Imperfeições do ser - Textos

O vício do egoísmo e o amor ao próximo

Vamos continuar a falar da impureza do vício que começamos a conversar. Como disse tinha muitas mais coisas a serem faladas a respeito deste assunto.

Uma das coisas importante que já vimos é que o Espírito da Verdade trata como impureza não o egoísmo em si, mas o vício do egoísmo. Já começamos a falar disso. Dissemos que todos têm o direito de querer, de defender os seus interesses, mas não têm o direito de colocar essas posturas como dependência da sua felicidade. Vamos começar hoje a partir daqui.

Porque o espírito não tem o direito de colocar a defesa dos seus interesses como condicionador da sua felicidade? Se há alguma coisa que é ponto comum em todo e qualquer trabalho espiritual, seja uma religião ou seita, é a questão do amar ao próximo, do servir ao outro. Todos os ensinamentos da espiritualidade colocaram o serviço ao próximo como condição sem a qual não se consegue a elevação espiritual.

Agora, será que discutir com os outros para provar que você está certo é um ato amoroso, é uma demonstração de amor? Será que exigir que o outro faça as coisas do jeito que você quer, compreenda o mundo jeito que você compreende é um serviço ao próximo? Eu acho que não. É por isso que o vício do egoísmo não pode ser considerado uma atitude de alguém que se diz buscador de Deus, que quer aproveitar a oportunidade da encarnação para aproximar-se do Pai.

Por causa do vício no egoísmo, ou seja, por causa necessidade de ter todas as suas vontades atendidas o ser deixa de amar o próximo. Este é o grande problema deste vício. Aquele que se vicia na questão de exigir do outro que ele seja aquilo que considera certo, acaba com o amor ao próximo, acaba com o serviço. Não é o fato de você ter um conjunto de interesses individuais e nem o fato de querer preservar este conjunto, mas sim no depender de que ele seja preservado para poder ser feliz.

Como disse, você tem todo o direito de acreditar no que acredita. Tem todo direito em sonhar que as coisas aconteçam do jeito que quer. Você só não tem o direito de condicionar a sua felicidade a isso.

Acho que aqui não tem nenhuma criança. Já viveram muito e já viram muitas coisas e sabem que a vida é formada por vicissitudes, ou seja, por alternância de situações. Sabem que uma hora seu interesse é preservado, mas em outra é o de outra pessoa que é preservado. É assim que a banda toca, é assim que o mundo existe.

Se você sabe disso, viva o que tem para viver. Viva o momento em que o seu direito não é preservado em paz e tranqüilo, aguardando o momento onde ele será preservado. Quando não tiver o seu momento preservado, aceite que aquela é a oportunidade do outro ganhar, do outro fazer o que quer.

Já falei bastante a respeito da questão do respeito ao próximo. O respeito é uma expressão do amor ao próximo porque amá-lo é respeitar os interesses dele. Tudo isso acaba quando você se vicia em que as coisas têm que sair do jeito que quer, quando se vicia na idéia de que os outros só podem agir da forma que você considera como certa. Ou quando acha que só você sabe a verdade das coisas.