O nobre caminho

Caminho para a felicidade universal

A partir da constatação do sofrimento e da necessidade da transformação ainda encarnado, o Buda traçou um “caminho” que o ser deve percorrer (viver) para alcançar a felicidade universal. Ele chamou de Nobre Caminho Óctuplo.

“Aqui, monges, está a Nobre Verdade do Caminho que conduz ao fim do sofrimento. É o Nobre Caminho Óctuplo de Compreensão Correta, Pensamento Correto, Fala Correta, Ação Correta, Meio de Vida Correto, Esforço Correto, Atenção Plena Correta e Concentração Correta” (Samyutta Nikaya V 20).

Antes de analisarmos o caminho em si, precisamos compreender o termo “correto” atribuído a cada uma das etapas do Nobre Caminho Óctuplo.

Vimos anteriormente que a consciência crística é formada por verdades absolutas (Deus e Sua ação) enquanto que a consciência do ser humano é formada pelas verdades relativas (“eu acho”). O termo “correto”, portanto, não se aplica ao “certo” mas no sentido de afirmar que existe um caminho que contempla a verdade absoluta.

Quando o ser humano vive dentro de uma verdade relativa como absoluta, ele sempre se imagina “certo”, pois acredita que possui a verdade das coisas. Afirmar que o ser deve percorrer um caminho “correto”, nesse caso, seria o mesmo que dizer que cada ser humano já se encontra dentro desse caminho, pois todos acreditam que a verdade relativa em que vivem está correta. Sabemos que isso não é realidade.

Existe apenas uma realidade no universo (Deus e Sua ação), mas o ser que não compreende os acontecimentos dessa forma, pelo termo “correto”, teria a visão que deveria persistir na sua realidade e alterar a dos outros de acordo com o seu entendimento para ser feliz. Mesmo que isso acontecesse, o ser não seria feliz, pois acabaria se cansando da monotonia dos acontecimentos.

A felicidade jamais será alcançada pela mudança externa (dos acontecimentos, objetos e pessoas), mas dependerá exclusivamente da alteração dos sentimentos com que o ser recebe os acontecimentos. É preciso alterar a realidade (de relativa para absoluta) para que se alcance a felicidade.

Quando Sidarta nos diz que existe uma “compreensão correta das coisas”, está afirmando que existe também uma “não correta”. Assim, se temos a “fala correta”, temos também a “fala não correta” e, em todos os outros aspectos do Nobre Caminho Óctuplo existe o “correto”, que é composto pela verdade absoluta e o “não correto”, onde é utilizada verdade relativa.

Além disso, precisamos compreender que todos os itens do Nobre Caminho Óctuplo correspondem a ações que o ser executa a cada segundo de sua vida. Sempre que algum acontecimento ocorre, o ser exerce uma atenção e concentração, atingindo, pelo pensamento, uma compreensão das coisas. Baseado nessa compreensão, o ser irá reagir falando e agindo fisicamente. Toda essa ação necessita um trabalho (esforço) do ser, seja na sua vida privada como no seu local de trabalho (meio de vida).

Portanto, o Caminho Óctuplo representa tudo o que o ser pratica a cada segundo no universo (existência), encarnado ou desencarnado. Ele pode exercer essas atividades baseando-se na verdade absoluta ou na relativa. Quando ele exerce as atividades vendo nos acontecimento, objetos e pessoas Deus e Sua ação, percorre o caminho “correto”, quando confere às coisas a origem do acontecimento está vivendo o caminho não “correto”, relativo.

O Nobre Caminho Óctuplo para um ser é viver a sua existência dentro da verdade absoluta do universo: Deus e Sua ação.