Em busca da felicidade - Textos - Parte I-Técnica

Outras perguntas

Participante: Por que temos que recorrer à bíblia e às obras de Kardec se Deus conversa com a gente o tempo todo? Estamos como nos dias de Ló, quando tudo estava acontecendo e ninguém via?

Ninguém conversa com você, a não ser quando você ouve uma voz. O que é um pensamento senão uma voz dentro de você? Quem fabrica o pensamento? Você.

Então, esqueça a ideia de Deus falar com você. Deus não lhe fala. Você está muito longe Dele para ouvi-Lo.

Já reparou que Deus só fala o que você quer ouvir? Por isso, Ele não é Deus, mas o seu deus.

Participante: Os incomodados que se mudem. Este ditado popular deveria nos levar a compreender que se estamos incomodados com alguma coisa, o problema é só nosso e não na coisa ou pessoa. Além disso, quando o nosso jeito de ser incomoda algumas pessoas, não temos obrigatoriamente que mudar. O que importa é a consciência tranquila. Pode esclarecer isso?

Realmente os incomodados que se mudem.

O problema é que os seres humanos querem mudar de lugar quando se incomodam com alguma coisa. Quando fazem isso, já reparou que o incômodo volta a aparecer? Não importa quantas vezes vocês mudem de lugar: o incômodo sempre ressurgirá.

Sendo assim, não adianta mudar de lugar. O que você precisa fazer é mudar a forma de viver o incômodo. Isso só se faz através da mudança de consciência, ou seja, da forma de viver a vida.

Participante: Esses ensinamentos foram divisor de águas em minha vida. Fui espírita, Kardec e umbanda, criado na igreja Batista e conheci diversos segmentos de estudos. Gostaria de saber porque em nenhum desses conhecimentos disponíveis nunca tinha ouvido falar que vivemos numa ilusão, que não devemos agregar valores às coisas, seja bom ou ruim e principalmente que o livre arbítrio é do Espírito. Posso dizer com toda certeza que se disser para qualquer pessoa, que Deus cria tudo e que você é apenas um ventríloquo, ele irá me chamar de louco. Se esses ensinamentos são tão inovadores, quais as chances das pessoas passarem para a nova fase, principalmente nesse momento de transição?

Usando Deus Causa Primária? Nenhuma.

Nenhuma pessoa passará para nova fase usando o ensinamento Deus Causa Primária. Falo isso porque vocês acham que aprenderam este ensinamento, mas na verdade não aprenderam. Na realidade, vocês apenas criaram culturalmente uma ideia do que é ser Causa Primária.

Sabe porque digo isso? Por que vocês só usam Deus Causa Primária quando querem usar. Vocês acham que Deus é Causa Primária, mas ainda acham que vocês existem. Se Deus é Causa Primária de tudo, vocês não existem!

Vocês acham que Deus é Causa Primária, mas se isso fosse verdade, não iam acreditar que alguém está falando aqui, que vocês estão ouvindo aí e nem que existe o computador entre nós. Mas, ainda acreditam nisso tudo.

Deus Causa Primária de todas as coisas é o ensinamento que para o ser humano, para a busca para a felicidade do ser humano, não serve para nada.

Agora, porque nunca lhe falaram isso? Porque todas as religiões querem lhe prender ao mundo do devas dela. A igreja católica e evangélica querem que você vá para o paraíso, o budismo quer que vá para o Nirvana, o muçulmano quer que você vá para uma tenda cercada por virgens. Todas elas criaram o seu próprio mundo de devas e querem que você vá para lá.

Eu não quero isso para vocês.

Participante: Mas, se o meu pensamento não é meu, então, estou sendo usado por algo que não sei o que é?

Sim, o seu pensamento não é seu e você está sendo usado. Agora pergunto: quem está perguntando?

Não, de que adianta saber de tudo isso se você não vive com essa realidade? Se vive com a realidade que é o que você pensa? Você vive aquilo que pensa estar vivendo...

Eu sei que você não pensa. Eu sei disso, mas você não sabe. Sendo assim, não adianta querer viver com essa ideia.

Eu só estou querendo mostrar que vocês estão correndo atrás do rabo. Vocês estão dizendo que entenderam, mas não entenderam.

Participante: Então todo processo é mental?

Viver é uma atividade mental e não física.

Pegue cinco pessoas e os coloque frente à um mesmo fato e terá cinco realidades diferentes, pois cada um vai dizer uma coisa, vai pensar uma coisa do fato. Ao pensarem coisas diferentes, cada um viveu um fato diferente.

Então não é fazer o fato que é viver, mas sim pensá-lo.

Participante: Se a forma de viver está relacionado à consciência, como fica a sinceridade do nosso coração para alcançarmos a nossa evolução? Está relacionada à fé?

