Maya

Silenciar a mente

Chegamos agora à grande conclusão deste trabalho e que é ensinamento de Krishna: o verdadeiro yogue silencia a mente, ou seja, não raciocina e não aplica valores a nada. Está sempre na neutralidade. “O que está acontecendo? Não sei. Você irá lá? Não sei”.

Ele não sabe de nada. Vive a cada segundo sem ligação com o anterior ou o próximo. Está sempre atento àquele momento. Essa é a elevação espiritual: o fim do raciocínio, o fim do dar valor às coisas. Quando isso acontecer o ser terá caído na Realidade: Deus agindo. Deus emanando e agindo sobre o universo gerando os carmas que são as essências das ilusões dos atos.

Eu diria, então, que a elevação espiritual é parar de raciocinar, mas, será que alguém conseguiria parar de raciocinar? Não. É por isso que o Krishna ensina também: desapegar-se. O yogue racioci-na, dá valor às coisas como você, mas não se apega ao fruto do raciocínio, a estes valores.

Ele vê um objeto que pelo raciocínio dá o valor de “parede que é pintada na cor verde”. Isso vem à mente do yogue como viria na sua se estivesse frente a este objeto. Só que ele não se apega a isso, ou seja, não declara para os outros nem para si que aquilo é uma parede nem muito menos que é da cor verde.

Se alguém disser que aquilo é ar, madeira, ou qualquer outra coisa que não parede, o yogue não discutirá e aceitará a ilusão do próximo consciente de que tudo o que se puder declarar sobre o assunto será ilusão (maya).

O ser evoluído continua construindo valores pelo raciocínio, mas não está apegado a eles, às verdades que se formam na sua mente. Está sempre centrado em Deus e por isso sempre afirma que a conclusão é ilusão, que na realidade está acontecendo um carma que embute uma essência onde está sendo testado.

Este ser vive o mundo material vendo, cheirando, ouvindo, igual àquele que ainda não promoveu a reforma íntima. Só que não vive a “vida humana” como o outro, ou seja, não participa dos acon-tecimentos pelos acontecimentos em si, nem aplica valores a eles.