O evangelho segundo Tomé

Logia 99 - Sendo feliz

“099. Os discípulos disseram a ele: Teus irmãos e tua mãe estão lá fora. Disse-lhes ele: Os que aqui estão cumprem a vontade de meu Pai, e são meus irmãos e minha mãe; estes são os que entrarão no Reino de meu Pai”.

ZYTOS

Cristo nos diz que alcançarão a felicidade universal (reino do céu) aqueles que fizerem a vontade de Deus.

Neste evangelho aprendemos que Deus é Causa Primária de todas as coisas, ou seja, que todos os seres humanos só fazem a vontade de Deus. Logo, todos os seres humanos deveriam ser felizes, pois todos os seus atos e pensamentos refletem a vontade de Deus.

Na prática esta verdade não existe: o ser humano possui apenas momentos de felicidade e não alcança toda a sua existência neste estado. Como, então compreendermos este ensinamento do Mestre?

O ensinamento de Cristo nos diz que todos têm a felicidade dentro de si, mas que depende de cada um utilizar ou não este sentimento para viver.

Como também nos ensinou Buda, todos os sentimentos estão dentro do espírito e é ele que escolherá qual irá utilizar. Portanto, o Mestre nos ensina que todos os seres humanos podem ser felizes, dependendo da escolha de cada um.

Para ser feliz, antes de qualquer coisa, é preciso ser feliz...

Este deve ser o ponto de partida de todo aquele que busca a sua evolução, ou seja, participar desta felicidade universal. Todos possuem dentro de si tudo que é necessário para viver em felicidade constante, depende apenas de cada um exercer ou não este estado de espírito.

Se isto é verdade, o contrário também é: todo ser humano sofre porque quer, ou seja, porque escolhe sofrimento para reagir aos acontecimentos da vida. A felicidade ou sofrimento é escolha apenas do espírito.

Esta verdade universal tem que ser o ponto de partida para qualquer reforma íntima. Ela acaba com a dependência de determinados fatos que o espírito cria para alcançar a felicidade. Enquanto houver esta dependência, a felicidade universal estará sujeita a fatores externos ao espírito que não se encontram sobre o comando dele e por isto tornam impossível a felicidade.

Portanto, o espírito precisa escolher felicidade para poder ser feliz.

É para isto que existe a Quinta Verdade Universal: Deus é a Causa Primária de todas as coisas. Aplicando esta verdade aos acontecimentos da vida, será alcançada uma nova visão dos fatos, o que permitirá viver a felicidade universal.

Para poder escolher a felicidade, o espírito precisa conhecer os “sofrimentos” e este será o tema desta minha mensagem.

Existem três grupos de sentimentos dentro do estado de espírito sofrimento: os sentimentos que expressam o “certo e o errado”, os que refletem o sofrimento alheio e os que se originam do medo.

Para todos um só remédio: Deus Causa Primária por causa da Inteligência Suprema, agindo com Justiça Perfeita por Amor Sublime.

A mágoa, a raiva e o ódio são sentimentos que pertencem ao grupo do “certo e errado”, mas a luxúria, a inveja, a soberba e a cobiça também são. São sentimentos que servem de base para pensamentos que refletem um julgamento.

Quando o espírito sente mágoa, raiva ou ódio por outro é porque este cometeu atos com os quais ele não concorda. Esta discordância foi gerada porque o fato não está de acordo com os conceitos daquele que julga.

Este tipo de sentimento é um sofrimento porque quem julga usurpa a função de Deus. Somente o Pai, que possui todos os Seus atributos elevados ao expoente máximo, pode conhecer a verdade sobre o acontecimento. É esta compreensão que pode colocar fim ao sofrimento gerado pelo “certo ou errado”.

Tudo que acontece no universo está perfeito porque é comandado por Deus, Aquele que possuí a Inteligência Suprema. Aplicar este raciocínio aos acontecimentos pode levar o espírito a reformar-se, ou seja, ser feliz em qualquer situação da vida.

No segundo grupo de sentimentos que formam o estado de espírito sofrimento podem ser colocados o dó, a pena e o sofrimento alheio. O espírito quando encontra outro que está passando por situações de sofrimento e, junto com ele nutre também sentimentos deste grupo, não compreende a ação de Deus no Universo.

O Pai é o Amor Sublime e por isso não pode causar sofrimentos. No entanto, Ele precisa colocar situações de sofrimento para que o espírito se reforme. Aquele que “sofre” com os que estão vivendo estas situações, acusa Deus...

Para ser feliz o espírito tem que entender o Amor Sublime de Deus. Tudo o que o Pai proporciona para um espírito é para sua felicidade universal. Assim, cada situação, se bem aproveitada com felicidade, gerará um crescimento espiritual.

Se a utilização da felicidade pode levar o espírito à sua elevação, cabe àquele que está de fora da situação doar esta felicidade para seu próximo. Quando o espírito sofre, aumenta a provação de quem já está sofrendo.

A vida com esta visão não encontra sofrimento em qualquer situação onde o próximo seja “vítima do destino” ou de outro espírito...

Todos os dois primeiros grupos de sentimentos acima especificados causam um estado de sofrimento, porém muitas vezes passageiro.

O terceiro grupo, no entanto, reflete-se em um sofrimento constante, por que fere frontalmente a fé, ou seja, a confiança e entrega absoluta a Deus.

Todo medo é uma afronta a Deus, é o não reconhecimento da ação divina no universo. O medo se caracteriza pela falta de confiança no resultado ato. Se é o Pai quem determina este resultado, aquele que tem medo demonstra a sua falta de fé...

Como medo podem ser entendidos também a preocupação, a desconfiança e todos os sentimentos que refletem a falta de confiança em um resultado positivo para o ato. Quem possui estes sentimentos não consegue sentir a felicidade de participar do mundo de Deus.

Podemos agora compreender melhor o ensinamento “para ser feliz é preciso ser feliz”: a felicidade é encontrada quando se aplica a todos os acontecimentos da vida o conhecimento de que Deus é a Causa Primária de todas as coisas, as quais faz com Inteligência Suprema, Justiça Perfeita e Amor Sublime.

Com esta visão, o “certo e o errado” tornam-se perfeitos, os sofrimentos transformam-se em glória e os medos são abolidos. Neste momento a felicidade universal será alcançada!

Com as graças de Deus.