Imperfeições do ser - Textos

O modelo econômico e a felicidade

Participante: a vida regida pelo modelo econômico como hoje conhecemos um dia vai acabar para que a humanidade viva a felicidade?

O modelo econômico do planeta não traz problema algum à felicidade do ser humanizado. Por isso ele não precisa acabar para que vocês sejam felizes. O que precisa acabar não é o modelo econômico, mas sim o modelo humano de vivência da vida: uma existência regada por um conjunto de normas e leis que geram obrigações e necessidades. É isso que precisa e vai acabar neste mundo.

O modelo econômico não traz problemas, mas sim você achar que tem o direito de ter alguma coisa. Quando isso existe e não há o dinheiro disponível para adquirir este desejo é que existe o sofrimento. Ele não é causado pelo que é desejado, mas sim por achar que tem o direito de ter.

‘Sou um ser humano igual os outros. Trabalho, produzo e ganho meu dinheiro. Por isso tenho o direito de comprar um computador’. Isso não existe. Você tem o direito de comprar o que lhe é possível comprar. O que não lhe é possível adquirir por qualquer motivo não está dentro do seu direito. Quem pensa ao contrário vive um vício, uma dependência de algo para ser feliz. Na hora que cada ser humanizado viver com aquilo que tem em paz e harmonia sem achar que precisa ter além do que possui, qual o problema se o sistema é capitalista ou socialista?

Lembro uma vez que estávamos falando de clonagem e uma pessoa me disse que viu um filme futurista. Nele as pessoas eram geradas de acordo com a necessidade do mundo. Por exemplo: havia necessidade de varredores de rua e eram gerados cinqüenta seres humanos com estrutura para exercerem esta função; havia necessidade de professores, então eram geradas pessoas com capacidade para exercer esta função. Ou seja, no filme as pessoas eram geradas com estrutura para executar determinadas tarefas.

Lembro, ainda, que respondi a esta pessoa perguntando porque ela havia estranhado isso, pois hoje já é assim. Nascem seres humanos que, por conta de suas próprias limitações ou meio onde vive, nascem destinados a somente serem varredores de rua. Não é assim que acontece?

Sei que você deve estar chocado por ter falado assim. Este choque nasce porque você é viciado em ter que progredir, em buscar algo melhor. Por conta deste vício, acha que ser varredor de rua é algo pequeno, constrangedor. Mas, não há o menor problema em ser um gari Aliás, lembro que diversas perguntei as pessoas como elas se sentiriam se não houvesse pessoas que recolhesse o lixo das ruas. Pelo que disseram que sentiriam chegamos, então à conclusão que ser varredor de rua é uma profissão importante para sociedade.

Varrer rua não é humilhante para ninguém e por isso nascer com este destino não pode ser problema para alguém. Mas, para alguns é. Por quê? Porque querem ser médico, advogado, etc. Para este é problema ter um destino que o leva a viver da coleta do lixo na rua.

Usei este raciocínio para lhe mostrar que o problema do não ser feliz não está no sistema econômico de vida, mas no vício do ser humanizado, no tem que ser de uma determinada forma para haver felicidade. Não é o sistema que oprime quem varre ruas, mas sim o vício no tem que ser mais do é que faz isso.

Apesar disso, afirmo que o sistema econômico atual do planeta acabará e outra forma de relacionar-se acontecerá. Esta mudança por si só, no entanto, não levará o ser humanizado à felicidade. Enquanto ele for viciado no tem que ser, estar e fazer de determinada forma terá dores e prejuízos.