Crise de segurança

Crise de segurança

16. Saindo da insegurança

A segunda crise que vocês estão vivendo hoje é a insegurança física.

Quem mora em grande cidade, então, sabe muito bem disso. Sai de casa hoje sem a certeza de que vai voltar. Quem mora em cidades onde existem guerras, não sabe onde a bomba vai cair. Não têm o direito de reclamar porque as passeatas acabam em distúrbio. Mesmo ficando em casa quieto, não sabe se vai ser acertado por uma bala. Essa insegurança física causa medo, aterroriza.

E aí, como sair disso? Como viver em paz quando o mundo está desse jeito

Participante: sabendo que só vai acontecer o que tiver que acontecer.

Continue pensando assim que você vai continuar com medo.

Participante: eu usei isso porque eu moro em São Paulo. E na zona sul da minha cidade a coisa é barra. Aí, eu saio pensando: “nada vai me acontecer que seja diferente do que vai acontecer”.

Graças a Deus deu certo até hoje. Quando não der, vai ser uma vez só. Você não vai ter tempo nem de lembrar que não deu.

E aí, como deixar de ter esse medo de que de repente aconteça uma guerra, uma revolução, que você tome um tiro no meio da rua do nada, apenas por causa de uma discussão no trânsito? Como acabar com essa insegurança?

Participante: seria aquilo de ser apegado ao humano, apegado ao corpo?

Sim, mas você é, não adianta. Isso não vai conseguir mudar.

Participante: ah, então é eu continuar com medo e pronto, fazer o que?

Continua sofrendo.

Essa insegurança vai aumentar. Os aviões vão continuar caindo, os ônibus vão continuar batendo, os bandidos vão aumentar cada vez mais, as guerras nos países vão continuar aumentando, os atos terroristas vão acontecer muito mais.

Participante: viver com mais simplicidade?

Viver com mais simplicidade não adianta nada.

Vou dar uma dica. O segredo para sair de qualquer coisa é ser a formiguinha que constrói o que você quer. Esse é o segredo.

Como é que você sai dessa insegurança, desse medo? Simples: você quer paz? Dê paz aos outros.

Participante: não fomentar a guerra, não é?

Não, não é só não fomentar a guerra. É começar a dar a paz.

Você discute em casa com sua mulher: briga, guerra. Ela sai nervosa, vai brigar com três na rua. No trabalho esses três vão brigar com dez. O pior é que para você a culpa do estado emocional dos dez é deles e não sua. Mas, não é.

A insegurança que você vive não é culpa dos outros, mas sua. É você que semeia discórdia pelo mundo. Quando ela retorna, é apenas um reflexo do que você plantou.

Você quer viver em paz, quer acabar com esse medo? Dê paz aos outros. O que estou falando é que deve parar de entrar em disputa por território, por bens, por razões.

Me lembro de outra história interessante:

"Um famoso senhor com poder de decisão gritou com um diretor da sua empresa, porque estava com ódio naquele momento.

O diretor, chegando a casa, gritou com sua esposa, acusando-a de que estava gastando demais. Sua esposa gritou com a empregada que quebrou um prato.

A empregada chutou o cachorrinho no qual tropeçara.

O cachorrinho saiu correndo e mordeu uma senhora que ia passando pela rua, porque estava atrapalhando sua saída pelo portão.

Essa senhora foi à farmácia para tomar vacina e fazer um curativo e gritou com o farmacêutico, porque a vacina doeu ao ser-lhe aplicada. O farmacêutico, chegando a casa, gritou com sua mãe, porque o jantar não estava do seu agrado.

Sua mãe, tolerante, um manancial de amor e perdão, afagou seus cabelos e beijou-o na testa, dizendo-lhe:

-"Filho querido, prometo-lhe que amanhã farei os seus doces favoritos. Você trabalha muito, está cansado e precisa de uma boa noite de sono. Vou trocar os lençóis da sua cama por outros bem limpinhos e cheirosos para que você descanse em paz.

Amanhã você vai se sentir melhor."

E se retirou, deixando-o sozinho com os seus pensamentos.

Naquele momento, rompeu-se o círculo do ódio, porque se deparou com a tolerância a doçura, o perdão e o amor”.

