Carmas humanos - Texto

Convivendo com os outros

Voltemos agora ao nosso estudo sobre a interação com as coisas. Vimos á interação com os objetos e com você mesmo. Agora vamos falar da interação com as outras pessoas.

Ora, se você não existe como o ser humano, as outras pessoas também não. Assim como os objetos e os demais elementos presentes no planeta (seus pensamentos e suas sensações), os demais seres humanos são apenas instrumentos de Deus para realizar o acontecimento que será a ação carmática.

Como você poderia pensar alguma coisa se não houvesse algo que promovesse o pensamento? Este algo é o acontecimento, mas para que ele ocorra são necessários os agentes da ação. Estes agentes são você e aquele com quem se relaciona.

É por isto que o Espírito da Verdade afirma quando questionado por Allan Kardec sobre o objetivo da encarnação:

“Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta”. (O Livro dos Espíritos, pergunta 132)

Os outros seres humanos são, na verdade, personagens de outros espíritos que também estão vivendo a sua ação carmática. Enquanto você e o próximo estão agindo, cada espírito está vivendo a sua ação carmática sendo como protagonista um da ação do outro.

Desta forma, tudo aquilo que você pensa sobre os demais seres humanos é irreal. Eles não são do jeito que você imagina, mas estão vivendo uma realidade material como prova para si mesmo. O nervosinho não é nervoso, mas este estado de espírito é a prova dele; o sofredor não é deste jeito, mas esta forma de compreender a vida é necessária para a criação de suas ações carmáticas.

Assim como os seus pensamentos e as suas sensações são instrumentos da sua ação carmática as do próximo também o são. É preciso compreender que todos os seres humanos são planejados pelos seus espíritos com os componentes necessários para criar as suas ações carmáticas que servirão como prova ao espírito. Mas, se ele está vivendo a sua ação carmática ao estar nervoso, por que foi vivenciá-la justamente na sua frente? Porque esta é a sua ação carmática, a sua prova. A dele é de ser a sua é de aprender a conviver com equanimidade com os nervosos.

Ele vivencia a prova dele e com isto cria a situação para que você vivencie a sua. É exatamente isto que o Espírito da Verdade fala quando diz que a encarnação objetiva pôr o espírito em condições de suportar a sua parte na obra da criação. Criando o seu personagem e a história dele que se relacionará com a história dos outros, cada espírito executa a sua provação e auxilia a Deus na obra da criação global servindo ao próximo. No entanto, este serviço não é tão altruísta quanto você imagina.

Você também está se aproveitando da história do próximo. Sem ele, você não teria como realizar suas provas, pois não haveria os acontecimentos, as ações carmáticas. É por isto que mesmo ainda durante as idades pré-históricas o homem se agrupou em sociedade.

É preciso a ação do próximo para que o ego lhe envie os pensamentos para que pratique a libertação dele, não se deixando levar pela exultação do prazer ou pela depressão da dor que ele lhe propõe e mantenha-se na equanimidade.

Portanto, cada vez que o ego lhe disser que aquele ser humano é amigo (faz o que você quer e por isto deve estar sempre junto dele) ou inimigo (lhe faz mal e deve afastar-se dele), liberte-se destes pensamentos. Compreenda que todos são espíritos irmãos e que estão juntos para se auxiliarem mutuamente provocando ações carmáticas um para o outro de tal forma que os dois aproveitem a bênção da encarnação para elevarem-se.