O evangelho segundo Tomé

Logia 41 - Posse espiritual

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Logia 41

“041. Disse Jesus: Aquele que tem a mão cheia, a este lhe será dado; e aquele que não tem, dele será tirado até o pouco que tem”.

Neste ensinamento de Jesus voltaremos a falar do raciocínio espiritual. Como já estudado, o raciocínio que um espírito pode fazer é escolher o sentimento com o qual reagirá aos acontecimentos da vida. É de acordo com estes sentimentos que Deus nos dará o pensamento material, ou seja, aquilo que o ser humano chama de raciocinar.

Entrada de sentimentos

O espírito se alimenta de sentimentos, ou seja, de matéria energética chamada “energia”, que são ondas eletromagnéticas que se propagam dentro de uma determinada faixa de amplitude e de velocidade. Estas ondas percorrem o universo e são captadas pelo espírito através de pontos energéticos espalhados pelo corpo humano. Existem dois tipos de pontos: aqueles que acolhem qualquer tipo de sentimento existente no universo e um que “escolhe” o sentimento que irá recolher.

Estes pontos são chamados de chacras. Os chacras que acolhem qualquer tipo de sentimento situam-se na altura do coração, do umbigo e nas solas dos pés do corpo humano. Eles servem como “portais” de entrada do alimento para o espírito. Entretanto, este espírito não tem o poder de escolher o sentimento que irá captar por estes chacras. O que estiver no universo ao seu redor será recolhido e, percorrendo todo o corpo humano, chegará até o espírito e ali estará à disposição deste para reagir aos acontecimentos da vida.

Porém, existe um chacra que dá ao espírito a possibilidade de “escolher” qual o sentimento que ele quer captar no universo. Este chacra chama-se “chacra diretor” e situa-se na região do meio da testa do corpo físico. Por este chacra penetram sentimentos que irão direto ao espírito sem passar antes por todo o corpo. Por este motivo, estes sentimentos são utilizados com mais freqüência pelo espírito.

Esta escolha, no entanto, não é tão livre quanto se possa imaginar. Na verdade, o sentimento que chega ao espírito através do chacra diretor obedece à “lei da ação e da reação”. Sempre que o espírito escolhe um determinado sentimento para reagir aos fatos da vida, emite uma onda elétrica que sai para o espaço em busca de sentimentos idênticos aos que agora estão sendo utilizados. Estas ondas, conhecidas dos seres humanos como ondas cerebrais, colhem no universo o mesmo tipo de sentimento que foi utilizado naquele processo de raciocínio.

Além deste recolhimento, esta onda envia o sentimento utilizado para o universo. Desta forma, quando um espírito “raciocina” ele emite uma onda cerebral que espalha aquele sentimento no universo e recebe maior quantidade do que a emitida por ele. Por isto a literatura espírita afirma que o pensamento propaga-se no universo. Na verdade não são as “histórias” que o ser humano imagina que constrói que se propagam, mas os sentimentos que ele utiliza para reagir aos acontecimentos.

Por isto, podemos afirmar que quando o espírito “escolhe” o amor para reagir a um determinado acontecimento de sua vida, ele emitirá e receberá mais amor, ou seja, capturará mais deste sentimento no universo. Da mesma forma, quando escolhe a ofensa para reagir ao acontecimento, emite ofensa para o universo e recebe mais ofensa (o que o levará a ficar cada vez mais “ofendido” com o transcorrer do fato).

Com este proceder, o espírito estará “poluindo” o universo, pois estes sentimentos poderão ser recebidos por aqueles chacras que não escolhem o sentimento capturado. Se o espírito que recebe estes sentimentos que “poluem” o universo não estiver preparado, ou seja, se não possuir uma boa quantidade de sentimentos positivos que neutralizem esta carga negativa, terá mais chances de escolher este sentimento capturado para reagir a acontecimentos futuros.

“Aquele que tem a mão cheia, a este lhe será dado, aquele que não tem, dele será tirado até o pouco que tem”.

Este é o ensinamento que o Mestre vem nos trazer nesta logia. Aquele que utilizar o amor para reagir aos acontecimentos desta vida, cada vez receberá mais amor. No entanto, aquele que reagir com sentimentos negativos, irá receber mais sentimentos negativos.

