O evangelho segundo Tomé

Logia 50 - O ser

“050. Disse Jesus: se vocês disserem qual a vossa origem, dizei-lhes: viemos da Luz, de onde a Luz se originou dela mesma. Ela permaneceu e revelou-se a si mesmo em sua imagem. Se vos disserem quem sois vós, dizei-lhes: somos seus filhos e somos eleitos do Pai Vivo. Se vos perguntarem qual é o sinal do vosso Pai em vós, respondei-lhes: é o movimento e o repouso”.

Nesta logia, Jesus orienta os espíritos para que se reconheçam como tal e acabem com os “conceitos” que dão origem ao “ser humano”. Apesar de se encontrarem presos a uma matéria carnal, sem a visão e a lembrança das coisas espirituais, é preciso que o espírito abandone a idéia de que ele é um ser humano composto por coisas materiais não inteligentes e entenda-se apenas como a “inteligência que habita e comanda um corpo físico”.

“se vocês disserem qual a vossa origem, dizei-lhes: viemos da Luz, de onde a Luz se originou dela mesma”

O primeiro conceito que Jesus pretende acabar com este ensinamento é o de “raças”. Todos os espíritos originam-se de um só lugar (da Luz), ou seja, de onde existe o amor em sua expressão maior, a justiça perfeita e a inteligência superior. Este “local” é Deus.

Não existem terráqueos ou extraterrestres, mas apenas espíritos que se originaram do mesmo lugar: a Luz. Os espíritos habitam todos os espaços do Universo, mas isto não quer dizer que eles sejam desses lugares, mas apenas que se encontram lá. Aqueles que habitam em Plutão, Saturno ou qualquer outro planeta do Universo, são espíritos iguais aos que vivem no planeta Terra e apenas para que eles tenham uma existência corpórea em matérias mais densas, suas formas são adaptadas às necessidades de cada planeta. Um marciano pode precisar ter mais olhos, um que habite em Júpiter pode precisar ter antenas, mas todas estas formas são habitadas por espíritos iguais àqueles que habitam as formas mais densas do planeta Terra.

Neste momento em que se fala de globalização universal, onde o contato com seres de outros “mundos” é tão esperado, este ensinamento é primordial. O planeta Terra é, neste momento, o planeta no qual residem os espíritos em menor grau de evolução espiritual do Universo. É aqui que residem os espíritos que ainda não conseguiram interiorizar completamente o amor universal.

Com este conhecimento podemos afirmar que os espíritos que habitam os demais planetas e satélites do Universo são mais evoluídos, pois sabem utilizar o amor universal. Assim sendo, eles não poderiam “invadir” o planeta Terra para dominar, explorar ou escravizar os seus habitantes. Sabendo que todos nós viemos da Luz e, por isso, somos irmãos, podemos recebê-los como amigos enviados por Deus para nos auxiliar na evolução.

Diminuindo o campo de abrangência deste ensinamento do Mestre, chegaremos às raças existentes no planeta Terra. Os árabes, judeus, asiáticos, europeus, americanos, etc, são todos espíritos oriundos da Luz e não raças diferentes. O preconceito das raças umas sobre as outras não leva em conta este ensinamento de Jesus.

Todas as raças, nações ou povos são compostos por espíritos na carne que se originaram no mesmo “local”: a Luz. Elas não representam diferenças entre os espíritos, mas sim diferenças de missões, provas ou carmas de grupos de espíritos. Cada raça do planeta representa um grupo de “trabalhos” que os espíritos que ali encarnam têm que realizar. Cada uma delas é dirigida por Deus para o cumprimento do “carma coletivo”.

É isto que nos ensina o episódio da “Torre de Babel” descrito na Bíblia. Naquela construção, que objetivava chegar a Deus por meios materiais, grupos de espíritos tiveram participações diferentes. Uns ali estavam como planejadores, outros como trabalhadores, uns como meio de sobrevivência, outros por ideal. Todos contribuíram para desafiar a Deus, mas cada um teve uma “participação” diferente. É esta simbologia que mostra os diferentes carmas das raças.

As raças nasceram da confusão de línguas que Deus colocou nos seres humanos como descrito naquele episódio. Cada língua que Deus deu aos participantes da construção da Torre de Babel originou uma raça que representava o carma a que foi exposto cada grupo de espíritos pela sua “participação” na construção.

Entretanto, não deixaram de ser espíritos oriundos da Luz, irmãos entre si, que apenas tinham caminhos diferentes para alcançar a sua evolução. Esta visão acaba com o anti-semitismo, o preconceito de cor, de raça, etc. Para se chegar a esta conclusão é necessário abandonar a idéia de que as pessoas são seres humanos originados em determinadas regiões ou raças e se alcançar a visão de que todos são espíritos oriundos da Luz.

