Reforma íntima - Textos - volume 07

O esforço do espiritualista

“O preguiçoso fica pobre, mas quem se esforça no trabalho enrique”. (Provérbios, 10, 4)

Adquirir o conhecimento que se transforma em riqueza para o espiritualista depende de esforço. Que esforço é esse? O esforço de analisar aquilo que a humanidade chama de humano em comparação com aquilo que os espíritos dizem que espiritual. Ou seja, o esforço de analisar a defesa de seus interesses à luz do que é ensinado pelos espíritos. Este esforço leva a uma compreensão espiritual do que está ocorrendo realmente em cada momento ao invés da prisão à moralidade das coisas de acordo com o que a humanidade assim classifica. Vejamos um exemplo para compreender o que estamos falando...

A humanidade acha correto se defender o direito de dar alimentos àqueles que não têm o que comer. Isso é moralmente aceito como certo pela humanidade e por isso defender este ponto de vista é considerado como uma atitude elevada. Mas, será que é mesmo?

Cristo nos ensinou que não devemos dar o peixe, mas dar a vara e ensinar a pescar. Este ensinamento demonstra claramente que para os espíritos apenas dar o que comer não pode ser considerado uma atitude elevada. Por isso a defesa deste ponto de vista se torna apenas num egoísmo (a defesa de um interesse seu) e não uma atitude moralmente elevada.

Com relação à caridade o Espírito da Verdade foi mais longe:

“886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”. (O Livro dos Espíritos)

Além de defender o apenas dar o peixe, a moral humana aceita como certa a crítica àqueles que tendo possibilidade de ajudar os outros não faz. A crítica aos governantes e aos abastados que não repartem aquilo que tem entre os que não têm é moralmente aceita por aqueles que acreditam no dar o alimento, mesmo que este ser se diga espiritualista, ou seja, desejoso de viver a felicidade que Deus tem prometido. Com isso desvirtuam completamente o sentido da caridade, pois não contemplam a benevolência, a indulgência e o perdão a esta suposta falta dos governantes e abastados.

Diante de tudo isso, posso afirmar que a defesa da caridade feita pelos seres humanizados que não estudam a sua imperfeição, mas que se submetem aos padrões humanos de certo e errado, é apenas uma ação egoísta e não algo que leva à elevação espiritual. Este mesmo raciocínio vale para muitas outras questões do dia a dia da vida humana. Analisando-as à luz dos ensinamentos dos espíritos, o espiritualista pode, então, adquirir aquilo que precisa ter para alcançar o seu desejo: o de viver a felicidade pura e eterna.