“Para o espírito ser feliz, necessita apenas de uma coisa: ser feliz”. Esta frase reflete bem o ensinamento de Jesus: não há como um espírito alcançar a felicidade enquanto procurar sofrimento nos acontecimentos da vida. Enquanto o espírito se imaginar ferido, magoado, retendo e assimilando sentimentos negativos, terá mais desses sentimentos para reagir a acontecimentos futuros. É necessário que o espírito escolha sentimentos positivos (felicidade) para reagir aos acontecimentos para que cada dia ele tenha mais sentimento de felicidade e possa, então, sentir-se feliz.

É necessário estar cheio de felicidade para poder receber mais. Não adianta o espírito escolher mágoa para reagir aos acontecimentos desta vida e assim mesmo querer ser feliz, ou seja, não adianta estar de “mãos vazias”, sem possuir dentro de si o sentimento da felicidade para poder aplicá-lo em todos os momentos.

Nos evangelhos canônicos é narrada uma parábola que explica este ensinamento: “Um patrão vai viajar e dá a três empregados determinada quantidade de moedas para que eles guardem para ele. Dois colocam o “dinheiro” para circular e com isso conseguem dobrar a quantidade recebida. Estes são considerados pelo patrão, quando este retorna, como empregados bons e fiéis e recebem mais moedas para lidar, pois provaram que são capazes de trabalhar com pouco “capital”. Entretanto um deles, com medo do patrão, escondeu as suas moedas enterrando-as e, no retorno do patrão, devolveu-as na mesma quantidade que recebeu. Este o patrão manda que seja expulso da propriedade e remetido ao local onde existe o “sofrimento e o ranger de dentes”.”

Na parábola o patrão é Deus e nós somos os empregados a quem Ele confia as moedas. Quando um espírito se prepara para a sua encarnação, a espiritualidade que dirige este processo forma a sua “personalidade”, ou seja, abastece o espírito com determinadas quantidades de sentimentos que servirão de “capital inicial” para os trabalhos que ele terá que fazer na vida carnal. Estes sentimentos serão sempre baseados nas provas, penas e missões que o espírito tiver que executar.

Desta forma, se um espírito precisa provar que não quer mais se abastecer de “preguiça”, ele terá este sentimento realçado em sua personalidade. Isto ocorre porque ele precisa provar que é capaz de abdicar deste sentimento e utilizar o amor para executar os seus trabalhos. Para que ele possa abrir mão deste sentimento, sempre haverá uma quantidade de amor à sua disposição.

Executar a prova será, então, para o espírito, deixar de utilizar o sentimento “preguiça” e escolher o amor para reagir aos chamamentos das obrigações da vida espiritual na carne. Quando o espírito agir desta forma estará remetendo amor para o universo e colherá mais amor. Isto faz o “empregado bom e leal”: coloca suas “moedas” para “girar” no mercado e acrescenta “lucros ao capital inicial” deixado pelo patrão. Este espírito receberá mais amor para trabalhar e, portanto, por ter a “mão cheia”, receberá ainda mais.

Porém, aquele que preferir poupar o amor que recebeu, que é em menor quantidade que o sentimento que veio vencer, com medo de perdê-lo, não trará lucros ao seu “patrão”. Ao retornar à vida espiritual sem a carne, Deus lhe perguntará o que fez com o “capital inicial” que foi lhe emprestado e ele devolverá apenas aquilo que recebeu. Este empregado terá que ser expulso daquela “fazenda” e será jogado no “lugar onde existem o sofrimento e o ranger de dentes”.

Este lugar no universo nada mais é do que a vida carnal. Por isto aquele que não colocar o amor que Deus lhe emprestou para dar início à sua “empresa” para “fabricar” a evolução espiritual, terá sua “concordata” pedida. Ele terá que retornar ao mundo espiritual para refazer o seu “capital” e, posteriormente, após “quitar” suas dívidas, retornar ao “mercado” para provar que é capaz de “administrar a sua empresa”.

Aquele espírito que não consegue colocar em prática o amor universal terá que reencarnar para poder “auferir lucros” para Deus. Esta é a essência do ensinamento de Jesus. Aquele que conseguir colocar em prática este amor receberá mais auxílio para crescer, mas aquele que esconder o seu “capital”, não terá auxílio na sua empreitada. Isto é a Justiça Perfeita.

Os espíritos imaginam Deus como um ser que está sempre pronto a auxiliar os seus filhos. Esta visão é verdadeira, mas está distorcida. Deus é o Amor Sublime e por isso sempre está pronto para socorrer, mas precisa que seja merecido o socorro. Deus perdoa aquele que busca o perdão e não todos aqueles que “erram”.

“Bata que eu abrirei”, nos ensinou o Mestre, ou seja, faça para ser ajudado. Para que você receba amor é preciso que gaste amor.