“Ela permaneceu e revelou-se a si mesmo em sua imagem”

Esta Luz, ou seja, a inteligência, a justiça e o amor são as características do espírito, mesmo que não estejam visíveis em todos.

É isto que está afirmado no livro da Gênesis quando fala que Deus criou o “homem” à sua imagem e semelhança. Não que Deus tenha pernas, olhos ou órgãos, mas que o espírito possui os mesmo atributos que Deus. É o homem que é criado à imagem e semelhança de Deus e não o Pai que tem a mesma forma física que o homem.

Ser semelhante a Deus é possuir os mesmos atributos que Ele tem. Entretanto, em Deus estes atributos são elevados ao expoente máximo.

Deus e os espíritos são inteligentes, mas o Pai é a Inteligência Suprema do Universo.

A Justiça está presente nos dois, mas em Deus ela é a Perfeição.

O espírito, por mais “maldades” que pratique, também possui o amor dentro de si, mas Deus possui o Amor Sublime.

“Se vos disserem quem sois vós, dizei-lhes: somos seus filhos e somos eleitos do Pai Vivo”

O ser humano imagina-se fruto da junção carnal de um homem e uma mulher, pois não se reconhece como o espírito que é. Todo espírito é gerado por Deus com os mesmos atributos Dele na Luz, não importando que forma de “corpo” esteja vestindo. Ele não nasce no momento do parto, mas já existia antes deste e nem morrerá com a falência dos órgãos e do corpo, mas continuará existindo por toda eternidade.

Neste Evangelho, por diversas vezes Jesus alerta para o fato de não nos vermos como “nascidos de mulher”, mas é por entender a sua origem desta forma que o ser humano cria o grupamento família e distingue aqueles que lhe deram a oportunidade da vida.

Pelas leis de Deus, é a Ele que devemos amar acima de todas as coisas porque Ele é o nosso Pai. Entretanto, quando amamos outros espíritos como nossos pais, subjugamos o amor a Deus em favor desses espíritos.

“Quem ama o seu pai ou a sua mãe mais do que a mim não serve para ser meu seguidor”. (Mateus – 10,37)

Aquele que não entende a sua “origem” a partir de Deus e, portanto, não se vê como espírito, não pratica o amor, pois não aplica a igualdade entre todos. Somente aquele que se reconhece como filho do Pai Vivo pode compreender e colocar em prática o amor universal.

Nossa encarnação (nascimento) não é originada por uma relação carnal, mas faz parte da administração de Deus sobre as coisas Universais.

Todos viemos com missões, provas e penas para cumprir e ao executá-las, estaremos alcançando nossa evolução. Entretanto, estes trabalhos do espírito terão que ser sempre feitos com a participação de outros espíritos. Por isso, em um acontecimento em um grupo, não existe aprendizado apenas para um, mas para todos os envolvidos.

Por isto, podemos afirmar que os trabalhos realizados na vida carnal por um espírito servem como fonte de ensinamento para toda a coletividade espiritual. Desta forma, Deus tem que escolher para realizar estes trabalhos aqueles que tenham as “melhores condições” de executá-los positivamente. Assim sendo, todos aqueles que “nascem” (encarnam) são filhos de Deus, eleitos para determinadas provas e missões que promovam o avanço da coletividade espiritual.

Esta forma de ver as coisas do Universo acaba com a individualidade que leva o espírito a entender-se como filho de um ser humano, que vem a este planeta para satisfazer os desejos dos seus pais físicos.

“Se vos perguntarem qual é o sinal do vosso Pai em vós, respondei-lhes: é o movimento e o repouso”

Todas estas Verdades Universais só poderão ser alcançadas quando o espírito atribuir a Deus a sua existência. Apenas quando for entendido que todos os espíritos são participantes da coletividade espiritual universal como irmãos, sem distinção de cor, raça, sexo, nacionalidade ou habitação planetária, poderemos compreender que existe uma interação universal.

É para que esta interação exista, que Deus dá o “movimento” (ação) a cada espírito. O sinal maior da existência Dele comandando todos os acontecimentos da vida de um espírito é o “movimento” que este espírito realiza para que a Sua obra seja completada.

Aquele que não atribui a Deus os seus “movimentos” busca uma existência onde sejam satisfeitos apenas os seus interesses pessoais e encontra a motivação de seus atos apenas nos seus próprios interesses ou de sua coletividade mais próxima (família, raça). Este não vive para Deus, mas apenas para si; este não é espírito filho de Deus e oriundo da Luz, mas sim ser humano, filho de mulher e oriundo do ventre desta...