Enquanto alguém não cortar o ciclo de guerra, a paz jamais existirá.

17. O agente carmático

O que estou querendo dizer é que deve dar ao bandido o direito de roubar. Se fizer isso, não terá medo dele. O bandido tem o direito de lhes roubar e até matar. Sabiam disso?

Participante: e eles acham isso tão natural, não é?

Não, não estou falando do que eles acham. Estou dizendo que têm o direito de lhe roubar, sabiam disso?

Participante: por que?

Porque eles nasceram para isso. Eles nasceram para seres assaltantes e vocês que são roubados nasceram para viver isso.

Eles são agentes carmáticos. Ninguém é roubado se não merecer ser roubado, se isso não fizer parte do gênero de provas pedido antes da encarnação.

Cristo fala uma coisa interessante. Vocês já repararam que o sol nasce para o bom e para o mal? Quando diz isso quer dizer que aos olhos de Deus não há diferença entre um bandido e um santo, um honesto. Porque para todos é dada a mesma oportunidade. Que oportunidade? A de viver a sua ação carmática que servirá como instrumento para a elevação espiritual.

Por isso digo: dê paz aos bandidos. Quanto mais se revolta com ele, mais aumenta a revolta nele. Quanto mais age contra o seu inimigo, mais fomenta nele o querer se vingar de você.

A instabilidade da segurança, não passa só em confiar em Deus. Passa em começar a plantar a paz com todos. Na hora que a paz com o seu próximo, eles vão plantar com outros e assim a felicidade cresce.

Me lembra outra história:

Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita. Acontece que essa menina frequentava as aulas da escolinha local no mais lamentável estado: suas roupas eram tão velhas que seu professor resolveu dar-lhe um vestido novo.

Assim raciocinou o mestre: é uma pena que uma aluna tão encantadora venha às aulas desarrumada desse jeito. Talvez com algum sacrifício, eu pudesse comprar para ela um vestido azul.

Quando a garota ganhou a roupa nova, sua mãe não achou razoável que, com aquele traje tão bonito, a filha continuasse a ir ao colégio suja como sempre, e começou a dar-lhe banho todos os dias, antes das aulas.

Ao final de uma semana, disse o pai: Mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more num lugar como este, caindo aos pedaços? Que tal você ajeitar um pouco a casa, enquanto eu, nas horas vagas, vou dando uma pintura nas paredes, consertando a cerca, plantando um jardim?

E assim fez o humilde casal. Até que sua casa ficou muito mais bonita que todas as casas da rua e os vizinhos se envergonharam e se puseram também a reformar suas residências.

Desse modo, todo o bairro melhorava a olhos vistos, quando por isso passou um político que, bem impressionado, disse: É lamentável que gente tão esforçada não receba nenhuma ajuda do governo”. E dali saiu para ir falar com o prefeito, que o autorizou a organizar uma comissão para estudar que melhoramento eram necessário ao bairro. Dessa primeira comissão surgiram muitas outras e hoje, por todo o país, elas ajudaram os bairros pobres a se reconstruírem.

E pensar que tudo começou com um vestido azul.

Não era intenção daquele simples professor, consertar toda a rua, nem criar um organismo que socorresse os bairros abandonados de todo o pais. Mas ele fez o que podia, ele deu a sua parte, ele fez o primeiro movimento, do qual se desencadeou toda aquela transformação.

É difícil reconstruir um bairro, mas é possível dar um vestido azul.

18. Viva amor, não a guerra

Essa é a forma de você conviver com a segunda crise.

Cada vez que sai uma reportagem atacando os terroristas, mais eles querem aterrorizar. Por que? Porque você fez guerra a eles.

Um detalhe: não estou dizendo que é certo o que eles fazem, não estou dizendo que se deve degolar os outros. Não é isso o que eu estou querendo dizer. O que estou afirmando é que você precisa entender que isso faz parte de um momento que o mundo inteiro vive. Para que ele vive isso agora? Para que vocês aprendam a ver escândalos sem escandalizar.

Participante: internamente.

Internamente, calar em você a revolta contra ele.

Participante: na boca não tem problema.

Na boca, não tem problema. Estou, como sempre falando de mundo interno. No seu íntimo não deve emitir raiva contra eles, pois na hora que faz isso, espiritualmente falando, sabe o que está fazendo? Alimentando-o energeticamente.

