Comunhão com Deus-Textos-2-Convivendo com Deus

Amor sublime

Vimos que Kardec ao propor aos espíritos a totalidade dos atributos de Deus disse que Ele é justo, mas descobrimos que não: é a Justiça. Este é o mesmo pensamento que temos que ter para todos os atributos elencados no texto da pergunta 13, entre eles a afirmação de que Deus é amoroso. Ele não é amoroso; é o próprio Amor. Não um amor comum, mas um Amor Sublime. Vamos entender o que este atributo pode contribuir com a nossa busca da comunhão com o Pai.

Ser um Amor Sublime é muito mais do que o amar que vocês humanos conhecem. É ter algo puro, sincero, altruísta, que não se deixe levar por preferências ou desejos. O exemplo que posso dar para que vocês compreendam o que é ser o Amor Sublime, apesar de não ser a completa realidade de Deus, é o amor que sentem os pais por um filho.

Apesar de amá-los e querer que eles sempre estejam satisfeitos, os pais muitas vezes cerceiam a liberdade do filho para que ele possa evoluir. Isso acontece quando colocam seus filhos de castigo por não estudar. Os pais amam os filhos e com certeza não gostariam de agir assim com eles. No entanto, agem para que eles possam alcançar um benefício que não são capazes de mensurar naquele momento.

Como disse, esta não é uma comparação que possa levá-los à compreensão perfeita do assunto, mas sim algo que nos ajuda. O papel de Amor Sublime que Deus representa para os seres do Universo é muito mais do que isso, mas como não tenho palavras para descrevê-lo, acho que este exemplo dá uma ideia.

Quando, a partir da avaliação que faz da ação de cada ser Deus gera um carma, o que surge disso se transforma numa Justiça, ou seja, dá a cada um o justo. No entanto, sempre que Ele dá o resultado da avaliação, também está presente o seu Amor Sublime. Com isso, o carma, mais do que uma justa reação a uma ação, se transforma num ato amoroso.

Lembram do caso da jovenzinha que falei agora pouco? Pois é, o seu assassinato foi justo, porque foi, com certeza, a justa medida do que plantou o ser em outras encarnações, mas também foi um ato amoroso. Deus sabe que o espírito, assim como a criança, guiado pela razão infantil que convive durante a encarnação, não quer morrer cedo ou violentamente. Apesar de ter esta consciência, apesar de saber que tal atitude pode comprometer o seu processo de elevação, pois o ser pode apegar-se a criação racional que espelhe uma revolta contra aquele acontecimento, o faz vivenciar aquela situação, pois sabe que é exatamente daquilo que o espírito precisa para a sua evolução.

O Amor Sublime é aquele que vai além do afago e do carinho, é aquele que vai além do contentar: é aquele faz o que é preciso para despertar quem é amado para a realidade e assim fazê-lo progredir em sua existência. Levando-se em conta esta afirmação, posso afirmar que cada momento da existência de um ser deve ser compreendido como o resultado da aplicação da justiça, mas também um momento em que o ser é amado por alguém que o ama tão profundamente que é capaz de contrariá-lo, se isso for importante para o seu futuro.

Esta é a aplicação da consciência de que Deus é a Justiça Perfeita e o Amor Sublime por parte de uma razão bem educada. Já a má educada, aquela que imagina que os anseios humanos são prioridades para o espírito, gera como consciência a existência de uma maldade e de uma injustiça ocorrendo durante os acontecimentos da vida.