Em busca da felicidade - Textos - Parte I-Técnica

Sendo feliz, apesar de um assassinato

Vamos, então, fazer um resumo de tudo o que disse até agora.

Disse que a felicidade é um estado de espírito onde se vive a emoção sem prazer ou dor. Esse estado de espírito é representado pela paz. Para ter paz, não pode se estar em guerra contra a vida, contra o mundo.

A partir daí, disse que você precisa se harmonizar com a sua vida. Disse mais: que harmonizar-se com a vida é viver o momento presente completamente consciente de tudo o que está acontecendo nele. Para fazer isso, disse que você não deve dar razão ao mundo das probabilidades que a sua mente cria.

Quando a sua mente cria uma probabilidade e você corta, cai na realidade. Agora, se dá razão a ela, viaja.

Participante: Mas, a vida não é um processo puramente mental?

Acabei de dizer: mentalmente não aceite o que a mente lhe dá como probabilidade.

Participante: Você diz que um assassino foi uma programação de um espírito. E o ato de assassinar? Como ele fazendo esse ato pode passar na prova, visto que o assassino tem o sentimento e a vontade para produzir tal ato?

Que espírito? Um assassino é um ser humano e não um espírito. Você vê um humano fazendo e não um espírito.

Que prova? Você não tem prova, tem vida. Haveria prova para você se ao invés de acreditar no que falou, conseguisse pensar que essa pergunta foi uma prova. Como não consegue, como pode dizer que alguma coisa seja prova?

Esqueça prova, esqueça espírito. Pergunte-me assim: como é que posso ser feliz vendo alguém assassinar outro? Como é que posso alcançar a verdadeira felicidade, não tendo prazer nem dor, vendo alguém assassinar o outro?

Estas questões eu vou lhe responder. Para isso, vamos usar o que falei até agora.

Qual é o momento presente que você está vivendo? O assassinato de uma pessoa. Como se alcança a felicidade neste momento? Dizendo para você simplesmente: é, alguém matou alguém.

Vivendo esse momento dessa forma, pode encontrar a felicidade. Agora, se começar a fazer a si mesmo perguntas como ‘porque a vítima não reagiu', ‘porque aquela pessoa quis assinar o outro’, ‘será que o agressor tinha sido agredido antes e estava agindo em legítima defesa’, entrará no mundo das probabilidades.

Sabe por que o outro não reagiu? Porque não reagiu. Se tivesse reagido, teria reagido. Sabe porque alguém quis matar o outro? Por que quis.

Imaginar que poderia ter reagido ou os motivos que levaram o agressor a praticar o ato é trabalhar com um mundo de probabilidades. Qualquer que seja a conclusão que você chegue além da simples constatação do que aconteceu, não é verdade: trata-se apenas uma possibilidade ser.

Ficando preso nas probabilidades, sejam elas quais forem, o ato não mudará, pois ele já aconteceu. O que lhe acontecerá ser viver o momento presente em sofrimento ou prazer. Vai acusar um dizendo que ele não presta, que aquilo não deveria ter acontecido.

Agora, será que você poderia fazer alguma outra coisa do que deixar de especular sobre o que aconteceu. Será que poderia ter feito alguma coisa para evitar aquele assassinato? Acho que não.

Sendo a vida é um dom de Deus, quem é você para dá-la a alguém? Desculpe, mas por mais que tente, você nunca conseguirá salvar quem tem que morrer. Por isso, achar que poderia fazê-lo, é ser ilógico.

Viver é um processo mental lógico. Que lógica ele usa? A realidade.

A sua realidade neste caso é que está na frente de uma pessoa que matou a outra e você não fez nada para ajudá-la. Acabou: não há outra probabilidade para o momento de agora. Qualquer outra coisa que pense sobre este acontecimento é uma elucubração mental, é uma realidade que não aconteceu. Portanto, é uma falsidade, uma mentira.

Viver o aqui e agora com o que existe de real neste momento sem colocar nenhuma probabilidade de ser diferente do que está sendo, é viver a verdade.

Além do mais, qual é o problema de matar? Se todo espírito está doido para voltar para casa, para o mundo espiritual, qual o problema de morrer? Sendo assim, matar um ser humano é fazer um bem para o espírito.

Vamos entender bem direitinho o que estou dizendo. Estou falando em lógica humana, em felicidade com equanimidade.

Não estou aqui para defender vida, mas também não estou aqui para fazer apologia da amoralidade. Estou aqui simplesmente para dizer a vocês que a humanidade já tentou de todo jeito, inclusive com leis, para acabar com os assassinatos e não conseguiu. Portanto, a probabilidade de acabar com isso não existe, não está na realidade. A realidade é que apesar de haver uma lei, haver cadeia e até em alguns lugares haver a pena de morte para quem mata outro, as pessoas ainda continuam se matando.

Se você não quer matar, não mate, apesar de que isso é uma probabilidade, pois pode matar sem querer. Agora, para poder se dizer lógico, tem que viver a realidade pela realidade, pois só viver o presente no presente pelo presente leva à felicidade.

Mas, vocês querem viver elucubrações mentais, ou seja, sonham que as pessoas podem parar de se matar. A própria observação da história lhes mostra que isso é impossível.

Me respondam uma coisa: quem vai para o hospício? O louco. Quem é o louco? Aquele que vive uma realidade diferente da real. Sendo assim, se você acha que poderia ter salvado alguém que foi assassinado, você é um louco, pois não salvou, e deve ir para o hospício.