Volto a repetir: coração para vocês é o músculo que bombeia o sangue. Só isso.

Vocês não têm coração no sentido de sentimentos. Sabe porquê? Vocês amam aqueles que lhes amam, amam aqueles que acham certo, gostam daqueles que lhes puxam o saco, gostam da comida pelo sabor ela tem. Cadê coração nisso? É tudo razão.

É a razão que lhe diz para amar fulano porque ele é muito bom. Não foi o coração que lhe disse isso.

Portanto, esqueça coração. Não dá para trabalhá-lo: só dá para trabalhar a razão. Isso porque a razão cria a realidade.

Eu não sei se alguém aqui já passou por isso, mas tomem uma pancada na cabeça. Vocês não saberão mais quem é, o que fez antes, o que vai fazer depois, o que pensava, nada. Ou seja, apagou a sua razão, você deixou de ser quem é.

Tem um filme chamado ‘Quem Somos Nós’. Nele os cientistas dizem assim: se ligar um terminal de computador à sua mente e inserir os dados no computador, você vai ser o que o computador disser que tem que ser. Ora, se você é tão frágil, se uma pancada ou um computador, faz deixar de ser quem é, vai se preocupar com o que?

Participante: Não sou eu que quero ter relações sexuais, mas o programa da minha vida. Não é isso?

Desculpe-me, que programa da sua vida? Você faz coisas programadas pela vida ou ainda acredita em surpresas? Ou ainda acredita em acaso, destino?

Não, acreditar em programação é coisa para Espírito. Ele sabe o que é programar uma vida, mas você só sabe o que é vivê-la.

Você, quando tem relações sexuais, tem antes o desejo de tê-la. Se tem o desejo de tê-la, atribui a realização dela ao desejo e não a uma programação.

Participante: Esse grupo que te acompanha é o teu carma de um passado longínquo?

Eu é quem sou o carma deles.

Se eu dissesse que eu sou guia, mentor, todos iam embora porque eu nunca puxei o saco deles, nunca passei a mão na cabeça deles...

Não, eu sou o carma deles.

Participante: O romance espírita fala apenas de homens sem corpos materiais. Ele é tão ilusório quanto a própria vida carnal? Qual o valor em saber de tudo aquilo que está nos romances espíritas?

Os romances espírita falam de homens sem carne e não de Espíritos. Preste atenção nos romances espíritas e veja se aqueles Espíritos não são seres humanos? Sim, são.

Qual o valor em saber de tudo aquilo? É o de prender vocês ao mundo dos devas.

Deixe-me lhe falar uma coisa. No Universo Universal, já disse aqui, não existe religião. Além do mais, a Bíblia nos ensina que o novo mundo será marcado pelo fim das religiões. Sendo assim, você acha que a religião quer lhe levar para o mundo universal? Não, o que ela quer é lhe fazer religioso nesse e no mundo dos devas.

Então, é por isso que existem os romances espíritas: para lhe manter preso ao entra e sai da roda de encarnações e, com isso, as religiões vão sempre tendo adeptos.

Participante: Paulo diz: eu morro todos os dias e é por isto que eu vivo. Como morrer todos os dias?

Não estando vivo todos os dias. Esse morrer de Paulo é algo que falaremos durante esse ano.

Morrer é não ter razão. Morrer todos os dias é não dar continuidade à vida, não transformá-la numa história corrida. Morrer todos os dias é não ser elogiado, não ter a fama. Ao contrário, é receber a infâmia e ser caluniado.

Esse morrer que Paulo fala é um conjunto de atitudes mentais que lhe deixa vivo. Quando você morre todo dia, está vivo, pois o vivo é aquele que está feliz. Vocês mesmo dizem quando estão nervosos, cansados, de saco cheio: ‘eu estou mortinho da silva’. Esse é o morrer que Paulo fala.

Agora, não esqueçamos que quem não morre não renasce, não é mesmo?

Participante: O apóstolo Paulo define a fé. Para ele é o firme fundamento das coisas que se esperam. A razão é uma obra do Criador inerente ao homem e a fé é um dom que o Criador nos concede? A razão e a fé se contradizem?

Sua pergunta está muito boa. Deixe-me tentar explicar.

Existe fé, no sentido religioso? Fé em Deus, existe? Sim, mas no mundo espiritual, no mundo dos Espíritos. No mundo dos devas ou dos humanos com ou sem carne, o que existe é uma fé humana.

O que significa para vocês ter fé em Deus? É acreditar que Ele vai lhes dar tudo de bom. Isso não é fé espiritual, é humana, é uma ação daquele que se entrega pedindo.

Paulo falava da fé fora espiritual e não da humana. Nesse trabalho também não vou falar de fé, pois não adianta, já que vocês só conhecem a fé humana.

