O evangelho segundo Tomé

Logia 8 - Alimentação espiritual

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Logia 8

“008. Ele disse: o homem é como o pescador sábio que joga sua rede no mar, e a puxa cheia de pequenos peixes; no meio deles, acha um peixe tão grande e bom que o pescador sábio devolve todos os pequenos peixes, escolhe o peixe grande sem remorsos. Quem tem ouvidos que ouça”.

O peixe

Jesus utiliza-se de mais um simbolismo para nos trazer o ensinamento.

O peixe para os seres humanos é um alimento e é neste sentido que Jesus utiliza esta palavra neste ensinamento. Porém, Jesus não poderia estar falando de alimento material, pois como já vimos, este evangelho é dirigido para espíritos e não para “seres humanos”.

O alimento do espírito é o sentimento que ele utiliza para viver espiritualmente. Portanto, Jesus está orientando aos espíritos como devem se “alimentar” durante a sua vida na carne.

 “o homem é como o pescador sábio que joga sua rede no mar, e a puxa cheia de pequenos peixes; no meio deles, acha um peixe tão grande e bom...”

Jesus inicia o ensinamento explicando que existem dois tipos de “alimentos” para os espíritos: os pequenos e os grandes, que são os bons. Apesar de não dito explicitamente, a afirmação de que o grande é bom nos leva a deduzir que o pequeno não é bom. Aplicando-se o sentido da palavra “bom”, podemos dizer que existem dois tipos de sentimentos que o espírito pode utilizar como alimentação: os que fazem “bem” e os que não fazem.

Outro detalhe no ensinamento de Jesus, diz respeito ao tamanho do peixe. Quando o ser humano alimenta-se de grande quantidade de alimentos (peixe grande) ele se satisfaz, sacia a sua fome e não tem necessidade de se alimentar de mais nada.

Destas duas explicações, podemos depreender que Jesus afirma que um dos peixes faz bem à “saúde” do espírito e o satisfaz completamente, enquanto que o outro não, pois exige que o espírito se alimente constantemente para se satisfazer.

“que o pescador sábio devolve todos os pequenos peixes, escolhe o peixe grande sem remorsos”

O peixe grande e bom que Jesus se refere é o amor. Este alimento espiritual faz bem à “saúde” do espírito e o satisfaz completamente, enquanto que o peixe pequeno representa os sentimentos negativos, que se contrapõem ao amor universal. Este último alimento faz mal à saúde porque é contrário às leis de Deus. Quando um espírito nutre algum tipo de sentimento negativo, ele está infringindo a lei do amor (amar a Deus, a si e ao próximo) e com isso, atrapalhando a evolução de si mesmo e de outros espíritos.

A “alimentação” espiritual se dá quando alguma percepção é alcançada pelos sentidos do corpo físico que o espírito ocupa. Quando estas percepções chegam até o espírito, ele faz a análise através do processo raciocínio.

O primeiro passo para este processo é a escolha, pelo espírito, do sentimento com o qual irá analisar a percepção. Desta forma, se uma outra pessoa é percebida pelo espírito através da visão, ele escolherá um sentimento que se encontra dentro dele mesmo para iniciar um raciocínio sobre esta pessoa e a situação que ocorrerá com a presença dela.

Sempre que o espírito escolhe um sentimento para embasar seu raciocínio, ele o envia ao universo através de um “chacra” situado no centro da testa, chamado chacra diretor. Quando isto ocorre, o espírito emite também uma onda eletromagnética (onda cerebral) que buscará no universo o mesmo sentimento que acabou de ser enviado. Este é o processo de “alimentação” do espírito: a partir de sentimentos seus, internos, ele recebe outros iguais, quando raciocina.

Aquele que, depois de perceber outro espírito sentir raiva, enviará esta raiva ao universo e se nutrirá de mais raiva ainda. Se utilizar o sentimento de inveja, receberá mais inveja. Sempre retornará a ele uma quantidade maior do mesmo sentimento que emitiu. Como os sentimentos negativos não satisfazem ao espírito, é necessário que ele os sinta em maior quantidade para que possa sentir-se satisfeito (peixe pequeno...).

