Comunhão com Deus-Textos-2-Convivendo com Deus

As religiões e a comunhão com Deus

Já que vocês estão me fazendo perguntas a respeito das doutrinas religiosas e o que apontamos com caminho para a busca da comunhão com Deus, deixem-me falar um pouco sobre o assunto.

As doutrinas religiosas ainda estão apegadas ao temor a Deus que existe no Velho Testamento. Para isso exploram a ideia de que o Senhor é um simples distribuidor de benesses que atendam aos anseios dos seres humanos quando estes seguem aquilo que a religião determina como certo. Isso é completamente irreal. Na verdade somos nós que temos que comungar com Deus e não Ele conosco e para isso não devemos esperar resultados positivos nesta vida. Somos nós que temos que mudarmo-nos para chegar a Ele e não esperar apenas que Ele nos sirva.

Todos os mestres foram unânimes neste aspecto. Todos eles falaram da necessidade da mudança em nós de alguma coisa para podermos estar com o Pai. No entanto, as religiões ainda colocam o Senhor do Universo com um ser que comunga com os nossos ideais, mas que espera que os seres humanizados cumpram as determinações religiosas para que isso aconteça.

Um dos aspectos que precisam ser mudados para se alterar a forma de convivência com o Pai é o da Justiça. Para usar o temor a Deus como caminho para a elevação espiritual, as religiões o transformaram num justiceiro, num elemento estático no Universo que, depois do desencarne faz justiça. Mas, neste caso Ele não está fazendo justiça, mas apenas aplicando penas. Fazer a justiça é não deixar acontecer a quem não merece o que não é merecido. Reparar o erro cometido é apenas apenar quem errou.

Por isso afirmo que nada pode existir sem que haja uma Causa Primária substanciada numa Justiça Perfeita. Quando ela existe, jamais uma injustiça ocorrerá. Sendo assim, Deus não precisará julgar ninguém. Aliás, na Bíblia Sagrada Cristo afirma que nem Deus nem ele julgam ninguém...

Deus não é um juiz, mas a própria Justiça. Ele não julga, dá a cada um segundo as suas obras. Agir desta forma é viver o princípio da causa e efeito e não efetuar julgamentos. Portanto, esta visão está de acordo com os ensinamentos do mestre nazareno.

Eu concordo com vocês que ela é diferente daquela que é passada pelas doutrinas religiosas. As religiões falam de um Deus autoritário e justiceiro. Esta visão não tem nada a ver com o que foi ensinado pelos mestres. Eles falaram num Deus amoroso. Tanto assim que Cristo O chama de Pai.

Volto a dizer: não estou acusando nenhuma doutrina. Tendo isso em mente, pergunto: porque as religiões criaram o Deus autoritário e justiceiro? Para criar o medo, para lhe manter preso à religião. Querem manter os seres humanizados presos a ela, porque mais do mostrar o caminho para Deus, elas estão preocupadas em manter seguidores.

Para manter os seres humanizados fiéis às suas doutrinas, as religiões criaram o Deus carrasco: aquele que julga e condena os que não seguem o certo que aquela religião determina. Os que não cumprem o que a Igreja Católica e a Evangélica dizem vão para o inferno, os que não seguem a doutrina espírita vão para o Umbral. O lugar não importa, o importante é imaginar um Senhor que foi chamado de Pai por conta do seu amor pelos filhos ao invés de alguém que é capaz de punir severamente.

Exatamente para aqueles que ainda colocam Deus como carrasco há um recado de Cristo na Bíblia Sagrada:

“Ai de vocês, professores da Lei e fariseus, hipócritas! Fecham a porta do Reino do Céu aos outros, mas vocês mesmos não entram nem deixam entrar os que estão querendo”.

“Ai de vocês, professores da Lei e fariseus, hipócritas! Atravessam os mares e viajam por todas as terras para procurarem converter uma pessoa à sua religião. E, quando conseguem, tornam essa pessoa duas vezes mais merecedora do inferno do que vocês mesmos”.

“Ai de vocês, guias de cegos, pois ensinam assim: se alguém jurar pelo Templo, não é obrigado a cumprir o juramento. Mas, se alguém jurar pelo ouro do Templo, então é obrigado a cumprir o que jurou. Tolos e cegos! Qual é mais importante: o ouro ou o templo que santifica o ouro? Vocês também ensinam isto: se alguém jurar pelo altar não é obrigado a cumprir o juramento. Mas, se jurar pela oferta que está no altar, então ficará obrigado a cumprir o que jurou. Cegos, qual é mais importante: a oferta ou o altar que santifica a oferta. Por isso quando jura pelo altar está jurando por ele e por todas as ofertas que estão em cima dele. Quando alguém jura pelo Templo, está jurando pelo Templo e por Deus que está ali. E, quando alguém jura pelo céu, está jurando pelo trono de Deus e pelo próprio deus, que está sentado nele”. (Mateus, 23, 13 a 22)

Deu para compreender o alerta de Cristo? Ele alerta aos professores da Lei, ou seja, aqueles que se acham capazes de orientar espíritos encarnados no cumprimento das atitudes necessárias para a comunhão com Deus que não devem criar culpas que fechem a porta do céu para elas e não devem levá-las a dar mais importância às coisas terrenas do que as espirituais. Infelizmente os professores da Lei de hoje, assim como os do tempo dos fariseus, ainda continuam agindo da mesma forma. As doutrinas religiosas ao invés de ensinar a amar a Deus acima de todas as coisas são compostas por ditames legislativos que criam o certo e o errado; ao invés de incitar os seus fiéis a buscarem o bem celeste, a felicidade incondicional, os incitam a buscar em Deus a satisfação de seus desejos mundanos.

Nós, como não somos nem pretendemos ser uma religião, como dissemos no início desta conversa, não estamos procurando seguidores. Por isso podemos divulgar uma doutrina que seja na realidade espiritualista, ou seja, que contenha uma série de ensinamentos que premiem os valores da existência eterna e não os da material. É por isso que o que falo entra em discordância com o que as doutrinas religiosas pregam, apesar de usarmos a mesma fonte de informações.