O evangelho segundo Tomé

Logia 76 - Consciência crística

“076. Disse Jesus: o Reino do Pai é como um homem, um mercador, que possuía muitas mercadorias e encontrou uma pérola. O mercador foi prudente. Ele vendeu as mercadorias, comprou a pérola para si. Buscai vós também o tesouro imperecível e perene, aquele que nenhuma traça pode roer e verme algum pode destruir”.

NOTA:

Todas as citações desta logia foram retiradas do Evangelho de Mateus.

“o Reino do Pai é como um homem, um mercador, que possuía muitas mercadorias e encontrou uma pérola”

Os seres humanos religiosos são os mercadores que possuem um tesouro (leis religiosas) que os levarão à conquista do reino do céu.

“Buscai vós também o tesouro imperecível e perene, aquele que nenhuma traça pode roer e verme algum pode destruir”

No entanto, este tesouro só servirá como passaporte para a felicidade universal (reino do céu) se contiver valores espirituais, pois estes são imperecíveis e perenes.

A missão de Jesus foi trazer os valores espirituais que devem ser a motivação da vida na carne. Moisés trouxe as leis de Deus, mas Jesus aplicou a elas o verdadeiro sentido que pode levar o ser humano a transformar-se em espírito. O conhecimento e a prática destes ensinamentos são chamados de “consciência crística”, ou modo de viver baseado em Jesus Cristo.

A “consciência crística” foi transmitida por Jesus aos seus discípulos durante a passagem conhecida como “Sermão do Monte” (Evangelho de Mateus ):

- espiritualmente pobre (5, 3)

Pobre é quem possui poucas posses. A posse de um espírito é o sentimento que ele nutre. Aquele que é espiritualmente pobre só possui o amor como sentimento para responder a qualquer acontecimento da vida;

- consolo de Deus (5, 4)

Quem atinge a consciência crística não necessita que as situações de vida estejam dentro de suas “expectativas” para viver com felicidade, mas se consola nos atributos de Deus e entende que tudo é Perfeito, Justo e Amoroso;

- humildade (5, 5)

Humilde é aquele que não deseja, mas satisfaz-se com tudo o que tem;

- fome e sede de fazer a vontade de Deus (5,6)

Para se atingir a consciência crística é necessário entender que o espírito não vem a este mundo para construir individualismos, mas para auxiliar Deus na construção de Sua obra que visa sempre a felicidade do todo universal;

- misericórdia (5, 7)

A consciência crística tem que passar necessariamente pela compaixão, ou seja, a consciência do sofrimento que se pode causar aos outros. Enquanto o espírito não se preocupar com o “efeito” dos seus sentimentos sobre os outros, não conseguirá viver como espírito;

- coração puro (5, 8)

Quem atinge a consciência crística não necessita que as situações de vida estejam dentro de suas expectativas para viver com felicidade, mas se consola nos atributos de Deus e entende que tudo é Perfeito, Justo e Amoroso.

- paz (5, 9)

O espírito sabe que não veio a este mundo para alcançar uma paz baseada na imposição de suas verdades aos outros, mas que veio construí-la aprendendo a “doar a razão”;

- sofrer perseguição por fazer a vontade de Deus (5, 10)

Quem atinge a consciência crística, utilizando somente o amor e buscando o consolo somente em Deus será humilde, terá compaixão, permanecerá com o coração puro e alcançará a paz universal. No entanto, esta consciência não será dada gratuitamente, mas terá o espírito que passar por provas, ou seja, ter as suas verdades contestadas pela coletividade;

- sal da humanidade (5, 13)

O espírito que vive como tal entende que este mundo é apenas um campo de provas, onde a sua vida se interliga a todo o universo, auxiliando todos a fazerem a sua prova;

- luz para o mundo (5, 14)

A consciência crística não garante o sucesso e a felicidade material. Mesmo quem vive desta forma estará exposto a situações negativas para que, reagindo com amor, possa “iluminar” o caminho do irmão;

