O evangelho segundo Tomé

Logia 7 - Poder

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“007. Jesus disse: Bendito o leão que for comido pelo homem, pois que o leão tornar-se-á homem; e maldito o homem que for comido pelo leão, pois que o leão tornar-se-á homem”.

O leão

O leão é o animal tido como o rei da floresta. Todo rei detém o poder sobre as coisas e é desta forma que devemos entender a palavra leão no texto: o poder sobre as coisas.

 “Bendito o leão que for comido pelo homem, pois que o leão tornar-se-á homem”.

O poder é uma das provas que Deus coloca na vida do espírito na carne. Dependendo do sentimento que se utiliza para exercê-lo, o poder pode ser uma fonte de progresso ou retrocesso para o espírito.

O poder com ódio gera genocídios; com ganância, corrupção; com inveja, perseguição. Entretanto, se exercido com amor, levará à felicidade universal, à ausência de sofrimentos e à igualdade entre todos.

Compete ao espírito na carne escolher com quais sentimentos irá exercer o “poder” que receber. É uma missão que o espírito recebe para auxiliar Deus em sua obra. É através dele que o espírito pode transformar-se no “sal para a humanidade”, ou seja, ser o “tempero” da vida dos outros espíritos.

O espírito que detém o poder deve viver de acordo com as leis de Deus (amar a Deus, a si e aos outros) para que cumpra sua missão positivamente. Esta forma de agir é submeter o poder transitório ao Todo Poderoso do Universo. Entretanto, muitos colocam o poder, a missão, na busca da satisfação individual ou de grupos pequenos, em detrimento da coletividade espiritual ou da felicidade universal. Esta forma de proceder acarreta negatividade muito grande para o espírito que a pratica.

Portanto, para que o espírito na carne possa ser bendito, ou seja, ser “elogiado” por Deus, é necessário que ele acabe com esta sensação de poder e pratique a igualdade entre todos, transmitindo, assim, o amor universal.

Esta é a missão de todos aqueles que exercem o poder: utilizá-lo com igualdade para que não traga sofrimento e promova a felicidade universal.

Entretanto, não podemos esquecer do “poder” não declarado. O ser humano possui “verdades individuais” (conceitos) e por isso se imagina com o poder de obrigar os outros a fazerem as coisas exatamente dentro de suas verdades. Quando isto não acontece, usa a acusação e a crítica. Este poder é extremamente destrutivo, pois estas “verdades” são fruto exclusivo da visão limitada que o espírito tem sobre as coisas. Na verdade trata-se de um “achar” e não de uma verdade.

Enquanto o espírito possuir estes conceitos, tentará exercer poder sobre a vida dos demais.

Jesus disse que o espírito é o “sal para humanidade”, ou seja, que ele deve ser o tempero da vida dos outros. Esta posição, porém, deve ser exercida para colocar o tempero certo: o amor universal.

Este amor não aceita conceitos, regras ou leis. Ele se baseia unicamente na igualdade que todos devem ter de achar que estão certos. Quando o ser humano imagina-se superior, ou seja, detentor da verdade e utiliza o poder de “temperar” a vida dos outros, acaba trazendo sofrimento a eles.

Para ser bendito o poder de “temperar” a vida dos outros, deve o espírito abandonar suas próprias verdades, ou seja, o poder que imagina ter de corrigir as outras pessoas. Deve exercer esse poder apenas para transmitir felicidade, aceitando todos os outros espíritos da forma que são. Para que isto aconteça é necessário que o espírito respeite a individualidade de cada um, as divergências de opiniões, sem procurar ver o “certo” ou o “errado”.

Não existem dois espíritos na carne que possuam conceitos completamente iguais. Para que o espírito realmente possa auxiliar o seu irmão que se encontra em processo de evolução, ele não pode “achar” nada “certo” ou “errado”, mas apenas buscar a prática do amor universal.

Esta é uma verdade universal que pode ser entendida a partir da observação da atividade dos espíritos sem carne que são enviados ao planeta para auxiliar os que estão encarnados. Estes espíritos jamais buscam saber se o irmão encarnado está certo ou errado, mas praticam o auxílio necessário sem maiores análises.

Esta deve ser a forma de agir do espírito na carne também. O espírito deve exercer o poder informal que Deus concede a cada um sobre os outros (sal da humanidade), para que possa auxiliar seu irmão, transmitindo-lhe fé e amor, deixando de censurá-lo, acusá-lo. Nem com base no código Supremo, o espírito pode apontar erros, pois Deus não nomeou espírito algum seu procurador ou xerife da humanidade. Para poder colocar o “sal” na vida dos outros, o espírito deve buscar apenas transmitir o amor e nunca a crítica.

Portanto, o poder informal deve ser exercido apenas com função de orientação e não de fiscalização.

“e maldito o homem que for comido pelo leão, pois que o leão tornar-se-á homem”

A má utilização do poder sempre gera sofrimento a quem recebe os atos oriundos de sentimentos negativos a eles agregados. O espírito quando criticado, agredido em sua individualidade, sofre.

Este sofrimento não é representado apenas pelos atos materiais que acontecem contra ele, mas pela transmissão dos sentimentos negativos utilizados no processo de raciocínio pelo espírito que detém o poder.

O espírito agredido recebe os sentimentos que irão embasar seus próximos atos. Assim, o espírito fica mais vulnerável e acaba utilizando-se destes sentimentos negativos para praticar outros atos negativos contra outros espíritos. Com isto, também contrai “dívidas” perante a lei de Deus.

Desta forma, aquele que exerce mal o poder recebido (missão) não só acumula débitos pelos sentimentos utilizados por si mesmo, bem como por aqueles retransmitidos. Isto acarreta débitos grandes ao espírito que detém o poder e por isso a importância da missão.

Por isto Jesus afirma que será “maldito” aquele que se deixar levar pela tentação do poder, ou seja, pela tentação de lucrar com o exercício dele.

Todo poder tem que ser exercido para o bem da comunidade espiritual e não para lucro próprio.