Imperfeições do ser - Textos

O poder

Vamos conversar, então, sobre outra imperfeição da qual o espírito precisa provar que está livre durante a encarnação: o poder.

Ao abordar o tema sistema humano de vida, falei que imperfeições são todas aquelas coisas que não deixam o espírito atingir a perfeição. O que quis dizer com isso? Se a perfeição se consiste na vivência da felicidade pura e eterna, a imperfeição deve levar o espírito a viver uma felicidade que seja impura e fugaz.

A felicidade impura e fugaz é o prazer. Ele é assim porque é dependente de elementos para existir. O prazer é um tipo de felicidade que surge quando aquilo que se espera que aconteça ou que se acha certo ocorrer, acontece. Ele é impuro porque esta dependência cria obrigações para si e para os outros; é fugaz porque dura apenas enquanto a vontade do ser humanizado está sendo satisfeita. Este é o caso do poder. Quem consegue deter o poder apenas vivencia uma felicidade impura e fugaz, ou seja, o estado de espírito de paz e harmonia com o mundo dura apenas enquanto o ser consegue que os outros façam aquilo que ele quer.

Além do mais, o poder que o ser humanizado consegue alcançar em momentos da vida é uma impureza porque ele nutre o egoísmo e assim acaba com o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, os mandamentos deixados por Cristo como caminho para se aproximar de Deus. Quem detém o poder não ama o próximo porque quer que o outro faça o que ele manda; não ama a Deus acima de todas as coisas, mas sim prioritariamente a si mesmo, pois depende do acontecer o que ele deseja para ser feliz. Com esta forma de agir, o ser está vivendo o egoísmo, pois está protegendo o seu patrimônio (suas verdades) face às verdades dos outros.

É por estes motivos (por levar ao prazer e servir ao egoísmo) que o poder é uma impureza e por isso Cristo ensinou através do Evangelho de Tomé:

“... maldito o homem que for comido pelo leão, pois que o leão tornar-se-á homem” (Logia 007).

O leão é o rei da selva, aquele que detém o poder. Usando desta figura Cristo ensina que o ser humanizado que se deixar ser dirigido pela busca do poder é maldito. Este ensinamento é mais um motivo que mostra que o poder é algo que deve ser combatido por aquele que quer ser bendito, que quer alcançar a perfeição nesta encarnação.