- lei (5, 17)

Viver com o amor universal é atingir a consciência de não ferir o próximo: este é o verdadeiro sentido da lei. Para esta prática é necessário ser mais fiel a Deus do que às leis;

- contrariedades (5, 21)

Quem procura seguir os passos de Jesus entende que por menor que seja a acusação ao próximo, ela interfere na sua elevação espiritual;

- essência (5, 27)

A consciência crística leva o espírito a se preocupar com a essência dos acontecimentos (sentimento) e não apenas com os atos praticados;

- tentação (5, 31)

O espírito compreende que a vida material é composta de provas e que para que elas ocorram são necessárias as tentações. Ao atingir a consciência crística o espírito entende o mundo desta forma e consegue superar as tentações, mantendo-se fiel às suas missões e expiações;

- causa primária (5, 33)

O espírito não se compromete com as coisas, pois sabe que Deus é que disporá a sua vida.

- justiça (5, 38)

A consciência crística leva o espírito a entender a ação de Deus sobre todas as coisas e o faz enxergar a justiça que existe em tudo. Por este motivo, não se revolta contra os acontecimentos da vida carnal;

- inimigos (5, 43)

O espírito não possui inimigos individuais ou coletivos, pois entende que aquele que pratica atos contrários aos seus desejos trazem a ele um ensinamento do Pai para a sua evolução;

- autoria dos atos (6, 1)

O universo é um todo formado de individualidades que não possuem individualismos. Por isto, aquele que vive com o amor universal não procura a fama, mas credita o resultado de seu trabalho à ação de Deus;

- oração (6, 5)

O espírito que vive com a consciência crística não é aquele que vive a declamar versos em forma de oração, mas quem compreende que deve transformar a sua vida para que ela reflita o contido na oração;

- obrigação (6, 16)

O amor universal não permite que um espírito encontre “obrigações” na vida, mas o faz regozijar-se no trabalho de auxílio a Deus;

- visão espiritual (6, 22)

Alcançar a consciência crística é estar constantemente vigiando seu entendimento sobre as coisas do universo para que os seus conceitos não sejam utilizados;

- preocupações (6, 24)

O espírito que vive com o amor universal não precisa se preocupar com os acontecimentos, pois tem um Pai que é a Causa Primária de todas coisas, agindo com Inteligência Suprema, motivado por uma Justiça Perfeita, mas aplicando esta Justiça com o Amor Sublime;

- julgamento (7, 1)

A consciência do seu papel na vida do planeta (espírito em evolução – sal para a humanidade), não permite que aquele que vive como espírito julgue os outros, pois ele só reconhece como Perfeição no Universo o Pai;

- amor sublime (7, 7)

O espírito que sabe que sua vida carnal é para o cumprimento de provas que possam elevá-lo espiritualmente, sabe que Deus é o Amor Sublime e que não pune ninguém, mas dá a cada um o remédio necessário para a sua própria doença;

- provas (7, 13)

Quem atinge a consciência crística não questiona os acontecimentos da vida, pois entende que eles são necessários para a sua evolução;

- amar a Deus (7, 15)

O universo possui uma única Verdade: Deus. Aquele que atinge esta consciência não se prende a ideologias ou doutrinas, mas busca sempre viver como Jesus, sabendo que este é o único caminho para Deus;

- amar ao próximo (7, 21)

O amor universal exige a adoração ao Senhor, mas exige também, para que exista a compaixão a compreensão do próximo como espíritos em evolução que são;

Estes são os ingredientes da verdadeira consciência crística, ou seja, do caminho, verdade e luz que podem fazer um espírito atingir a elevação. Por isto Jesus termina o sermão do monte dizendo que quem seguir estes mandamentos, terá construído sua casa sobre as rochas, onde o mar não destruirá as fundações.

São estes os bens que um espírito precisa garantir para si para ter o reino do céu e estes bens só serão conseguidos quando se entender totalmente os ensinamentos do Mestre.