Todos os seres humanos têm fé em Deus, fé de que Deus vai lhes dar aquilo que esperam ganhar, nem que seja o que chama de mundo espiritual.

Participante: O que é alcançar a felicidade nesse nosso mundo?

É não ter prazer nem dor; é não se exaltar quando por acaso ganhar o que esperava ganhar e não sofrer quando receber o que não esperava receber.

Participante: Você está destruindo toda obra de Chico Xavier. Pode me explicar isso?

Posso.

Estou destruindo-a porque ela só levou vocês para o mundo dos devas, ou seja, só tratou de um modo humano a coisa humana. Nada de espiritual foi abordado.

Agora, deixe-me dizer uma coisa: eu não estou destruindo a obra do Chico não, viu? Estou destruindo a compreensão que lhe passaram das obras do Chico, porque ele nunca escreveu para humanos.

Se ler a obra de Chico com outros olhos e não com os da Federação Espírita, vai chegar a outras conclusões.

Participante: É possível ser feliz vendo na televisão milhares de pessoas soterradas no Haiti?

Claro que é. Não é você quem está lá embaixo!

Você vive o aqui e o agora. Qual é o seu aqui e o agora? Estar na frente da televisão e não debaixo de destroços.

Só que para viver assim vai ser preciso entender – e nós vamos falar disso – a verdadeira compaixão. Compaixão não é sofrer com o sofrimento dos outros: é ter consciência de que eles estão sofrendo e não sofrer com eles.

Essa pergunta eu poderia responder até da forma que respondia antes, espiritualmente falando. Como fazer isso? Tendo fé em Deus. Se você acredita em Deus e acha que Ele é bom, não vai sofrer com isso: verá naquilo bondade.

Estão vendo como dizem que acreditam que Deus é bom, mas não acreditam Nele dessa forma se não fizer o que vocês acham bom?

Portanto, seja pela forma humana ou pela espiritual, você pode ver tudo aquilo sem sofrer.

Participante: O que é não ter o desejo pelo prazer? Olhar para um chocolate e desistir de comê-lo? Comer tentando deixar de acreditar que se gosta dele? Como deixar de ter prazer com as coisas materiais? Como devemos nos portar aqui fora? Fingir para o ego que se gosta daquilo que não se gosta e o contrário também?

Não. O desejo não estar em comer, mas sim na vontade de comer.

Comer é uma coisa; ter vontade de comer é outra. Comer é um ato que você está vivendo; vontade de comer é um desejo que pode ser atendido ou não. Dando margem ao desejo de comer, quando ele acontecer, terá prazer. Só que o prazer não nasceu no comer e sim no desejar. Desejando comer e não tendo, vai sofrer.

A felicidade é comer por estar comendo e não porque queria comer.

Participante: Porque esse processo para a elevação espiritual tem que ser tão complexo? Porque esse circo todo?

Pelo contrário, o processo é simples: são vocês que complicam.

Afirmo que vocês complicam porque quando digo que não existe certo nem errado, vocês dizem: ‘eu acredito que não existe certo nem errado’. Só que mais tarde dizem: ‘Deus é certo’.

Vocês complicam quando eu digo que não existe o bom nem o mal, mas continuam acreditando que o mundo espiritual seja bom.

Vocês é que complicam. Fazem isso porque não ouvem, ou melhor, não aplicam o que ouvem à tudo. Só aplicam para aquilo que querem aplicar.

Então, o processo é simples: é só não ter certo nem errado. A partir desta postura, mais nada poderá estar certo ou errado. Só que isso acontecer é preciso muito treino.

Participante: Não se exaltar ou não sofrer significa não expressar sentimentos? Expressá-los de que forma?

Você deve estar falando isso na mente. Você deve não se exaltar na mente, não no corpo. Se não se exalta na mente nem se deprecia através dela, cai na depressão, está na felicidade.

Agora, no corpo, pode se exaltar à vontade.

Participante: O senhor disse que o Espírito em sua essência somente tem o nome dado por Deus como sobrenome da família de Deus. Porque então Emmanuel mantém essa identificação? Ele ainda está atrelado a um ego?

Eu nunca falei que espírito tem nome. Pelo contrário: sempre disse que não tem cor, sexo, religião, nome...

Espírito não tem nada disso. Quem tem estas coisas são os espíritos humanos, os humanizados. Portanto, se esse ser se identifica por um nome, com certeza ele é humanizado.

A partir do que acabei de falar, você poderia dizer que eu também me identifico por um nome. Sim, pois como já disse em diversas ocasiões, Pai Joaquim de Aruanda é um ego, é um espírito humanizado. Pai Joaquim de Aruanda é um Deva.

Participante: Se Pai Joaquim é um deva, quem é você?

Um deva.

Participante: Pai Joaquim é um deva. E agora, a qual mundo de deva este grupo pertencerá?

Àquele que você buscar.

