O evangelho segundo Tomé

Logia 40 - O amanhã

Reproduzir todos os áudiosDownload
Logia 40

“040. Disse Jesus: uma videira foi plantada sem o Pai, e como não se firmou, será arrancada por suas próprias raízes e será destruída”.

Todo ato do ser humano é baseado em um raciocínio. Este raciocínio, como já explicado, inicia-se com as informações recebidas através dos órgãos do corpo físico, as quais são analisadas pelo espírito e resultam em uma decisão. O ato refletirá a decisão tomada pelo raciocínio, que é, então, a conclusão da análise feita durante o raciocínio. Daí a importância de conhecermos bem esta etapa.

A etapa análise é chamada pelo ser humano de “pensamento”. Durante esta etapa o ser humano “imagina” que conversa consigo mesmo revendo atitudes anteriores, buscando conhecimentos e tentando, ainda, deduzir o que irá suceder se ele tomar uma determinada atitude. Para o ser humano, isto é um processo inerente apenas a ele.

Entretanto, ao estudarmos os ensinamentos deixados pelos enviados de Deus, concluímos que o raciocínio não é uma atividade material, pois não é a carne que “pensa”, mas sim o espírito. Descobrimos, ainda, que o espírito tem seus atos guiados por Deus para que a Justiça Perfeita e o Amor Sublime sejam mantidos.

Face a estes ensinamentos, chega-se à conclusão que o ser humano não pode ter “pensamentos” livres, pois praticaria atos sob a sua própria decisão e, dessa maneira, este não seria um mundo com atributos do mundo de Deus. O que está sendo explicado é que, se este é um mundo de Deus, esta “conversa” que o ser humano imagina que tem consigo mesmo, é realizada com um orientador que direciona o raciocínio para que o ato a ser atingido siga as premissas necessárias.

“Imaginamos que a ação dos espíritos não deve se manifestar senão por fenômenos extraordinários. Quiséramos que nos viessem ajudar por meio de milagres e nós os representamos sempre armados de uma varinha mágica. Não é assim; eis porque sua intervenção nos parece oculta e o que se faz com o seu concurso nos parece muito natural. Assim, por exemplo, eles provocarão a reunião de duas pessoas que parecerão se reencontrar por acaso; eles inspirarão alguém o pensamento de passar por tal lugar; eles chamarão sua atenção sobre tal ponto, se isso deve causar o resultado que pretendem obter; de tal sorte que o homem, não crendo seguir senão seu próprio impulso, conserva sempre seu livre arbítrio”. (Comentários de Allan Kardec à resposta da pergunta 525 – Livro dos Espíritos)

Kardec concluiu face às explicações dadas pelos espíritos, que o “pensamento” que o homem imagina ter, nada mais é do que uma inspiração que os espíritos fora da carne dão àquele que está na carne para que ele realize o ato que deve ser feito. Por não ver este espírito se comunicando com ele, o homem imagina que está fazendo “aquilo que quer”.

Já vimos também na logia 12 que a única escolha (livre arbítrio) que um espírito pode fazer no processo raciocínio é a do sentimento com o qual reagirá aos atos.

Juntando todas estas informações, podemos chegar ao real entendimento sobre o “pensamento”: trata-se de direcionamento que os espíritos dão aos que estão na carne para que se cumpra o determinado por Deus. Esses “direcionamentos” são escritos com base nos sentimentos que o espírito na carne escolhe para se “nutrir”.

Planejamento do futuro

Uma das maiores utilizações que o ser humano dá ao pensamento é o de planejar acontecimentos que ainda estão por vir. Ele “imagina” que desenvolve raciocínios estabelecendo caminhos e objetivos que pretende alcançar para que seja mais feliz.

Como vimos, porém, estes pensamentos não são oriundos dos próprios espíritos. Por isso, aquele planejamento refletirá apenas o sentimento atual que o espírito tem. Quando alguém planeja um determinado futuro de modo a que tenha uma vida material cômoda, este pensamento reflete ganância, egoísmo, etc.

Estes sentimentos são os que servirão de base para o próximo ato que o espírito receberá. Portanto, o sentimento negativo trará um ato negativo. Quando um espírito planeja com sentimentos negativos, o planejado poderá até acontecer, mas será negativo, ou seja, não alcançará a felicidade verdadeira. Somente os acontecimentos gerados pela utilização anterior de sentimentos positivos, poderão gerar felicidade nos fatos presentes ou futuros.

 

“uma videira foi plantada sem o Pai”

Plantar um a videira sem o Pai é exatamente planejar a vida, criar objetivos para serem alcançado. Quando o espírito programa a sua encarnação ele escreve todas as situações que passará durante a vida para o cumprimento de suas provas, expiações e missões e faz isso com todo o conhecimento da eternidade da vida espiritual.

Quando vem à carne, entretanto, o espírito adota uma visão materialista do Universo e passa a nutrir-se de sentimentos negativos que lhe criam outros objetivos na vida, trocando a intenção da evolução espiritual pela evolução material, a expiação pelo conforto. Estes novos objetivos que o espírito na carne passa a possuir não mais refletem o desejo de Deus para aquela encarnação.

“e como não se firmou”

Estes novos objetivos são inconsistentes, pois existe uma única realidade: a espiritual. A vida na carne é apenas um lapso de tempo na vida espiritual. Deus não se importa com a fama ou o aplauso que o espírito possa ganhar durante este curto espaço de tempo, mas preocupa-se com a eternidade espiritual.

Como em uma escola, não devem os professores avaliar uma simples prova para saber se o aluno conhece a matéria: devem analisar todo o histórico escolar do aluno. Para Deus não é importante que o espírito seja um homem, mas sim que ele cresça e atinja a “maturidade” espiritual.

O objetivo da existência espiritual é evoluir espiritualmente purificando os seus sentimentos. Os acontecimentos da vida nada mais são do que questões para as quais os espírito devem dar sempre a mesma resposta: amor universal (alegria, compaixão e igualdade). Não importa se o espírito evoluiu ou não materialmente, pois se ele conseguir esta evolução espiritual será aprovado no seu “curso”.

“será arrancada por suas próprias raízes e será destruída”

Assim, todo objetivo material que interfira no planejamento feito pelo espírito antes da encarnação jamais poderá ser concretizado. Não adianta o espírito programar a sua vida para ser um médico ou um advogado, se o seu “destino” é se tornar um escriturário. Mesmo que Deus conceda o direito do planejamento acontecer na sua forma (tornar-se médico), o objetivo jamais será alcançado: a felicidade.

Só existe uma forma de ser feliz amanhã: sendo feliz hoje. Apenas com a prática do amor universal a cada segundo da vida, o espírito pode alcançar a felicidade universal: seu “livro da vida” continuará a reger os acontecimentos planejados para essa encarnação, mas o espírito viverá cada momento com felicidade.

Aquele que vive com o amor universal não planeja acontecimentos futuros, mas recebe tudo aquilo que Deus determina com esse sentimento. É isto que garante a felicidade no amanhã.

Por este motivo existem pobres e famintos que são felizes, enquanto existem ricos que nunca estão satisfeitos com o que possuem. Quem tem o amor universal, reage com amor a tudo o que Deus lhe dá porque confia na Sua Justiça e no Seu Amor.