Saber e conhecer

Perguntas diversas

Participante: o desapego às coisas materiais faz parte do processo evolutivo?

Para compreender bem o assunto, a primeira coisa que você precisa realizar é a compreensão do que são coisas materiais. Como falamos hoje, coisas materiais são todos os objetos, todos os elementos da natureza terrestre, todas as pessoas que vivem no planeta e tudo o que aqui acontece.

Sim, o desapego a todas essas coisas faz parte do desenvolvimento espiritual, porque elas não pertencem ao mundo dos espíritos. Espírito não pensa, não possui o raciocínio como conhecido pelo ser humano: com palavras, ideias, sons, etc.

Participante: como se origina a ideia de culpa? Como posso me libertar dela?

Toda culpa é originada na ideia de ter errado. Por isso, quando você sabe que errou, ou seja, dá o valor de real e verdadeiro a uma informação que fala em erro, a culpa é inexorável.

Como se livrar disso, então? Diga a si mesmo: ‘há na minha mente uma informação de que errei, mas não sei se isso é verdade’.

Essa é a única forma de se livrar da culpa, pois se não fizer isso, certamente se sentirá culpado...

Participante: as pessoas falam que tenho que correr atrás das coisas, que tenho que lutar pelo que quero. Dizem que Deus faz a parte Dele, mas que eu tenho que fazer a minha. Como responder a essas pessoas que me cobram uma posição sobre eu mesmo?

Posso ser bem sincero? Não sei...

Não sei como jogará para fora uma ideia, porque isso quem criará são os cinco agregados. Por esse motivo não posso lhe responder dando uma forma de como se comunicar com os outros.

Apesar disso, posso saber como deve agir interiormente quando isso acontecer: deve lidar com a ideia de mudar-se ou não sem apego. Ou seja, não deve lidar com aquilo que a sua mente cria para o que os outros falam com obrigações, como a de acatar o que é ouvido ou com a obrigação de não acatar.

Portanto, só posso lhe responder sobre o que deve fazer com relação a si mesmo e não com relação aos outros. Por isso nada posso dizer a respeito das palavras que falará aos outros.

Saiba de uma coisa: o ato de falar, como qualquer outro, são criações dos seus cinco agregados e criam a sua vida.

Participante: o ensinamento que o senhor traz pode ser transmitido a uma criança?

Pode.Claro que a didática para fazer isso não é a mesma que utilizo quando converso com vocês, mas pode sim.

Como fazer? Por exemplo: quando a criança estiver assistindo na televisão e é dito que ela deve se vestir de determinada forma, que deve se portar de um jeito, que precisa ter algum produto, ensine que aquilo são apenas opiniões dos outros e não algo que precise fazer, ter ou ser. Fazendo isso, já estará transmitindo o que conversamos.

Agora, se quiser explicar sobre os cinco agregados que geram a realidade que imagina estar vivendo, não a fará compreender nada. Aliás, vocês mesmos pouco compreendem do que falo...

Participante: duvidar das suas percepções não é se iludir? Quando sinto que estou com dor de barriga tenho que correr logo para o banheiro...

Eu não falei para você não ir para o banheiro: falei para duvidar da dor de barriga. Quantas vezes sente vontade de ir ao banheiro e quando chega lá foi alarme falso? Quando isso acontece, se desaponta. Pronto, viveu um sofrimento...

Sendo assim, vá ao banheiro, se fizer isso, mas não acredite que aquela dor de barriga é real. Acreditando criará a expectativa de viver um acontecimento e se ele não surgir, haverá um sofrimento. Não crendo no que a mente cria, não haverá a expectativa de viver alguma coisa e com isso não importa o que aconteça não sofrerá.

Nada do que ensino tem a ver com atos, mas sim com a sua relação com a mente. Não falo que você deve ou não praticar determinadas ações, até porque quem as pratica não é você: elas surgem da ação dos cinco agregados.

Quem vai correr para a privada não é você. Isso só acontecerá no que chama de sua vida quando os elementos que se agregam ao espírito no advento criar.

Portanto, ocupe-se apenas em conviver com o que a mente cria e deixe os agregados construírem o que você chama de vida...

Participante: não querer é querer algo?

Não querer é apenas não querer. Agora, querer não querer é querer algo.

O querer não querer é uma criação da mente, dos cinco agregados. Quem se apega a esta criação vive um querer. Agora, quem apenas nada quer sem desejar nada querer, este vive um não querer e não um querer.

Complicou? Vou tentar descomplicar. Não querer alguma coisa é uma atitude que você toma com relação a algo que a mente crie. No entanto, se esta atitude está vinculada a um saber que nada deve querer, neste caso não houve desapego algum.

Participante: o que é realmente sofrimento?

Será que vocês ainda não sabem o que é isso? É qualquer contrariedade... Qualquer desarmonia, qualquer desequilíbrio com o que está acontecendo é um sofrimento.

Quando você, por exemplo, apenas não gosta de alguma coisa, isso já é sofrimento. Não é necessário ter asco por aquilo: apenas não gostar e ter que conviver com um elemento já é um sofrimento.

Mas, de onde surge este não gostar? Da crença do valor de real ou verdade que dá àquilo que os cinco agregados constroem. Foi o que já disse: os cinco agregados propõem verdades e realidades que você pode comungar ou não. Eles lhe propõem que você gosta daquilo, mas só gostará se concordar aquela informação.

Participante: se tudo é diferente na realidade, onde um bondoso é um espírito egoísta e onde um amoral e egoísta humano é na verdade um espírito mais esclarecido?

Nunca afirmei que a realidade é diferente. O que disse é que pode ser... Quem acredita que qualquer coisa é, está estabelecendo verdades que denotam apego às criações dos cinco agregados. Um espírito bondoso pode viver uma personalidade humana que seja amoral e egoísta, mas isso não quer dizer que todo ser humano desta forma é vivido por um espírito que seja bondoso.

Agora, como se justificar que um ser humano bondoso não é vivido por um espírito bondoso? Analisando a bondade humana. Se alguém é bondoso com outro porque acredita que este é um caminho para a sua elevação, ele está pensando em si ou no próximo? Claro que em si mesmo.

Assim sendo a motivação desta bondade não foi o amor ao próximo, mas o egoísmo, o amor a si mesmo. Como esta motivação está no íntimo de cada um, você jamais saberá se alguém está realmente agindo universalmente ou individualmente.

É por isso que digo que quem humanamente pratica a moralidade pode ser um espírito bondoso ou não.