Participante: Estou estudando as palestras do livro Senhor da Yoga. Nelas o senhor disse que não podemos ser donos do direito de escolha dos outros. Como isso se encaixa aos filhos, por exemplo. Minha filha poderá fazer algo que julgo estar errado ou que esteja na iminência de se ferir ou se sujar. Como devo proceder no caminho do Senhor da Mente?

Sabendo, e isso é uma outra coisa que vamos falar, que a vida vive por si e que jamais vai conseguir prevenir todos os acidentes da sua filha. Um dia ela vai cair, se tiver que cair. Para isso, neste momento poderá estar longe de você.

Na hora em que se conscientizar disso, quando socorrer fisicamente, socorreu. Aí não terá prazer e nem terá sofrimento quando não conseguir socorrer.

Participante: Então é o conformismo? Está tudo bem como está?

Não, não é o conformismo. O conformismo é dizer ‘que droga, não tem jeito’. Não estou falando em se conformar; estou dizendo em constatar que as coisas são assim.

Você está aqui? Está. Se disser ‘que droga de que eu estou aqui’, ou seja, se conformar, vai sofrer. Agora, se constar que está e neste momento não há nada que possa fazer a respeito disso, viverá este momento de uma forma diferente.

Para ser feliz você deve apenas constatar que está aqui, que isso está acontecendo na sua vida. Só constatar, não se conformar.

Participante: Meu cunhado disse que o preto velho que incorporo disse a ele que no Universo o Espírito vive só esperando o chamado de Deus para a missão diária. Então, temos que nos acostumar a viver só sem emoções e apáticos?

O Espírito vive só no Universo, apesar de estar cercado de todos, pois não vive para fora, mas sim para dentro.

Nessa vida, se quiser você ser feliz, vai ter que ser só. Não solitário, mas sozinho.

Estou falando em ser só no sentido de estar sempre voltado para dentro, sempre voltado para você com atenção plena para ser feliz. Se não for assim, não vai conseguir.

Participante: Não há lugar para ir, nada para fazer, apenas sermos o que estamos sendo nesse momento?

Não há lugar para ir a não ser aquele que você for. Não há nada para fazer a não ser aquilo que você está fazendo. Não há nada para ser a não ser aquilo que você é.

O que interessa é a forma como vive o lugar que está, a ação que está fazendo e quem é. Isso é o que interessa, não o que faz.

Se vive quem você é se criticando, vai viver no sofrimento; se vive quem é se elogiando, vai viver no prazer. Se vivencia quem é, sendo quem é, é feliz.

Participante: Não devemos perder a esperança. Mas, como ter esperança sem esperar alguma coisa?

Ter esperança do que?

Aqui há algumas pessoas com mais idade. Pergunte a elas onde está tudo aquilo que elas sonharam em ser, que tiveram esperança que um dia fossem? Ficou tudo largo ao longo da estrada da vida.

Ter esperança é viver na irrealidade, na ilusão. A vida não é feita de sonhos. Quem vive sonhando e criando castelos de areia no ar são crianças.

O ser humano maduro é um ser humano lógico e racional. Ele não trabalha esperanças: trabalha realidades.

Viva a sua realidade sem esperar nada mais e você será feliz.

Participante: Então, todos que não abandonarem a sansara desse mundo de provas e expiações não vão seguir no novo mundo de regeneração. Se é assim, então a Terra vai ficar quase vazia?

É o que você pensa, viu? Vai não. Eu já disse: vai embora só um terço.

Participante: O livro Exilados de Capela conta a história de um povo que veio habitar a Terra e, pelo que entendi, viviam num planeta com outra evolução. Sendo assim, regrediram ao nosso mundo, de provas e expiações. Essa regressão é possível?

Não, o livro chama-se Os Exilados de Capela ou seja, daqueles que não conseguiram a evolução e que por isso vieram para cá. No próximo mundo vai ter um livro chamado Os Exilados da Terra, ou seja, aqueles que ainda são devas e que vão ser mandado para o novo planeta onde continuará existindo o mundo de provas e expiações.

Participante: recentemente ouvi você dizendo que não existem Espíritos pois, onde existe a Unidade não pode existir a multiplicidade. Se cada ser tem a sua própria consciência, isso não significaria que existem muitas consciências? Ou seria uma só consciência de onde cada ser se nutre da única consciência existente?

Neste caos, existiriam diversas consciências e uma consciência central.

Veja, você está tentando entender o Universo a partir de valores humanos. Se existem muitas consciências, existem muitos Espíritos. Na realidade não há isso.

Nesse trabalho que você se refere, eu disse que são consciências que pensam a mesma coisa. É como se todos pensassem a mesma coisa. Quando todos pensam a mesma coisa, só existe uma consciência, e não existe todos.

Foi isso que quis dizer naquela hora.