O evangelho segundo Tomé

Logia 90 - Jugo leve

“090. Disse Jesus: vinde a mim, pois que meu jugo é leve e meu domínio, suave e achareis repouso”.

“vinde a mim, pois que meu jugo é leve e meu domínio, suave”

Jesus promete, para aqueles que buscam seguir os seus ensinamentos, um jugo leve e um domínio suave. Mas, será que é isto que acontece àqueles que buscam nas doutrinas religiosas os ensinamentos de Jesus?

As doutrinas religiosas cristãs hoje existentes no planeta colocam, na verdade, um jugo pesado para os seus seguidores. São regras e leis que devem ser seguidas sem restrições, pois aqueles que não as seguirem poderão ser condenados ao “fogo do inferno”. Um religioso cristão precisa portar-se de uma maneira específica, precisa praticar atos padronizados na sua vida pública para poder “merecer entrar no reino do céu” e aqueles que não praticam esses ditames pré-concebidos são acusados sem hesitação.

Isto já é antigo nas religiões. Todas as doutrinas baseadas nos ensinamentos trazidos por Jesus até hoje criadas transformaram os ensinamentos do Mestre em ditames, o que Ele mesmo combateu em sua época.

“Amarram fardos pesados e põem nas costas dos outros, mas eles mesmos não os ajudam, nem ao menos com um dedo, a carregar esses fardos” (Mateus – 23, 4)

“Pois atravessam os mares e viajam por todas as terras para procurar converter uma pessoa à sua religião. E, quando conseguem, tornam essa pessoa duas vezes mais merecedora do inferno que vocês mesmos” (Mateus – 23, 15)

Com estes dois ensinamentos deixados por Jesus podemos compreender o que deve ser uma doutrina que realmente reflita os seus ensinamentos.

Para ter um jugo leve é preciso que a doutrina ajude cada pessoa a carregar os seus fardos. Estes fardos podem ser explicados como as “culpas” que o espírito tem: seus sentimentos negativos. No entanto, quando o espírito “erra”, as doutrinas apressam-se a condená-lo.

Uma doutrina baseada verdadeiramente nos ensinamentos do Mestre não pode acusar ninguém, principalmente nos momentos em que os espíritos mais precisam de amor. Colocar um jugo leve, um domínio suave sobre a vida dos espíritos é dar a eles o ensinamento necessário para que consigam atingir a consciência da ação do amor universal, mas respeitando o direito de cada um de não aceitar esse sentimento.

Jesus ordenou que amássemos ao próximo como a nós mesmos. Em uma das parábolas Ele nos fala quem é o nosso próximo ao contar a história de um samaritano, que socorre um homem ferido (um hebreu). Esta parábola transformou o sentido da palavra “samaritano”, que hoje tem o valor de “homem bom, caridoso” (Mini Dicionário Aurélio – 3a Edição). No entanto, o samaritano da parábola era um habitante da cidade de Samaria, na Palestina, cujos habitantes eram inimigos dos hebreus (tribo do homem ferido).

Com este entendimento o ensinamento de Jesus fica muito mais claro: o próximo que devemos socorrer é sempre o nosso inimigo. O inimigo (aquele que pratica atos que outro ser humano não concorda) é o próximo que deve ser amado mais fortemente. Ensinar e principalmente praticar este amor é condição básica para que uma doutrina tenha o jugo leve.

Como amar o inimigo, perdoar setenta vezes sete ou dar a outra face? Isto só pode ser conseguido não vendo aquele que age diferente como um inimigo. Para isto é preciso acabar com os conceitos, principalmente os religiosos, ou seja, acabar com as leis doutrinárias que querem reger, fiscalizar e comandar a vida dos fiéis.

O jugo leve que Jesus diz que a sua doutrina possui não pode se basear em códigos de leis, mas tão somente na utilização do amor universal.

“e achareis repouso”

O repouso que Jesus promete aos espíritos é a felicidade universal. Quando o espírito consegue trilhar o caminho para a elevação espiritual (colocar em prática os ensinamentos de Jesus), ele acaba com a tristeza que cansa os espíritos.

Aquele que vive sob códigos de lei que devem ser seguidos e, principalmente, quando é cobrada a sua execução, não consegue repousar, pois estará sempre vigilante para poder acusar os outros em seus momentos de “deslizes”.

Aquele que encontra o caminho, a verdade e a luz para alcançar a sua elevação espiritual, não julga os seus semelhantes e, por isso, não precisa ficar vigiando os atos alheios para determinar o “certo” e o “errado”. Esse espírito encontra repouso na ação de Deus (Causa Primária) movida por Seus atributos (Inteligência Suprema, Justiça Perfeita, Amor Sublime).

O jugo leve que leva ao repouso que Jesus nos ensina baseia-se, então, no fim das leis (individuais e coletivas), trocando-as pela ação universal do Pai com Seus atributos. Isto foi ensinado por Jesus no Evangelho de Maria Mágdala, que já citado na logia 06:

“Em marcha! Anunciai o Evangelho do Reino. Não imponhais nenhuma regra além daquela da qual fui o Testemunho. Não ajunteis leis às dadas por Aquele que vos deu a Tora a fim de não vos tornardes seus escravos”. (O Evangelho de Maria – Miriam de Mágdala – Pág. 8 – linha 23)

Nota dos autores espirituais

A missão da Academia Superior de Ciências Espirituais neste momento do planeta é trazer os ensinamentos que realmente reflitam a essência das Verdades Universais, assim como transmitir os ensinamentos necessários para a evolução de todos. Isto não pode ser feito sem que se faça uma exposição da maneira de proceder existente atualmente. O conteúdo deste texto é o ensinamento necessário para que os “professores da lei” possam, eles mesmos, entrar no reino do céu, ou seja, na felicidade universal, sem acusações às diversas religiões existentes.