Imperfeições do ser - Textos

Padronização

Outro elemento que a mente usa como instrumento para que ela possa assumir o poder a cada momento da vida e assim conseguir a subordinação dos outros a ela é a padronização, a criação de atitudes padrões para cada situação. Por exemplo, um ser humanizado quando acusado, por padrão, tem que se defender; quando caluniado, tem que provar que está certo. São argumentos que a mente cria como coisas normais de serem feitas para submeter os outros à sua verdade ou justificar a sua própria ação.

Estes padrões não existem, pois não são todos que agem de uma determinada forma frente a uma situação, mas apenas aqueles que acham que aquela é a forma certa de reagir. Por isso estas formas de agir não podem ser consideradas padrões universais e se não são assim, não existe a obrigatoriedade de todos agirem da forma que você acha normal. Se estes padrões fossem universais, isso nos levaria a crer que são fundamentados em uma verdade absoluta. Como este tipo de verdade não existe no mundo humano, nada pode ser considerado universal, ou seja, obrigatório a todos.

É esta simples análise que elimina toda possibilidade de ser politicamente certa a existência de uma normalidade que precisa ser seguida por todos os seres humanizados. Não pode ser considerado como certo, amoroso ou até um ato de carinho se exigir do outro que aja dentro do padrão que você acredita como certo nem justificar sua ação desta forma. No entanto, vocês acreditam nas afirmações mentais que afirmam o contrário. Acreditam nos pensamentos que cobram dos outros que ajam de acordo com os seus pontos de vistas, que justificam sua forma de agir. Por isso compactuam com a busca do poder que a mente faz e com isso, a partir da visão espiritual, juntam mais impurezas que lhes afasta da perfeição.

O terceiro elemento que a mente usa para poder deter o poder em determinados momentos da existência é algo que levaríamos horas discutindo, mas vou falar rapidamente: a questão dos parâmetros de justiça, o que é justo ou injusto. Tudo neste mundo é justo, mesmo aquilo que você chama de injustiça.

Reparem numa coisa. Vocês acham que se deve dar terra a quem não a tem. Acham justo agir neste sentido, mas será que é justo mesmo? Deus enviou Seu filho para dar o exemplo. Quanto tempo ele dedicou à questão da reforma agrária? Quanto tempo ele dedicou contra os professores da lei no sentido de retirar o seu poder ou contra os romanos que dominavam e escravizavam os judeus? Nenhum...

Que Deus é esse que sabendo que estão incorrendo injustiças na Terra e tem a oportunidade de mandar seu filho a este planeta, não se preocupa com a situação que estava ocorrendo? Será que Ele não orientaria seu filho, que possuía o poder de realizar coisas além do poder material a acabar com as injustiças que estavam ocorrendo? Além do mais, injustiças existem neste planeta há sete mil anos. Será que neste tempo todo Ele não teve condição de acabar com aquela injustiça? Se não acabou acho que é porque ela não é tão injusta assim, não é mesmo?

Apesar desta rápida visão sobre a questão da justiça, vocês continuam criando parâmetros que determina o que é justo ou não e usando-os para poder assumir o poder em momentos da existência e com isso dominar os outros.

Assumir o poder para dominar os outros e assim manter preservado seus interesses individuais acima dos do próximo (egoísmo): este é o intento que está por trás de todos os parâmetros de justiça, de todas as padronizações e dos códigos normativos que a mente cria. Todas estas coisas são criadas pela mente para gerenciar o certo e o errado de acordo com suas crenças individuais e com isso poder determinar o que o outro tem que fazer.

Será que não reparam que quando fazem isso estão deixando de amar ao próximo como a si mesmo e a Deus acima de todas as coisas? Será que não reparam que quando querem gerenciar a vida dos outros estão agredindo o que Deus deu a cada um: o livre arbítrio, a liberdade de crer, ser, estar e fazer o quiser?

A questão da busca do comandar o outro através de códigos normativos, elementos padronizados e normas de justiça fica muito mais clara como impureza justamente quando avaliamos a questão da existência destas coisas e o direito inalienável que Deus deu a cada um de livre arbitrar, de viver livremente. Exigir justiça usando critérios individuais para julgar o que é justo é realmente uma impureza porque fere frontalmente a liberdade que Deus concedeu a cada um.

Quem se utiliza destes elementos para controlar o que o outro pode crer, ser, estar ou fazer, está castrando o livre arbítrio do próximo. A liberdade de crença e de agir de acordo com ela que vocês tanto defendem para si é o que retiram do outro quando estabelecem códigos, padrões de ação e de justiça que contentem aquilo que você acredita. Quando agem assim tornam-se o próximo escravo de suas crenças e desejos. E ainda dizem que são contra a escravidão...

Desculpem-me se estou falando algo que não é real, se não é esta forma humana de agir. Sei que vocês dão a estes códigos e padrões o valor de justo, de bom, imaginam que eles são movidos por sentimentos nobres, mas se analisarmos o comportamento padrão de um ser humanizado retirando a paixão que nutre pelos elementos que possui, acho que a realidade é esta que estamos conversando, não é mesmo?

O ser humano acredita que estes códigos e padrões são criados para ajudar os outros, para estabelecer um sistema de convivência harmônica entre todos, mas quando mergulhamos no resultado da criação destes elementos, vemos que o que eles trazem é danoso para a vida de alguns, não é mesmo?