Carmas humanos - Texto

A quebra dos paradigmas sagrados

Participante: andei pensando sobre as coisas que o senhor falou a respeito do casamento ser carma e não cheguei à conclusão nenhuma...

De tudo o que falamos até agora, você foi se preocupar com a questão do casamento? Existe algo mais importante do que isso em tudo o que falamos. Acho que ainda não ficou bem claro para vocês a questão dos paradigmas sagrados que quebramos na última conversa. Agora mesmo estava conversando com uma pessoa e ela me disse que depois do que falamos sobre os elementos ditos espirituais, ela ficou perdida, ficou sem chão para continuar a sua vida.

Se você reparar bem, o que fizemos na última conversa quando abordamos os temas Deus, religiosidade, reforma íntima e espírito, foi retirar da vida de vocês todos os elementos que imaginavam como sagrados. Deus é algo sagrado para vocês, o trabalho da reforma íntima, para quem se diz buscador da elevação espiritual, é algo considerado como sagrado. A religiosidade, ou seja, a forma como se relacionar com o Pai é algo considerado como sagrado. Também é assim a questão do conhecimento e relacionamento com o espírito.

Pois bem, apesar de toda esta importância que sempre deram a tudo que conheciam a respeito destes assuntos, eu simplesmente disse que todo este tesouro de vocês era lixo. Mostrei que o tesouro que imaginavam repleto de ouro (tudo o que sabiam a respeito dos temas abordados), na verdade tratava-se de latão, de metal sem valor. Mostrei que tudo o que vocês consideravam líquido e certo não é real, que aqueles elementos não existem como imaginam e que nem podem compreendê-los na realidade. Mostrei que os valores que possuíam sobre estas coisas são irreais e que eles existem de uma forma que enquanto encarnados jamais conseguirão compreender.

Isso por si só deveria provocar dentro de vocês uma imensa revolução de paradigmas. Uma coisa é dizermos que o casamento não existe. Não acredito que esta informação afete muito você, porque apesar de saber agora que não está casado, mas vivenciando um carma, continuará convivendo com sua esposa da mesma forma que foi até hoje. Agora, quando digo que tudo aquilo que até hoje servia como corrimão para a sua elevação espiritual, que é um assunto importante da sua vida, é irreal, isso tem que produzir uma revolução na sua forma de existir.

Sabe, eu tirei de vocês a bengala que usavam no processo que consideram de vital importância nas suas existências: os conhecimentos sobre os elementos do chamado mundo espiritual. Até hoje, tudo o que vocês sabiam sobre Deus, espírito, religiosidade e reforma íntima serviam como timão para lhes ajudar a singrar os mares com destino a Deus. Agora o leme de vocês está quebrado e não podem mais contar nestas informações como guia. Devido à importância que dão a esta busca, o que fizemos deveria gerar um terremoto devastador, deveria causar um abalo que retira tudo aquilo onde você se firmava.

 Por isso afirmo que tudo o que foi dito sobre estes elementos deve ser algo que deva ser muito bem compreendido, muito refletido. É algo que deve servir de objeto para uma reflexão grande, pois causa efeitos nas bases da sua existência. Agora, a questão do casamento, esta não precisa de grandes reflexões, pois no dia a dia de sua existência não trará reflexos tão profundos.

O que talvez vocês ainda não entenderam é que depois de receber as informações que receberam sobre as suas convicções sobre os elementos do mundo dito espiritual, não dá mais para se brincar de elevação espiritual. Não dá mais para iludir-se dizendo que porque comprou um cobertor que não aquece ninguém ou porque comprou o feijão mais barato, e por isso com menos qualidade, para doar, fez algo pela sua elevação espiritual. A partir do momento que você sabe que todas as suas convicções religiosas são apenas carmas que devem levá-lo a abandonar suas posses, não dá mais para usar os mesmos argumentos que usavam para caminhar no sentido de aproximar-se de Deus.

Depois do que conversamos, não dá mais para iludir-se achando que porque freqüenta um curso de mediunidade ou porque aprende a concentrar-se para fazer viagem astral está trabalhando pela sua evolução espiritual. Como estas coisas podem lhe ajudar neste sentido se agora você sabe que tudo o que tiver consciência não é real, mas apenas uma idéia gerada com a utilização de possessões e paixões? Como estas coisas podem lhe ajudar, se tudo o que tiver a idéia de estar realizando é apenas uma propositura mental para lhe gerar um carma?

É por conta da importância do que foi dito anteriormente que eu gostaria que se alguém refletiu sobre tudo o que ouviu se posicionasse a este respeito, que falasse o que aquelas informações provocaram na vivência da sua vida. Com relação aos outros temas, as informações são de somenos importância para a sua existência e por isso, eu acredito, não devem ser alvo de grandes debates.

Peço isso porque a reação que a moça me contou em particular (não tenho mais chão, nada sobrou na minha vida) é o mínimo que se espera quando um tsunami passa arrasando tudo o que havia em você. Esta reação precisa ser bem conversada para que o sentimento que a mente agora está criando (desespero) não tome conta de vocês e cortem o tênue fio entre você e a realidade da vida humana que estabelecemos com a abordagem daqueles temas.

Participante: quanto aos temas que você chama de sagrados, para mim não foram de tanta importância, pois a respeito de religiosidade nunca fui muito apegado. Sempre busquei a informação e não o sagrado. Destes temas realmente o que me tocou foi Deus. Isso porque sempre busquei um contato com um deus que agora vejo que era irreal. Acho que isso foi o que mais me marcou na conversa daqueles temas.

