As reformas da reforma

Regras societárias

Participante: mas, existe a questão do limite. Nós temos que aprender a dosar entre o amor e a liberdade. Temos que ensinar o limite que ele pode exercer a sua liberdade.

O limite do amor não está no ato, mas no sentimento. Quando você quer que o seu filho tome um suco porque que você gosta dele ou porque segundo a ciência faz bem para a saúde, está sendo egoísta e não fazendo algo de bom para ele. Está querendo impor alguma coisa para o seu filho.

No tocante a reforma íntima, o problema não é aquilo que se faz, o ato que se pratica, mas sim o sentimento com o qual se vivencia o momento. É por isso que Paulo ensina: Deus recebe os seres não pelo cumprimento da lei, mas pela fé. É por isso, ainda que Cristo ensina: Deus julga as intenções e não a ação.

As regras societárias não servem como instrumento de comprovação de elevação espiritual. Na verdade, eles servem apenas como geradoras de vicissitudes que permitem que as reformas sejam alcançadas. Paulo quando nos fala da aceitação de Deus mostra o exemplo de Abraão para explicar a sua teoria.

Abraão era um israelita que sempre quis ter um filho, mas só conseguiu depois dos noventa anos. Este filho, cuja chegada foi anunciada por um anjo do Senhor, era tudo de mias precioso que Abraão tinha. No entanto, Deus pediu que ele levasse o seu filho a um altar e ali o sacrificasse em honra a Deus.

Mesmo sendo contra a lei matar, mesmo sendo seu único filho e seu mais precioso tesouro, Abraão fez o que Deus lhe pediu. Levou seu filho ao altar e quando ia sacrificá-lo Deus lhe disse que não precisava realizar a ação, pois ele já havia provado o seu amor a Deus acima de todas as coisas.

Com este exemplo fica bem claro se compreender que o amor independe do que se faz. Por isso afirmo que perder a felicidade porque alguém quebrou uma regra societária não denota em momento algum que este ser está mais próximo de Deus. Ao contrário: denota o quanto um ser está afastado do Pai. Vou dar um exemplo para explicar o que estou querendo dizer.

Se seu filho soltar um gás no meio da comida com certeza você brigará com ele. Por quê? Porque existe uma regra societária, que você concorda, que diz que agir assim é errado. Mas, como você passou a achar errado? Por imposição dos seus pais.

Quantas vezes você já quis soltar gazes durante a refeição e não pode por causa das restrições que seus pais criaram para você? Quando isso aconteceu, com certeza você sofreu. Pois é, o sofrimento que você passou quer agora transmitir para os filhos em nome de um limite de liberdade. E ainda diz que ama os filhos...

Agora, repare num detalhe: não estou falando em mundo externo, em você orientar seu filho para não fazer alguma coisa ou não, mas interiormente. Estou dizendo que para promover a reforma você não pode interiormente perder a sua alegria, a sua compaixão e a igualdade...

É dentro de você que não deve se contrariar porque o seu filho rompeu o limite que você acredita que exista. Quanto a boca, se ela falar para o filho que aquilo não deve ser feito, não se impressione, pois isso faz parte do teatro da vida dele e serve para futuramente gerar as provações que ele precisa. Agora, se você sentir-se mal porque ele fez este ato ou querer que ele também se sinta culpado por isso ter acontecido, neste caso não há amor algum...

Na verdade os pais querem que os filhos gostem do que eles gostam. O filho tem que torcer pelo mesmo time de futebol, se gosta de um determinado gênero de música ou de filme, o filho tem que gostar também dele. Na concepção dos pais o filho tem que gostar do que os pais gostam. Por que isso? Para que os pais não precisem mudar as suas verdades.