Participante: quando você disse vamos à luta, seria uma luta como Gandhi fez, em paz?

Isso: uma guerra sem raiva.

Eu costumo dizer que Gandhi não foi um pacifista, porque fez guerra contra a Inglaterra. Só que ele lutou verbalmente sem raiva. Lutou pelo ideal dele, mas sem para isso precisar atacar o outro.

Participante: mas ele tinha aprendido a se harmonizar...

Você também precisa se harmonizar.

O se harmonizar, nesse caso, é assumir o comando de suas emoções durante a vida. Ou seja, não deixar o terrorista, o bandido, o assaltante, o policial que bate e mata, comandarem as suas emoções. Esse é o harmonizar que Gandhi e outros alcançaram.

Participante: eu ia falar que agente critica a guerra, mas a alimenta. Alimenta no sentido energético.

Você critica a guerra e não entende que ao criticá-la, faz guerra.

Não estou falando apenas em não criticar, mas sim em entender que você faz guerra. Quando diz que um bandido não presta, está assaltando-o, está guerreando contra ele.

Volto a repetir: não estou aqui dizendo que a violência deve ser feita. Não. Estou constatando que a insegurança física existe e que nenhum de vocês, não só os que estão aqui, nenhum de vocês no planeta vai conseguir acabar com ela. Por isso, é preciso aprender a conviver com o que existe

Vocês querem um exemplo de que isso não acabará? Já prestaram atenção no tamanho do grupo de terroristas? Já viram o tamanho dos Estados Unidos, seu alvo preferencial? Não seria óbvio pensar que um dia aquele país conseguiria acabar com eles? Por que não acaba? Porque não é para acabar. Porque não está no plano do planeta acabar com aquilo.

O terrorismo precisa existir. Por que? Porque faz parte do processo de transição, da mudança de sistema de vida que ocorrerá no planeta. É o fim de um sistema de vida onde você se acha no direito de ferir o outro para conseguir o que quer. Isso é guerra, mesmo que julgue que é justo ferir.

Portanto, o terror não vai acabar; isso não vai mudar. E se não vai acabar, se não vai mudar, vocês, que estão vivendo esse momento, precisam descobrir uma forma de passar por isso sem sofrer. E a forma de passar por isso sem sofrer é deixar de fazer guerra a quem faz guerra.

Ele quer fazer guerra, que faça. ‘Ah mas vai matar soldado porque o presidente quer guerra’? Vai, porque aquele soldado nasceu para morrer naquele momento daquela forma. Por isso, não aceite qualquer justificativa da sua mente para alimentar a energia da guerra, da luta, de querer impor a sua vontade.

19. As guerras diárias

Da mesma forma que falamos sobre as críticas ao governo, o alimentar a discórdia não vale só com relação aos bandidos: vale também para quem está ao seu lado no dia a dia. Quando você na sua vida diuturna quer provar que está certo em alguma coisa não vê, mas abre guerra com o outro para poder dominar ele. Ela é a mesma que os terroristas fazem e causa o mesmo sofrimento, pois a energia que gasta para alimentá-la é a mesma: o egoísmo.

Ontem me perguntaram sobre o natal, sobre o portal que se abre nessa época. Ele é uma grande oportunidade de você declarar não quer mais viver desse jeito. De mostrar a sua intenção de começar a assumir o controle da sua vida. É o momento de buscar se harmonizar, ou seja, não deixar essa sensação de ter que lutar com o mundo, de ter que mudar o mundo lhe dominar. É uma grande oportunidade de começar a dar paz aos outros. Aí, dando paz aos outros, a paz se estabelece em você.

Participante: uma coisa que eu recordei também, que essa paz que a gente as vezes dá às pessoas que estão ao nosso lado acabam gerando nelas raiva.

Veja, ele pode até ter raiva, mas se você está em paz, essa raiva não vai para frente. Você positiva o que vem negativo.

Quando você está em paz e o outro tem raiva, como fonte emissora da paz, positiva a energia da raiva que vem dele. O problema é que hoje ele tem raiva e você também. Aí vocês vão retroalimentando cada vez mais essa raiva, cada vez mais, cada vez mais, e não conseguem sair dela. Isso leva você ao sofrimento.

