O evangelho segundo Tomé

Logia 98 - Minha vida

“098. Disse Jesus: O Reino do Pai é como um homem que desejara matar um homem poderoso. Em casa, desembainhou a espada e enterrou-a na parede para certificar-se de que sua mão seria capaz de faze-lo; então ele matou o homem poderoso”.

Joana

Louvado seja o Pai!

Quem vive universalmente não pode admitir que exista outra razão do que a de Deus, pois compreende, pela simples observação das coisas da Terra, que um poder maior tem que existir para que tudo aconteça dentro da Perfeição.

Somente aquele que vive individualmente não imagina que o seu “certo” levaria ao caos absoluto.

Existe apenas uma vida: a vida universal. A vida individual, aquilo que o ser humano quer construir, não pode existir, pois ela não conteria os ingredientes necessários de inteligência, justiça e amor. Mas o ser humano não compreende esta verdade, pois vive isolado do todo universal, preso a uma pequena casa que mantém de portas e janelas fechadas.

Como participar do universo se o espírito prende-se nesta casa pequena? Como conhecer o todo se o seu mundo é restrito pelas paredes que ele levanta? É preciso derrubar estas paredes para que o espírito entre em contato com o universo.

Como ver o céu se existe telhado, como descobrir além da visão se ela é tapada pelas paredes?

A vida individual é cercada por paredes formadas pelo “eu sei”, “eu conheço”, “eu posso”. Estas paredes limitam a visão das coisas universais. É preciso derrubá-las para se ampliar a visão para o todo universal. Enquanto o ser humano “souber” alguma coisa, apenas conhecerá as paredes de sua casa. Para participar das verdades do universo ele terá que quebrar estas paredes.

O teto da casa é a lei que o ser humano imagina que deve ser obrigatoriamente cumprida, mesmo com sofrimento. Este teto (lei) não permite que o ser humano veja a profundidade do universo, ou seja, que a lei de Deus é bem mais profunda do que o seu texto escrito.

Não matar não deve ser uma obrigação, mas deve ser alcançada a consciência de que não se deve matar para não causar sofrimento aos outros. Não roubar ou adulterar não podem ser apenas atos reprimidos por um texto legal, pois mesmo que não se subtraiam coisas materiais, com certeza pode-se subtrair coisas espirituais (paz, harmonia, felicidade, etc).

É isto que Cristo nos ensina nesta logia. O homem poderoso é aquele que possui o “certo e o errado” e as sua próprias leis. O ser que o enfrenta, sob o comando de Deus, deve demolir somente as paredes da “sua vida”, ou seja, as “suas verdades”, sem atacar esse homem poderoso.

A felicidade universal não será alcançada por aquele que enfrentar este homem poderoso e matá-lo, mas por aquele que pegar de sua espada e enterrá-la no meio de sua parede (verdades e leis) e, assim, destruí-las.

Quando isto acontecer, o homem poderoso estará morto, pois no seu lugar nascerá o irmão universal.

A espada é o amor universal, o amor incondicional, aquele que não fere, não acaba com a alegria de ninguém, aquele que não domina ou não se deixa dominar por ninguém.

Somente aplicando o amor universal às suas verdades o ser humano poderá acabar com as paredes da prisão que construiu para si próprio: “minha vida”.