O evangelho segundo Tomé

Logia 96 - As aparências enganam

“096. Disse Jesus: O Reino do Pai é como uma mulher que tomou um pouco de fermento (e o escondeu) em uma massa (e) com ela fez grandes pães. Quem tem ouvidos que ouça”.

Estevão

Queridos!

Reparem no ensinamento de Cristo nesta logia. O amado Mestre diz que a mulher que representa a felicidade universal colocou o fermento escondido dentro da massa para que os pães crescessem. Aqueles que comeram o pão não souberam deste ato, mas sentiram o sabor melhor do pão.

O mesmo ensinamento foi passado por Cristo de diversas outras formas. No sermão do monte alertou para que os deveres religiosos e as orações fossem feitos no isolamento. No repúdio aos professores da lei, pediu que não fossem imitados seus exemplos e entre eles enumerou o da procura do reconhecimento.

De todos estes ensinamentos é possível tirar uma conclusão: a fé não pode servir de emblema, mas deve se refletir nos atos que o ser pratica.

Muitos são os que possuem uma fé emblemática e utilizam belos adornos que expõem para que todos saibam o quanto ele tem fé em Deus. No entanto, são como sepulturas: caiadas por fora, mas podres por dentro.

A fé de cada um não deve ser divulgada por símbolos externos, mas tem que se refletir nas atitudes que cada um pratica. Que adianta se possuir um belo adorno se o seu fim será igual a de todos os fariseus e hipócritas?

Não entendam esta mensagem contrária aos símbolos. Ordenei-me padre, carreguei símbolos e muito tempo depois na espiritualidade ainda possuía um vistoso cordão onde podia ser visto o símbolo que adotara na eternidade. O que estou falando são daqueles que utilizam o símbolo para serem reconhecidos.

Muitos utilizam a cruz do Cristo ou a estrela de David para dizer quem são, para mostrar o seu poder. Porém, deveriam procurar agir de forma amorosa com seus semelhantes para que os seus atos chamassem a atenção do símbolo utilizado no peito.

Existem ainda aqueles que não carregam os símbolos no peito, mas levam-nos na língua...

Como ensinado, todos estamos aqui para sermos o sal da humanidade, mas este “sal” deve ser muito bem medido.

Quando uma cozinheira põe o tempero na comida, não pode se preocupar com o seu próprio paladar, mas deve procurar agradar àqueles que irão comê-la. Da mesma forma, quando um ser tempera a vida de outro, não pode obrigá-lo a aceitar o que ele oferece, mas deve levar em conta o livre arbítrio de cada um.

Aqueles que utilizam o símbolo na “língua” são os que querem temperar a vida de todos, “salgando” a comida com as suas próprias verdades.

Cristo nos alerta que a mulher que faz os pães maiores e mais saborosos coloca a porção extra do fermento sem alarde, por isso aquele que busca a consciência crística não faz alarde dos seus conhecimentos. Ao invés disto, apresenta o pão grande e saboroso para os comensais.

O cartão de visita de um espírito não deve ser seu conhecimento, mas sim a prática dele. É exatamente esta prática que poderá levar o próximo a se interessar em conhecer a fé do outro.

Enquanto o ser buscar “ensinar” será repudiado, pois o espírito sentirá como um ataque ao seu livre arbítrio. Quando exemplificar seus ensinamentos, despertará no outro o sentimento da busca da mesma felicidade.

O sábio não é o que sabe, mas aquele que pratica.