Em busca da felicidade - Textos - Parte I-Técnica

Sangha é vida

Vamos ao último detalhe: o que é sangha?

Participante: Uma comunidade de afins.

Mentira, o que é sangha?

Participante: A vida.

Isso. A sangha é a sua vida.

Esse é o último detalhe que quero comentar: vocês precisam ir à sangha sabendo que não estão indo à reunião, mas que a sua vida é estar lá. Esse ponto é fundamental para vocês poderem aproveitar as oportunidades. Tentarei explicar o que eu estou querendo dizer.

Qualquer situação de vida é uma oportunidade para você amar. Qualquer situação de vida é a própria vida te dando uma oportunidade de amar ou não. Por que é importante ir à sangha?

Participante: Porque a vida naquele momento se apresentou como sendo ir à sangha.

Isso. Porque essa é a vida que vocês têm para viver naquele momento.

Essa compreensão é interessante para vocês entenderem uma coisa que precisam parar de fazer. Como vocês acham que vão à reunião, como acreditam que precisam ir e creem que vocês estão lá, não tratam isso como acontecimento. Por causa disso querem governar, comandar a ação.

Existem dois resultados para essa forma de vivência da sangha: supervalorizar ou diminuir o valor dela.

Foi o que eu lhe disse ontem. A partir do momento que você não vê a vida acontecendo, mas acredita que age sobre a vida, vai julgar a sua ação na vida – sua suposta ação na vida, que não é a sua ação e sim a própria vida.

Me responda uma coisa: cada vez que acaba a sangha, o que é que vocês fazem?

Participante: A gente fala sobre o que aconteceu.

Não, não fala. Se falasse seria ótimo.

Participante: A gente julga o que aconteceu, o comportamento das pessoas.

Julga o seu comportamento, julga a utilidade da sangha para você.

Dizem: ‘hoje a reunião foi horrível! Para mim não valeu de nada ter ido lá’. O que aconteceu durante a reunião é a vida que está julgando. Não se julga o que acontece. Não se julga como foi a reunião. Se mesmo assim a sua vida for comentar, e isso vai acontecer, você deve dizer: ‘não sei’ ou ‘dane-se’. ‘A minha vida foi ir. O que eu posso fazer’?

É isso que vocês precisam entender. Isso vale para todas as situações da vida e não só para as reuniões da sangha. Com certeza, quando for embora, vai sair daqui e a sua mente vai ficar trabalhando julgando tudo que aconteceu aqui. Trará ideias que afirmarão que coisa poderiam ter sido diferente ou de que foi muito bom. Já houve pessoas que saíram daqui dizendo: ‘eu gastei tudo isso de dinheiro para ouvir só aquilo’?

Vocês precisam parar de julgar a vida; e a reunião da Sangha é vida, por isso não se deve julgá-la. Esse é um recado para todos, mas é mais forte para aqueles que possuem pessoas próximas com quem convivem diariamente fora da Sangha. É comum vermos estas pessoas comentando o que acharam da reunião. Não façam isso.

Claro que o falar é vida e vai acontecer, se tiver que acontecer. No entanto, quando isso acontecer, não aceitem o que a mente dirá.

Vida não se julga; vida se vivencia, se assiste. A vida não está aqui para te satisfazer. Muito pelo contrário: para ela, quanto pior, melhor. Por isso ela não vai deixar de julgar a sangha.

Para que ela fala mal da sangha? Para você aceitar quando a sua vida for não ir à reunião. Não é aceitar o ‘não ir’, e sim aceitar os motivos que ela coloca para justificar a sua ausência.

Ir ou não ir não está certo nem errado. É vida e vai acontecer. Se a sua vida for ir, você vai; se for não ir, não vai. Esse não é o problema. O problema é aceitar os motivos que justificam ir ou não.

Participem da sangha sabendo que ela é vida e como vida, vai acontecer do jeito que tem que acontecer. Se ela acontece do jeito que tem que acontecer, não há nada de errado acontecendo. Há somente vida acontecendo em baixo dos seus olhos.

É importante nós termos essa compreensão para não julgarmos o que acontece, ou melhor, não aceitar o julgamento que a vida vai fazer do que acontece.