Participante: por exemplo, os terroristas. Quando chega um amigo e senta do lado e começa a falar que tem que matar os terroristas, acabar com tudo, e você não está nem aí para o assunto e por isso concorda com ele, está alimentando a raiva?

Se você não está nem aí, não. Agora, se internamente passa a viver aquela raiva que ele está emanando naquelas palavras, sim, passa essa raiva para frente.

Eu contei agora pouco uma estória que fala de um brigar com o outro. É isso: é preciso quebrar o ciclo de raiva, de beligerância. Só que ao invés de quebrarem o ciclo, brigam cada vez mais, para poderem ter razão.

E querem que a guerra acabe. Impossível.

Participante: é como na televisão, nesses programas...

Junto com a televisão vem a raiva da televisão.

Participante: quando os outros vêm falar coisas com a gente, dizendo o que a temos que fazer?

Dê o direito a ele de impor, mas também dê a si o direito de fazer ou não.

Ele quer impor algo? Quer. Então, está certo, ele que fale o que ele quiser. Agora, seja o que for que ele disser, você não deixe mexer dentro de você. Continue com a sua paz.

Pouco importa se vai fazer o que foi imposto ou não. O que não pode acontecer é deixar o que ele faz dominar seu mundo interno, ou seja, fazer você viver com raiva dele.

20. Responsabilidade

Que silêncio, não. Acho que a conversa está pesada para vocês. Por que? Porque eu estou pondo a responsabilidade nas suas mãos. Isso assusta.

O peso que estão sentindo é o de saber o seguinte: ‘que idiota que eu sou! Eu posso ser o dono do mundo, do meu mundo, e entrego o poder na mão de outro’. Pensando isso, a mente pode lhe levar a criticar-se. Ao invés disso, mude-se. Não abra guerra contra si mesmo: é melhor.

Essa é uma verdade que vocês precisam entender. Ninguém é capaz de fazer nada contra você se não deixar eles fazerem. Nem mesmo a sua mente. Se entregar aos outros ou à sua mente o comando da sua vida, você vai ter que viver o que eles disserem para viver. Ter consciência desse poder assusta.

O mais novo aqui já tem no mínimo uns trinta anos. Até hoje viveram colocando a responsabilidade pelo que vivem na mão do outro: ‘eu sofro porque o mundo é assim, sofro porque o governo não cuida da saúde, sofro porque tenho medo do bandido’. Até hoje sempre acharam um culpado. Agora, descobriram que a única culpa, se houvesse, era de vocês mesmos.

Culpa do que? Culpa de não ter crescido. Muitas vezes são velho de cabeça branca, mas ainda são crianças. Esperam que a vida traga balinha todo dia. Esperam que a vida faça tudo de bom por vocês. Quando não faz, choram: ‘ai, a mamãe não trouxe balinha, que coisa horrível’.

Quando é que vocês vão crescer? Quando é que vocês vão poder dizer ‘eu ajo maduramente com a vida’, ao invés de viverem de uma forma infantil, culpando Deus e o mundo pelo que deixam os outros fazerem consigo?

Participante: seria usar a inteligência emocional?

Eu já falei de diversos trabalhos que podem ser executados para realizar isso: conciliação, inteligência emocional. Aliás, tudo o que falamos nos últimos dezesseis anos está presente aqui agora. Não há nenhuma novidade.

Sabe, o que estou dizendo é que devem assumir: eu faço o que quiser. Não fazer em atos, mas ser. Precisam assumir-se e serem quem quiser, ao invés de deixar os outros dizerem o que devem viver.

Participante: mas isso não causa guerra entre o casal, marido e mulher?

Não, se você o que quiser, mas deixar o outro ser quem ele quer, isso não causa guerra. Ela vai se iniciar apenas quando você for o que quiser e querer que o outro seja também como você quer.

Participante: então, eu posso ser o que eu quiser e a mulher...

Você pode ser o que quiser e pode deixar sua mulher ser o que ela quiser. Só que, nesse processo, não pode viver o sonho de que, na hora que ela for o que quer, vai ser quem você quer que ela seja.

