Vida humana

O objetivo da vida

Antes de continuar, deixem-me abri um parêntese. Falo muito de O Livro dos Espíritos porque ele traz toda técnica científica sobre o mundo espiritual. Os ensinamentos da Bíblia são doutrinários, os de Krishna e Buda falam da forma de viver, mas quem fala dos anseios do espírito é O Livro dos Espíritos.

Dito isso, vamos ver a pergunta que citei (266). Nela é explicado que logo que o espírito quando se desliga da matéria cessa toda ilusão e outra passa a ser a sua maneira de pensar. Esta nova forma de pensar está fundamentada na mudança dos objetivos da existência.

Quando encarnado, ou seja, sobre a influência das idéias carnais, o ser universal vive com o objetivo de gozar o bem terrestre. Depois que se liberta das consciências criadas pela mente, o ser universal quer gozar o bem celeste. Esta é a mudança da maneira de pensar que acontece no espírito quando preso ou não a uma encarnação.

Para compreendermos melhor isso pergunto: o que é um bem para o espírito? Isso é respondido na pergunta 115 de O Livro dos Espíritos: na perfeição os espíritos encontram a pura e eterna felicidade. Todo ser que busca elevar-se espera ganhar como resultado do seu esforço a felicidade. Sendo assim, a felicidade é o bem que se recebe como fruto de uma encarnação. Mas, enquanto encarnado, o ser dispõe de dois tipos de felicidade para buscar.

O ser quando liberto da ação da mente pensa objetivando alcançar a felicidade universal, que é pura e eterna. Esta não é a felicidade deste mundo. Aqui se vive uma felicidade que é impura, pois é alcançada através de uma intencionalidade egoísta (ganhar) e fugaz, porque só existe quando se alcança a vitória e se extingue rapidamente. Esta felicidade material nós chamamos de prazer.

Para alcançar este prazer é que a mente humana traça objetivos a serem conquistados. Quando eles são alcançados, ela, então, gera o prazer. O ser universal iludido pela humanização que vive e que por isso imagina que ela é a felicidade, goza o prazer e acha que realizou algo espiritual. Isso não é real, pois aquele que está livre da consciência humana quer mesmo é a verdadeira felicidade.

Quando falo em conquistar coisas, não estou apenas me referindo a objetos, mas a questões morais e sentimentais. Por exemplo: a felicidade oriunda da conquista do afeto do filho nada tem de espiritual. Ela é um prazer. Primeiro porque ela é temporal, ou seja, existirá apenas enquanto o seu filho respeitar o que você diz. Segundo, porque ela necessita que o seu filho acate suas vontades. Isso caracterizada a vitória da sua vontade sobre a dele. Além do mais, esta felicidade jamais seria vivenciada no mundo espiritual, pois lá não existem filhos nem pais: somos todos irmãos universais...

A felicidade gerada pelo acatamento de questões sentimentais ou morais é material, pois eles dependem de elemento materiais. Dependem da existência de um filho, de um pai ou mãe e da existência da vitória de um sobre o outro. Esta felicidade não pode ser espiritual porque ela não tem nada de elementos espirituais.

Portanto, enquanto vivendo neste mundo, você pode ser um espiritualista espiritual ou materialista. Quem é o materialista? Aquele que vivencia os acontecimentos objetivando alcançar a felicidade alcançada a partir de valores e elementos materiais. Já o espiritualista espiritual é aquele que vivencia o mesmo mundo objetivando encontrar apenas a felicidade pura e eterna.

Na realidade, quem vivencia os acontecimentos carnais de uma forma espiritual não alcançou nada ainda no tocante a se tornar um espiritualista pleno, mas já realizou alguma coisa neste sentido. Isso porque ele já possui algo inerente ao espiritualista pleno: o premiar os anseios e objetivos espirituais.