Em busca da felicidade - Textos - Parte I-Técnica

Estudar ensinamentos

Tem mais um detalhe: na reunião da sangha é o momento de estudar? É o momento para se debater ensinamentos? Para se aprender alguma coisa?

Participante: Na minha opinião, não. Até porque, cada um tem uma opinião a respeito do ensinamento. Se pararmos para estudar, cada um vai querer impor sua compreensão ao outro.

Sim. E qual o problema de um querer impor a opinião ao outro?

Participante: Ele não estará amando.

A finalidade da Sangha é amar e não aprender. Aprender é na hora de estudar, de ler, de ouvir palestras – esse é o momento de aprender, aprender como se ama. A reunião com os afins é a hora de praticar o que se aprendeu quando estudou. O que adianta você saber o que é amar, se no momento da reunião não ama?

Esse é o quarto detalhe: atividade da sangha, a não ser que seja uma atividade específica para isso, não é lugar para se debater estudos. Não é lugar para se dizer ‘Joaquim falou isso’. É lugar para se praticar.

Deixe para ler na hora que você estiver em casa sozinho. Sabe por quê? Não importa o que você leia, você vai ter uma interpretação, ou seja, vai criar a sua verdade. A sangha não é lugar para choque de verdades. É lugar para colocar a sua verdade e dar direito ao outro de colocar a dele.

Eu sei que muitas vezes vocês começam a debater os ensinamentos que são colocados na internet e dizem: ‘olha o Joaquim colocou uma coisa muito importante’. Não façam isso. Se você leu, era para você ler. Se o outro não leu, não era para ele ler. Essas coisas você só deve discutir com você mesmo. Você analisa, debate sozinho e a opinião do outro não importa.

Eu sei que muitas vezes vocês conversam sobre os ensinamentos, mas estão perdendo tempo. Ou melhor: estão só gerando mais atrito.

Participante: Graças a Deus, mais motivos para praticar.

Isso.

Portanto, a não ser que seja uma atividade específica, não tentem comentar os ensinamentos. Mesmo assim, na atividade específica para isso alguns cuidados devem ser tomados.

Nós, por exemplo, vamos estudar ‘Os Guerreiros da Paz’. Pode ser que na sua comunidade ou em qualquer outro lugar as pessoas decidam se reunir para comentar o estudo que será feito. Nesse caso, o objetivo será o de comentar os assuntos tratados e não cada um ensinarão outro o que foi falado. Se estes comentários forem feitos, é o momento para cada um colocar sua opinião sobre os ensinamentos e não para impor sua interpretação frente aos demais.

Aliás, seria até bom que vocês fizessem isso, para que vejam que a mesma frase que eu digo tem diversas interpretações e que todas elas são verdadeiras. Para quem? Para quem aceitou aquela interpretação como verdade.

É interessante existir a atividade de estudos, de conversar sobre os ensinamentos, mas no sentido de ouvir o comentário dos outro, e não no sentido de aprender/ensinar. O horário de aprender é quando se está estudando os ensinamentos que estão na internet.

Nas atividades de reunião, de estar em grupo, sem finalidade específica, não se discute ensinamentos. Mas, seria interessante que houvesse reuniões no sentido de se abordar ensinamentos, mas sempre com a intenção de cada um comentar o que entendeu daquele ensinamento.

Muitas vezes, a compreensão do outro pode contribuir para a sua, pois, se você ouve sozinho, estuda sozinho e não conversa sobre os ensinamentos, vai criar uma verdade e não vai saber naquele momento se ela será a melhor para você, se vai lhe ajudar mais.

Participante: Pode ser que a verdade do outro ajude mais, mas você tem que a ouvir primeiro.

É isso que eu gostaria que você passasse para as pessoas: falar que a reunião da Sangha não é lugar para comentar ensinamentos, mas é a hora de se falar da convivência com a vida e viver atritos, para aprender a conviver com eles.