Função espelho

A função espelho

A lei do carma que ‘move o mundo’ (faz os acontecimentos acontecerem) é posta em prática através da ‘função espelho’ que foi citada neste trecho de ‘O Livro dos Espíritos’. Vou falar do assunto na prática (usando como exemplo os acontecimentos do mundo) para ficar mais fácil a compreensão do assunto.

Se um espírito humanizado tem à sua frente durante um acontecimento alguém que quer ‘levar vantagem’ sobre ele, é Deus mostrando que ele quer levar vantagem sobre os outros. Tendo à sua frente alguém que é ríspido, é Deus mostrando-lhe que ele é ríspido com os outros. Esta é a ‘função espelho’; este é o carma; esta é a lei do carma em ação.

Esta é a ‘função espelho’: Deus colocando à sua frente espíritos, encarnados ou não, que praticaram determinados atos, de tal forma que eles sejam a Real imagem do que você é na Realidade, mesmo que não se entenda como tal.

Sabe de uma coisa, se para você o mundo é ‘uma droga’, tenha certeza, de que este mundo é o seu espelho. Ele sempre estará e será um reflexo do que você é no interior.

Tudo que você constata no mundo exterior (nas pessoas, objetos e acontecimentos) é o mesmo que existe no seu interior (no seu ego). Mas, em você, existem as desculpas, ou seja, os motivos para justificar seu comportamento e dizer que está ‘certo’, para que, desta forma, possa continuar julgando o outro dizendo que ele está ‘errado’ por ter agido como você agiu.

Mas, tudo isso não é Real. O que você acha de si mesmo ou dos outros são meras criações do ego que o Pai faz acontecer desta forma para que você tenha a oportunidade de provar a si mesmo que aprendeu o Universalismo durante os estudos na erraticidade.

Como já vimos anteriormente, o Espírito da Verdade afirma que ninguém tem nada a provar a Deus durante a encarnação, mas a si mesmo. Sendo assim, é justo que os acontecimentos da vida espelhem uma tentação, ou seja, induzam o ser humanizado a nutrir determinados sentimentos. Só assim ele pode provar a si mesmo que aprendeu que tal tipo de comportamento sentimental fere o Universalismo.

Portanto, a ‘função espelho’ nada mais é do que a criação virtual de uma condição sem a qual de nada adiantaria para o espírito encarnar. Ou seja, é Deus lhe amando para lhe proporcionar a oportunidade de provar a si mesmo que aprendeu determinados aspectos necessários para que possa alcançar a evolução espiritual..

Entender isso leva ao ‘conhece-te a si mesmo’, ou seja, leva o ser humanizado a compreender o que precisa trabalhar em si para prosseguir no caminho de aproximação do Pai.

Já disse em palestras anteriores. Se alguém chega à sua frente e diz que você é feio, é Deus lhe mostrando que quer ser bonito. Quando o ser humanizado compreende isso pode se reconhecer realmente: ‘sou um espírito encarnado que dá mais importância a ilusão da sensação de sentir-se belo do que ao amor entre irmão’. Aí pode lutar para libertar-se desta paixão e deste desejo gerado pelo ego.

Se alguém chega à sua frente e lhe toma alguma coisa que é sua (rouba), é Deus lhe mostrando que você é apegado às posses materiais que existem no ego. E quando compactua com a sensação de raiva e perda lançadas à sua consciência pelo ego junto com o ato de xingar e acusar aquele que roubou, está mostrando para você mesmo que não aprendeu na erraticidade o universalismo, pois continua achando muito mais importante a posse do objeto do que o bem estar espiritual, do que a convivência entre irmãos.

É isso que Santo Agostinho está mostrando e, com isso, está fazendo o ser humanizado entender a lei do carma. Fazendo o espírito encarnado compreender que aqueles que praticam a ação que ele, por imaginar que é a personalidade transitória que hoje guia o seu consciente, chama de ‘errados’ não estão praticando nada, o ser humanizado vivencia a ação carmática dentro do amor universal e, com isso alcança a elevação espiritual.

Entendo que, na Realidade, foi Deus quem colocou aqueles espíritos ali para agirem a partir de uma ‘função espelho’ e, com isso, auxiliarem na evolução deste ser dando uma oportunidade dele se libertar do seu individualismo que o leva a acreditar que apenas ele está ‘certo’, o espírito pode, então, provar a si mesmo o que aprendeu antes da encarnação no chamado ‘mundo espiritual’. Isto porque, compreendendo e vivenciando esta Realidade, o ser humanizado se liberta das paixões gerenciadas pelo ego. Com isso pode, então, provar a si mesmo que aprendeu na erraticidade a amar universalmente a todos.

Como eu disse a resposta de Santo Agostinho era longa, mas a síntese é a menor que existe: tudo que existe no Universo, sejam as pessoas, objetos ou acontecimentos, são instrumentos utilizados por Deus para que o ser humanizado possa ter a oportunidade de provar a si mesmo o quanto aprendeu na erraticidade.

E, quando você a compreende, o seu ‘mundo’ muda. Ao invés de ter na sua frente um ofensor, alguém que está lhe ofendendo, terá um irmão que, comandado por Deus, gerado pela Causa Primária de todas as coisas, estará criando um espelho para que você se auto reconheça e ‘trabalhe’ para libertar-se das paixões e desejos criados pelo ego que fazem com que você acredite na ‘culpa’ do outro.

Aí está. Este é o conhece-te a ti mesmo que o Espírito da Verdade afirmou que é o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal: ninguém pode se auto conhecer a não ser que esteja na frente do seu espelho.

Por isso é preciso se compreender que todos e tudo que estão à sua frente transformam-se em um espelho, um reflexo do seu interior, para que você possa praticar o amar universalmente que aprendeu na erraticidade. Vivendo a partir destas Verdades o espírito encarnado pode, então, deixar de achar-se certo e conferir ao próximo o direito de também querer e ser alguma coisa além daquilo que ele quer que o outro queira e seja.