O evangelho segundo Tomé

Logia 74 - Caminho, verdade e luz

“074. Disse Jesus: muitos estão em volta da cisterna, mas ninguém entra nela”.

Cisterna

“Depois disso, houve uma festa dos judeus e Jesus foi a Jerusalém. Ali há um tanque com cinco entradas, que fica perto do Portão das Ovelhas. Na língua hebraica esse tanque se chama “Betezata”. Muitos doentes estavam no chão: cegos, aleijados e paralíticos. Havia um homem que estava doente fazia trinta e oito anos. Jesus o viu deitado e, sabendo que estava doente todo esse tempo, perguntou:

Você quer ficar curado?

Senhor, – respondeu ele – não tenho ninguém para me pôr no tanque quando a água fica agitada. Cada vez que quero entrar, outro doente entra antes de mim”. (João – 5,1)

Por este relato de João Evangelista, podemos ter uma noção exata do termo “cisterna” utilizado por Jesus nesta logia. Para o povo de Jerusalém a água daqueles tanques possuía a capacidade de promover a cura dos males físicos daqueles que tinham este merecimento, segundo o cumprimento das leis de Deus deixadas através de Moisés.

Como Jesus sempre afirmou que falava por comparações, podemos entender nesta logia que a palavra “cisterna” está sendo utilizada pelo Mestre como a “salvação para aqueles que tenham merecimento e fé”.

“muitos estão em volta da cisterna”

Muitos se encontram perto da “salvação” (elevação espiritual): este é o ensinamento de Jesus. Estar perto da elevação espiritual é conhecer os ensinamentos que Deus nos mandou através dos seus enviados para servir como guia para que cada um promova a sua reforma íntima.

Estes ensinamentos foram transformados pelos seres humanos nas doutrinas das diversas religiões que existem no planeta. Os ensinamentos de Jesus se transformaram na doutrina das religiões cristãs, os dos mestres orientais nas diversas religiões existentes na região oriental do planeta (Budismo, Taoísmo, Confucionismo, etc), os recebidos por Maomé, na religião islâmica e, mais recentemente, as informações recebidas por Kardec se transformaram na religião cristã espírita (kardecismo).

Estar em volta da cisterna (lugar de salvação) é conhecer os ensinamentos das doutrinas das religiões existentes no planeta.

“mas ninguém entra nela”

No entanto, apenas conhecer as doutrinas e praticar os ritos de uma determinada religião não garantem a elevação do espírito: é necessário que se entre na “cisterna”, ou seja, se viva de acordo com os ensinamentos que os mestres deixaram.

“Não fiquem tristes e preocupados. Confiem em Deus e confiem também em mim. Na casa do meu Pai há muitos cômodos e eu vou preparar um lugar para vocês. Se não fosse assim, eu já lhes teria dito. E depois que eu for e preparar um lugar para vocês, voltarei e os levarei comigo para que vocês estejam onde eu estiver. E vocês conhecem o caminho que leva ao lugar para onde eu vou”.

Não sabemos aonde o senhor vai. Como podemos saber o caminho? – perguntou Tomé.

Jesus respondeu: EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A LUZ; somente por meio de mim é possível chegar ao Pai.” (João – 14, 1)

Este ensinamento consta da Bíblia, atribuído a Jesus. Por ele, o Mestre nos deu a entender que para alcançarmos a nossa elevação espiritual necessitamos seguí-lo. Entrar na cisterna é mais do que participar de uma religião, freqüentar seus cultos e conhecer sua doutrina, mas “ser Jesus”.

 No entanto, fica a pergunta: -Quem é Jesus?

Para conhecermos a resposta a esta pergunta, vejamos um texto do irmão Lucius no livro “Caminho, Verdade e Luz”:

“- Jesus é um espírito de alta elevação, Governador Geral do sistema solar, nosso irmão maior. Apenas por esta análise curta ainda não respondemos: Quem é Jesu”?

Se Jesus é um espírito, independente de sua elevação, ele não possui cor, raça, sexo e nem identidade. Espíritos não possuem nome e, por isso, continua a pergunta: Quem é Jesus?

Nomes são artifícios utilizados por espíritos quando encarnam para serem reconhecidos. Desta forma podemos dizer que um nome é um título dado a uma encarnação de um espírito. Jesus não é o nome do espírito, mas sim o nome daquela encarnação deste espírito, assim como assumimos diversos nomes durante as diversas encarnações. Portanto, mais do que nunca a pergunta é válida: Quem é Jesus?

