O nobre caminho

A vida de Sidarta Gautama

Sidarta era um príncipe. Seu pai, preocupado em manter a felicidade do filho, o mantinha dentro de um castelo isolado do mundo. Até a idade de vinte e nove anos o Buda viveu uma vida de luxo e fausto, isolado dos sofrimentos da humanidade.

No entanto, o que vivia dentro daquela massa carnal não era um ser qualquer. Ele já possuía de existências anteriores o conhecimento necessário para a evolução e queria aproveitar essa encarnação para fazer suas provas. Mesmo aprisionado nesse mundo de fantasias ele se questionava sobre os assuntos da vida de todos.

Ao ver um homem doente, um homem velho e um homem sofrendo, o Buda compreendeu que existia o sofrimento. Insatisfeito com a situação desses homens, o Sidarta buscou compreender se a vida era apenas uma constância de sofrimentos ou se haviam motivos para isso. Se houvessem motivos, o Buda queria descobrir o caminho que levasse à compreensão e prática para que se extinguissem esses sofrimentos.

Foi com essa intenção que Sidarta Gautama abandonou o seu palácio e foi estudar meditação com diversos mestres para compreender a vida carnal. Estudou durante seis anos e um dia sentou-se para meditar com a determinação de que só se levantaria quando descobrisse o sentido da vida.

Algumas correntes daquela época, bem como muitas que ainda hoje existem, ensinavam que a compreensão das coisas da vida só viria com a abstenção total das matérias. Seguindo esses preceitos, Sidarta sentou-se para meditar e permaneceu quarenta dias e quarenta noites em meditação sem se alimentar. Imaginava que dessa forma alcançaria a compreensão da vida.

Depois desse período, quase morto de fome e cansaço, Buda tombou para frente quase sem forças. No auge do seu sofrimento ouviu alguma coisa que lhe chamou a atenção e alterou o procedimento da sua busca.

Nossa intenção é apresentar a vida de Sidarta, excluindo as mistificações que foram criadas para impressionar os demais seres. Existem diversas versões sobre esse acontecimento. Alguns afirmam que o Buda foi atendido por auxiliares espirituais, outros que ele ouviu a conversa de um pai e um filho sobre como tocar um carro de bois. Neste trabalho, no entanto, buscaremos informar o que a memória universal gravou sobre esses acontecimentos.

De qualquer forma, o acontecimento material é meramente ilustrativo. Tanto importa de onde vieram as palavras ou como o assunto começou, o fundamental é se compreender o ensinamento que fez o Buda, depois de muitos sacrifícios, alcançar a elevação.

Ao cair, Buda ouviu um pai conversando com seu filho como afinar as cordas do seu instrumento musical. Ele ensinava ao filho que se apertasse demais as cordas elas produziriam um som oco, que não revelaria a suavidade das notas. Se deixasse as cordas frouxas demais, o som seria dissonante e, da mesma forma, não conseguiria reproduzir todo o encanto da música. Para aquele pai, as cordas não deveriam ser apertadas ou deixadas soltas em demasia.

Com esse ensinamento o Buda compreendeu que nem a austeridade nem a displicência o levariam à iluminação. Alimentou-se frugalmente e voltou a meditação, interrompendo-a por diversas para satisfazer as necessidades físicas. Durante mais quarenta dias o Buda meditou e quando se encerrou esse prazo ele havia alterado todos os seus valores.

Portanto, os valores que levaram o Buda a alcançar a elevação foram a busca da compreensão da vida e o Caminho do Meio.