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Cada um é cada um

Dentro desta busca, deste trabalho, existem algumas coisas que vocês precisam ter em mente e compreender. A primeira: cada um é um.

Cada um é diferente do outro. Este é o primeiro ponto que aquele que direciona a sua existência dentro do espiritualismo pleno se atenta. Nenhum ser humanizado consegue trabalhar o que lhe vem à mente no sentido de conseguir uma nova vivência da vida sem ter a convicção de cada um é um.

Quando não trabalha com essa ideia, o ser humanizado imagina que existe um certo, que é ele mesmo, e que todos estão errados. Este é o primeiro detalhe.

Quando a vida dá ao ser humanizado alguma razão, seja racional ou emotiva, ela diz isso é aquela formação mental é certa e que todos precisam também achar isso. Por isso, ela cobra que o ser humanizado exija que os outros pensem e ajam da mesma maneira. Já quando, nesta relação, parte do pressuposto de que cada um é diferente, dá ao outro o direito dele ser o que quiser, assim como dá a si mesmo o direito de ser quem é.

O grande problema para quem é espiritualista materialista, no tocante à elevação espiritual, é que trabalha em um processo de o próximo precisa se mudar, precisa ser diferente do que é. Exige que os outros sigam o que ele pensa. Só que não há jeito de alguém ser diferente, pois para isso seria necessário que a mente se mudasse. Como os pensamentos não são gerados pelo, mas dados externamente, não há como mudar a razão.

O que mais ouvi neste dezessete anos de conversas foi: ‘Joaquim eu não consigo colocar em prática o que você fala’. A esses respondo sempre: nunca foi para você colocar em prática. Nunca disse para alguém se mudar, para deixar de ser quem é. O que sempre ensinei é que deve viver consigo em paz, felicidade e harmonia.

Por causa da sua forma de agir é que o espiritualista materialista dificilmente consegue a verdadeira felicidade na vivência dos acontecimentos da vida. Ou consegue o sofrimento se acusando, ou quando a mente muda por ela mesmo, diz que foi ele quem mudou. Neste caso estará vivendo o prazer, não a verdadeira felicidade.

A ideia de que cada um é um precisa ser vivenciada para: primeiro, não culpar os outros; segundo: não se culpar pelo que é.

Você é você. Só que este você, que é você, não é você. É a vida. É a Vida que é alguma coisa, não você.

E quem você pensa que é, é a sua vida. É você enquanto participante de atos. É você enquanto razão racional e razão emocional. Como não tem domínio sobre a vida, já que ela é a prova, não tem como mudar isso. Se mudar, foi ela quem mudou, não você. Nesse caso, acha que mudou, mas continua na mesma coisa: só trocou os nomes.

Este é o primeiro ponto. Sem identificar que cada um é cada um e que todos vão agir de acordo com sua natureza, você não consegue ter benevolência, indulgência e perdão pelos outros nem por você, o que é fundamental para quem quer aproveitar a encarnação. Não adianta nada buscar a elevação espiritual ou a felicidade a partir da autoacusação.

O espiritualista espiritualista ao invés de se ver como errado, se vê como perfeito. Por isso não quer se mudar. Ele não luta para se mudar. Pelo contrário, luta para não se culpar e nem se vangloriar pelo que ele é.

Sem isso o que existe é prazer ou dor e nunca felicidade. Não tem jeito.