Por isto, sempre o ser humano aumenta o sentimento negativo que tem por determinada pessoa ou coisa. O início, geralmente é só uma mágoa, mas como ela não satisfaz o espírito, ele passa para a ofensa, nutre mais a raiva e termina buscando o ódio para raciocinar. Quando nem isso mais o satisfaz, o espírito começa a escolher este sentimento para raciocinar sobre as pessoas e coisas ligadas à fonte original do sentimento. Sempre estará aumentando a intensidade e o raio de ação de seus sentimentos para que possa utilizá-los no raciocínio e assim buscar mais dele no universo.

Com o amor a situação é inversa. O espírito não necessita de estar sempre buscando este sentimento, pois ele o satisfaz e nutre (peixe grande). Por isto, não precisa ficar inventando “histórias” (pensamentos) sobre uma pessoa para poder amá-la: ama sem motivos.

O espírito que gasta os sentimentos negativos estará sempre “achando” alguma coisa da pessoa alvo do seu sentimento, para que possa prosseguir no raciocínio e assim continuar a “alimentar-se” de energia negativa. Aquele que tem amor dentro de si, ama sem precisar raciocinar para isso. Não precisa buscar respostas (onde, quando, por que) para amar outra pessoa.

Quando o amor é verdadeiro (alegria, compaixão e igualdade), o espírito nunca encontrará “erros”.

O amor satisfaz e não cria a dependência da “alimentação” constante para que exista.

Os sentimentos negativos viciam e levam o espírito a estar pronto para reagir com eles a qualquer outra situação.

Quando o espírito nutre o sentimento negativo por outro espírito, mesmo longe dele, utilizará este sentimento em outras situações: é o chamado “mau-humor”. Isto acontece porque o espírito precisa daquele sentimento para se alimentar sempre.

Quem ama, reagirá sempre com o amor, em qualquer situação, pois estará bem “alimentado” e não precisará de outros sentimentos.

Aquele que se alimenta de amor não possui verdades individuais, pois ama a tudo e a todos.

Por isto Jesus afirma que o homem sábio deve abandonar estes sentimentos menores que não fazem bem e ficar apenas com o amor, que satisfaz e faz bem ao espírito. E afirma que ele fará isso sem remorsos, ou seja, sem sentir que houve “perda” para ele.

Quem nutre sentimentos negativos precisa possuir as coisas para se satisfazer e só quando detém a posse das coisas materiais, realiza-se.

De nada adianta ao espírito aceitar as coisas sem utilizar-se do amor, pois esta forma de proceder gerará o remorso, que é um sentimento negativo. A resignação não permite que o espírito evolua.

A evolução só acontecerá quando o espírito reagir com alegria, compaixão e igualdade a todos e a tudo, com o que se sentirá satisfeito.

“Quem tem ouvidos que ouça”

Esta é uma frase tradicional de Jesus. Ele conclama os espíritos a se abrirem para a visão espiritual das coisas, abandonando a visão material.

Todos os ensinamentos do Mestre encontram-se além das palavras escritas: estão no significado do ensinamento alcançado através da sua análise. Este é o trabalho desta obra: transformar as palavras escritas nos ensinamentos necessários para que o espírito busque a sua evolução.

Kardec disse que não devemos nos prender “à letra fria que mata”. Foi por procurar o sentido restrito dado pela língua de cada raça que os espíritos na carne se transformaram em seres humanos...

Todos os enviados de Deus trouxeram a mesma informação, com uma linguagem adequada aos seus discípulos. Portanto, não devem ser analisadas ou estudadas separadamente, mas sim de forma conjunta, buscando-se a essência dos ensinamentos que sempre será comum, dada a fonte única da qual provieram.

Para analisarmos este tópico, utilizamos ensinamentos trazidos por Buda Guautama, por Jesus e por Allan Kardec. Se nos fixarmos apenas a um conjunto de informações, ficaremos presos à “letra fria”.

Isso é “ter ouvidos de ouvir e olhos de ver”.