É exatamente isso que gostaria de ouvir de vocês para que juntos refletíssemos sobre a realidade que foi mostrada nas nossas conversas. O mínimo que se espera de alguém que tenha vivido como vocês viveram até hoje e que de repente ouvem que tudo o que acreditavam é apenas ilusão, é pensar como continuar prosseguindo na busca que sempre foi considerada importante sem aquelas verdades.

É este repensar os caminhos que até agora trilhava que estou querendo provocar em vocês neste momento. De nada adianta se ouvir tudo o que ouviram se estas informações não gerarem no íntimo de cada um uma reavaliação da vivência da vida como até agora foi feita. Se não fizerem esta avaliação, de nada adianta terem ouvido tudo o que ouviram.

Se ao saírem de nossas conversas não refletirem sobre o que ouviram, não analisarem as mudanças que as quebras de paradigmas podem trazer para as suas existências, de nada adianta estar aqui. Se depois de ouvirem tudo o que ouviram simplesmente forem tomar café, conversar ou dormir, o que foi recebido não será absorvido e a existência continuará a mesma. Sendo assim, para que estar aqui?

Tudo o que se ouve deve ser analisado profundamente, deve servir para uma reflexão profunda sobre a vivência atual e no que as novas informações vão causar. Consciente das transformações que precisam ocorrer, deve-se estabelecer planos para se por em prática o que foi ouvido, ou seja, para iniciar o processo de reforma da forma de viver. Sem isso, o que foi ouvido se transforma apenas em mais uma posse que servirá à mente como elemento para dar asas ao egoísmo.

Quando nós falamos do tema estudo eu fui bem claro: não há necessidade de se ouvir palestras, ler livros, estudar assuntos. Por isso não estou falando em estudar o que foi conversado aqui, mas em refletir sobre tudo o que foi ouvido para descobrir os efeitos que estas informações terão para a sua existência e se estes efeitos forem considerados por você como saudáveis à sua questão espiritual, analisar como colocar em prática o que foi ouvido. Isso se faz refletindo os valores que você possui hoje, analisando-os não mais à luz da compreensão que tinham anteriormente, mas sim pelas informações que receberam.

Quer ver um exemplo do que estou falando? Na sua colocação você me disse que não tinha sagrado na sua religiosidade, mas que sua busca se concentra na procura de informações. Sagrado não é apenas uma imagem, uma entidade que se venera, mas tudo aquilo que se considera importante para exercer a religiosidade. Sendo assim, as informações que você recebeu durante a sua busca são, para você, sagradas.

Assim sendo, a sua religiosidade pode não ser composta de rituais ou imagens, mas é composta pelas informações que recebeu. Portanto, precisa aplicar a tudo o que ouviu até hoje aquilo que falamos a respeito de religiosidade. Se não fizer isso, não promoverá mudança alguma.

Sem fazer esta reflexão que acabamos de realizar, ainda acharia que o que foi dito sobre religiosidade anteriormente não se aplica a você, mas aplica-se sim. Sendo assim, precisa compreender que não existe informação certa ou errada, que não deve acreditar que por conhecer determinadas informações não alcançará o reino dos céus, que são informações que passamos para aqueles cuja religiosidade está concentrada nos ritos ou imagens.

Esta reflexão que fizemos agora a respeito da sua religiosidade é o mínimo que precisa ser provocado em você pelas conversas que estamos tendo. Não adianta nada virmos aqui, a outro lugar onde se conversa sobre elevação espiritual ou ir aos cultos dos centros espíritos ou de umbanda se não utilizarmos o que recebemos em cada um destes lugares para repensar a vivência da vida.

Participante: para mim ficou clara a questão do nada quando o senhor utilizou o exemplo dos três macacos. Para mim ficou claro o que é o nada que está sendo falado aqui, mas ainda difícil de vivenciar isso.

A prática que você está falando é o próximo trabalho que terá que fazer.

Como disse, o importante neste momento é ao ouvir informações refletir sobre elas. Nesta reflexão deve analisar o que ela está modificando em você. Por exemplo, no caso do tema Deus que conversamos, o primeiro trabalho que deve ser realizado é refletir que reflexo as informações recebidas causam sobre as suas concepções sobre o Senhor. Analisando as informações que possuía sobre o tema e as que foram recebidas agora, chegará a novas conclusões. É só a partir daí que começa a busca pela prática.

Chegar a novas conclusões não quer dizer que elas serão imediatamente postas em prática pela mente ao formular pensamentos. As verdades que possuía até então, já criaram raízes e uma simples machadada nela não conseguirá retirá-las por completo. Para se retirar toda uma árvore plantada é preciso desentocá-la, ou seja, retirá-la até a raiz.

Isso se alcança com a prática. A cada vez que a mente utilizar-se dos valores antigos a respeito de temas que já conversamos você deve realizar o trabalho de despossuir a informação que é possuída. Naquele momento terá alcançado uma vitória, mas esta não é total. Na verdade, apenas um galho da árvore daquela possessão foi quebrado. Em outro momento onde esta possessão for trabalhada, a mente ainda usará os valores antigos. Outra vez você deve libertar-se desta posse e com isso quebrar mais um galho. Isso precisa ser feito até que se retire a paixão até a raiz.

Portanto, se você já refletiu sobre o nada, já descobriu o que isso quer dizer e comparou ao tudo que vive, comece agora a segunda etapa: coloque em prática o que diz que acredita. A cada momento que a mente lhe disser algo que esteja dentro do seu tudo, liberte-se disso com a nova compreensão sobre o nada. Faça isso sucessivamente e um dia conseguirá praticar o nada.