As reformas da reforma

Promovendo a reforma íntima

Esta é a mudança de ser humano para o espírito. O ser humano vive preocupado com o futuro porque o que busca é a satisfação. Quando o prazer está concentrado na realização profissional, ele sempre aceita os pensamentos referentes a assuntos profissionais, pouco importando onde esteja agora ou o que esteja fazendo. Por isso perde todos os momentos presentes.

Deixa-se levar pela linha de pensamentos a respeito dos problemas do trabalho e imagina que depois terá tempo para curtir o seu filho. Só que depois que conquistar o que anseia no emprego, aparecerá outra coisa para preocupar-se e depois outra.

Quando não aparecer mais nada para se preocupar com este aspecto da vida, o filho que o ser humanizado quer curtir não existe mais. Terá virado um homem ou uma mulher com vida própria e exigindo independência. Neste momento, o ser humano não tem mais os filinhos para curtir.

Promover a reforma íntima não é dar comida para o outros, mas trata-se de uma mudança interna. Mudança interna é deixa de viver a vida que você quer viver, para viver a vida que existe hoje, aquilo que o universo coloca a sua frente. Foi isso que todos os mestres ensinaram

Quando Jesus diz que você deve abandonar tudo e carregar a sua cruz, ele está dizendo isso: viva o momento que você está vivendo, pois ele é a sua cruz. Buda diz exatamente isso: viva o presente, o passado já passou e o futuro não chegou.

Você só tem o presente para viver. Mesmo que o futuro seja o amanhã ou os próximos cinco minutos, ele ainda não chegou porque você está neste minuto. O presente é este minuto, este segundo, esta fração de segundo que você está vivendo. Quando esta fração de segundo passar, ela se juntará a todos os outros segundos já vividos e constituirá uma coisa só que é chamada de passado. O que é passado passou, não existe mais.

Isso é muito simples, vocês me diriam. Mas, não foi dito que o espírito é simples e ignorante? Só quando ele aprende coisas difíceis perde a simplicidade. Quando se torna complexo quer viver milhões de coisas ao mesmo tempo e acaba não vivendo nada. Mas, para viver o presente é preciso não desejar, não sonhar, não criar ilusões, não buscar outras coisas, mas apenas viver o que tem.

O que interfere no resultado da encarnação de um ser não é quantidade de roupa que você tem ou a quantidade de dinheiro que possui. Não é isso que lhe faz rico ou pobre espiritualmente, mas a quantidade de ilusões que tem. Há muito pobre que não tem nada o que comer na mesa, que é muito mais soberbo do que aquele que tem fartura à mesa.

Há pessoas com muitas coisas à sua disposição que não possui aquilo que tem. Como não vive a possessão das coisas que estão à sua disposição não geram desejos para vivenciar. Vivem apenas o que tem a cada momento.

É por causa da importância de saber ter (aprender a viver sem possuir o que está à disposição) que quando um moço rico perguntou a Cristo o que poderia fazer para segui-lo o mestre respondeu: abandone tudo que é seu. Abandone todas as suas posses, os seus desejos e siga Cristo, que é o que você tem.

Esta é a primeira transformação: deixar de ser individualista e ser universalista. Ser universal, penetrar o universo, viver em comunhão com ele. Saber viver cada momento com o que ele contém sem deixar-se levar pelos desejos e anseios que a mente cria é a primeira providência para você poder se preparar para o retorno à pátria espiritual.