A encarnação do nosso irmão maior (Jesus) foi definida por João no seu Evangelho como o "Verbo". A função do verbo em uma sentença é determinar a "ação" que o sujeito irá praticar: tocar, orar, fazer, ser, estar. Portanto, a encarnação Jesus é a ação de alguma coisa.

Estudando a missão que este espírito assumiu na encarnação "Jesus" podemos entender que ela foi a "ação do amor". Com os novos mandamentos (Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo), "Jesus" definiu a ação do amor.

EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA; somente por meio de mim é possível chegar ao Pai.

Depois desta análise de quem é Jesus, podemos, então, compreender o ensinamento: a ação do amor é o caminho, a verdade e a luz e o único caminho para se chegar a Deus, ou seja, elevar-se.

Uma encarnação é uma "vida material", ou seja, a coletânea de atos praticados por um espírito sob determinado rótulo. Se a encarnação Jesus, ou seja, a coletânea de atos praticados pelo nosso irmão maior durante a existência carnal foi a “ação do amor” e se esta é a única forma de se aproximar de Deus (elevar-se), o ensinamento pode então ser compreendido como:

"O CAMINHO, A VERDADE E A LUZ ESTÃO CONTIDAS NO MEU MODO DE PROCEDER. NINGUÉM CHEGA AO PAI A NÃO SER PRATICANDO OS ATOS QUE EU PRATIQUEI".

Conseguir praticar a reforma íntima, alcançando a elevação espiritual, é viver todos os momentos de nossa vida como Jesus viveu a dele. Não existe outra forma para se chegar a Deus. Aqueles que buscam ensinamentos contrários aos atos praticados por Jesus não alcançam esta evolução.” (Caminho, Verdade e Luz – Lucius – Espiritualismo Ecumênico Universal)

Entrar na “cisterna” é refletir a cada momento da vida carnal como Jesus agiria em cada situação. Somente quando o espírito buscar esta “consciência crística” é que terá promovido completamente a sua reforma e o “novo homem” surgirá de “dentro do velho”.

Não será seguindo leis religiosas (doutrinas religiosas) que o espírito alcançará a evolução, pois se assim fosse Jesus nos diria que o caminho, a verdade e a luz eram os ensinamentos trazidos por Moisés. Não será buscando comprovações científicas que o espírito conseguirá chegar a Deus, pois se assim fosse, a salvação seriam os ensinamentos de Kardec.

Somente quando cada espírito viver colocando o amor em ação, ou seja, entendendo e seguindo os atos de Jesus é que alcançará a elevação: isto é entrar na “cisterna”.

O Evangelho de Tomé, por não ter sido alvo de mudanças por nenhuma religião e os ensinamentos que o Espiritualismo Ecumênico Universal estão trazendo, tem esta finalidade: trazer os conhecimentos necessários para se viver uma vida como Jesus viveu, utilizar o ensinamento do Mestre como “emblema” de uma religião, sabendo que não vivenciá-lo é estar em volta da cisterna e não entrar nela.

Não adianta dizer-se cristão, conhecedor dos ensinamentos de Jesus e na hora da prática não levá-los em consideração. Como utilizar para a elevação o conhecimento repassado por Kardec e os mestres orientais sobre o carma de vidas passadas e quando eles acontecem não é vista a ação de Deus como Causa Primária, acusando e culpando os outros pela “má sorte”, “azar”, “desgraça”?

Todas as religiões deviam amar-se mutuamente, pois todos os mestres ensinaram que esta deve ser a motivação desta vida. No entanto, vivem a “alertar” aos seus fiéis sobre o “perigo” das outras.religiões... Todos os fiéis deviam amar-se uns aos outros como foi ensinado, mas vivem a acusar, sob as bênçãos dos “senhores da lei”, aqueles que servem de instrumento para ação de Deus no combate aos seus conceitos!

“Conhece a verdade e ela vos salvará”: a única Verdade Universal é Deus e Sua ação nas coisas universais. Isto foi ensinado por todos os enviados do Pai, mas o ser humano, religioso ou não, busca verdades pessoais como salvação.

Promover a reforma íntima é converter-se, como afirmado nas mensagens do espírito que viveu sob o nome de Maria, mãe de Jesus. Porém, não se converter para uma determinada religião, mas sim para Deus, pois o primeiro mandamento é “Amar a Deus acima de todas as coisas”, inclusive da própria religião.

Para se entrar na “cisterna” (salvação) é necessário mais do que estar em volta dela (tornar-se religioso): é preciso abrir mão do individualismo como fizeram todos os mestres enviados por Deus quando de suas encarnações.