O problema dos casais é que você quer ser quem quer, mas quando o outro quer ser ela quer, você não deixa. Ai, há guerra. Essa guerra, no entanto, não existe porque você quer ser quem quer. É porque quer que ela seja quem você quer que ela seja.

Participante: quando eu faço as minhas coisas, não queria que ela ficasse brava comigo. Queria que aceitasse.

Você está guerreando contra ela. Está lutando para que ela lhe aceite.

Ela é de reclamar do que você faz? Ela é assim. Se quer ser livre, dê a ela a liberdade de reclamar. Isso faz parte da paz.

Vou usar um exemplo chulo: o homem que gosta de sair para beber e não deixa a mulher sair de casa. Por que?’ Porque eu sou homem, tenho esse direito, ela é mulher, não tem’. Quem pensa assim é uma criança que acha que pode dominar o mundo.

21. Maturidade

Vocês estão entrando na adolescência ...

Participante: na pré-adolescência.

Isso. Estão naquele momento em que descobrem que podem fazer fora de casa sem a sua mãe ver o que quiserem. Livres dos olhos da mãe imaginam que são capazes de fazer o que quiserem.

São adolescentes porque a criança pequena não age assim. Mesmo fora do olhar da mãe, não fazem o que ela não quer. Mas, quando começam a se assumir como homem ou mulher, a pré-adolescência, começam a fazer o que quer.

Se imaginam que podem fazer o que querem, podem acabar com todo o sofrimento, com toda essa insegurança. Só que para isso precisam amadurecer mais. A diferença entre o adolescente e o homem maduro é que ele sabe que pode fazer o que quer, mas mede o que faz para não causar prejuízo a si mesmo.

Uma das características do ser maduro é que ele tem a consciência de que quando ganha um direito gera para si o que? Um dever, uma responsabilidade. O ser maduro sabe que recebe sempre o retorno de acordo com o que ele faz.

Participante: está ciente da lei, não é?

Não, não estou falando da lei.

Estou falando de amadurecer e dizer a si mesmo: ‘eu posso assumir o controle da minha vida, posso fazer o que quiser, mas tenho que dar a minha mulher o mesmo direito’. Quando assume isso sabe que se quiser se impor e não deixa-la sair corre o risco de ela ir embora.

É disso que estou falando. O ser maduro assume uma responsabilidade que traz consigo o fim da ilusão de que ele será o centro do mundo. O fim da ilusão de que os outros precisam lhe respeitar, mas você não precisa respeitá-los.

O ser maduro assume a si mesmo, toma o controle dele, mas não toma controle dos outros e nem vive a ilusão e a fantasia que o mundo será um biquíni amarelinho com bolinhas cor de rosa. Ele sabe que o assumir a sua liberdade tem um preço.

O preço é muitas vezes fazer o que não gosta, aquilo que lhe incumbiram de fazer, sem reclamar. Abrir mão do que gosta para poder ter paz. O ser maduro sabe que precisa viver essas coisas ao invés de ficar achando que vai sempre fazer o que gosta. É por isso que a conversa está pesando.

Tem gente que diz assim: ‘era mais fácil quando eu achava que ia morrer e ia tocar harpinha nas nuvens ou vivendo numa cidade espiritual’. Sim, viver a ilusão de que essa vida pode ser feita apenas do que gosta é mais fácil, mas não leva à felicidade.

Era muito mais fácil quando vocês achavam que ao concederem a si mesmo a maturidade, o mundo lhes respeitaria e diria: ‘oh nobre senhor, me diga o que posso fazer para lhe agradar’. Isso não vai acontecer: a vida sempre estará cobrando de você a sua maturidade.

Então, ser maduro, e por isso feliz, é uma condição que tem um custo. Aliás, tudo nessa vida tem custo. O custo de ser uma pessoa madura é viver a realidade, ao invés de ficar preso dentro de uma vida fantasiosa. Ficar preso a uma vida onde ainda imagina que aparecerá um salvador da pátria que vai cuidar da saúde, da educação, do buraco da rua e ainda por cima você não precisará pagar imposto para isso. É isso que assusta: entender que ao sair da infância onde existiam as princesas e os castelos, cairá no castelo da bruxa, ou seja, numa vida que não é feita só do que você gosta.