O evangelho segundo Tomé

Logia 97 - Obrigação

“097. Disse Jesus: O Reino do Pai é como uma mulher que carrega um jarro cheio de trigo. Enquanto caminha por uma estrada distante, a asa do jarro se quebra. A farinha se espalha na estrada, às suas costas. Ela não se dá conta e não se apercebe do acidente. Depois de chegar à casa, coloca o vaso e o encontra vazio”.

Zoé

Cristo Mestre!

Agradeço profundamente a chance que me foi dada de falar aqui sobre o tema que mais demorei a aprender durante a minha evolução.

Queridos irmãos,

Durante diversas vidas carnais procurei seguir os ensinamentos deixados por Cristo Mestre para nossa salvação. Aprendera que para a minha evolução tinha que ser o sal para a humanidade e por isto vivia querendo ensinar a todos como seguir os ensinamentos salvadores.

Passava a vida na busca de converter todos aqueles que comigo interagiam para os ensinamentos do Cristo Mestre. Quando retornava à espiritualidade via que tinha evoluído, mas ainda não o suficiente para libertar-me do círculo reencarnatório.

No plano espiritual voltava aos estudos aprofundando-me ainda mais nos ensinamentos do Cristo Mestre. Encarnando novamente levava uma vida missionária, exclusivamente dedicada ao trabalho da conversão dos “pagãos”. Ao final da encarnação o mesmo resultado: existiam ainda provas por concluir.

Não compreendia esta situação, pois imaginava que estivesse agindo dentro dos ensinamentos, até que em um destes meus estudos fora da carne encontrei Estevão, este amigo complacente que me auxiliou muito. Seu ensinamento foi simples e resumiu-se em uma palavra: “eu”.

Imaginava que a evolução espiritual seria alcançada a partir da quantidade de pessoas que eu auxiliasse a se elevar, mas ao me preocupar com todos, esquecia da pessoa mais importante: eu mesmo...

Quando aprendemos superficialmente os ensinamentos do Cristo Mestre nos sentimos na obrigação de promover a reforma íntima de todos, mas esquecemos que a nossa prioridade na vida é promover a nossa própria reforma. Achamos que nossa reforma íntima será conquistada a partir da quantidade de “almas” que conseguirmos salvar.

Neste trabalho muito foi falado a respeito de individualismo em uma vida objetivando o universal. Mas, apesar destes ensinamentos, ainda é muito difícil para o encarnado compreender esta volta ao todo universal.

Os espíritos ao encarnarem aprendem desde cedo que a vida deve ser vivida com normas e regras que ditem os procedimentos e todos os atos são regulados por padrões que devem ser seguidos.

Dentre estes padrões, os religiosos acreditam que devem promover a salvação do universo. Não conseguem compreender, por não entenderem a Causa Primária, que o universo está salvo, ou pelo menos que está no caminho da salvação mesmo da forma que está.

Aprendem e vivem querendo mudar todas as coisas do mundo para salvá-lo, ou seja, querem a alteração da situação a partir do ponto de vista de cada um e isso é individualismo

Para ajudar a todos, o ser humano aprende que tem que “amá-los” e aí é que reside o problema: amor, para o ser humano, é ditar normas, é cobrar resultados, é sofrer junto com os outros. Só que amar é muito mais que isso!

Amar é não acusar jamais, não ofender por motivo algum, não sofrer nunca. Isto é o verdadeiro amor. Apenas ao constatar que um outro ser humano é pagão e que precisa mudar-se, o espírito já deixou de amá-lo.

Por isto a importância deste ensinamento do Cristo Mestre. Quem ama espalha o amor atrás de si sem sentir. Não se vê obrigado a parar e forçar o semelhante a aceitar o seu amor. É com a reforma íntima que a vida se transformará e, desta forma, será espalhado este amor entre os demais.

Amar incondicionalmente tudo e todos: era isso que eu não fazia nas minhas encarnações.

Criava circunstâncias para amar os outros. Acusava-os de não conhecerem os ensinamentos do Cristo Mestre e me avocava a condição de arauto do “certo” e, como uma mãe faz com uma criança, empurrava o “remédio” pela boca dos “doentes”.

Não sabia que eu era a mais doente. Não respeitava a individualidade da missão de cada um. Não vivia com a verdade universal de que a elevação espiritual é uma conquista individual. Nem a Deus eu amava, pois se Ele deu o livre arbítrio aos espíritos, eu achava que sabia o que seria o “melhor” para eles.

Por isto, irmãos, eu agradeci no início a chance que o Cristo Mestre me deu para aqui deixar esta mensagem. Transformemos o amor na farinha da mulher do ensinamento desta logia. Deixemos que ele flua através de nossos poros e contamine a todos e a tudo no caminho. Mas, jamais queiramos forçar a alguém a amar...!