a sua elevação espiritual. Por isto Cristo ensinou:

“Vocês sabem o que foi dito: ‘ame os seus amigos e odeie os seus inimigos’. Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês para que vocês se tornem filhos do Pai que está no céu. Porque Ele faz o sol brilhar sobre os bons e os maus e dá a chuva tanto aos que fazem o bem como aos que fazem o mal. Se vocês ama somente aqueles que os ama, por que esperam alguma recompensa de Deus? Até os cobradores de impostos amam aqueles que os amam! Se vocês falam somente com seus amigos, o que é que fazem de mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos em amor, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu” (Mateus, 5, 42)

Portanto, se alguém fala que vocês não prestam, não é esta pessoa que está falando isto. É Deus que está lhes propondo um carma, pois vocês serão felizes (elevados espiritualmente) quando os insultarem, perseguirem e dizerem todo tipo de calúnia contra vocês (Mateus, 5, 11), por serem seguidores de Cristo, ou seja, vivenciadores de ações carmáticas de forma equânime.

Esta é a forma de viver, de interagir com a ação carmática que é produzida por Deus através dos Seus instrumentos: as coisas do mundo.