O evangelho segundo Tomé

Logia 37 - Alcançando Jesus

Reproduzir todos os áudiosDownload
Logia 37

“037. Seus discípulos disseram: quando irás desvelar-te a nós e quando haveremos de ver-te?” Respondeu-lhes Jesus: quando vos despirdes sem sentir-vos envergonhados e puserdes vossos vestidos sob vossos pés, e como crianças pisardes neles, aí podereis ver o Filho daquele que é Vivo e não tereis medo”.

“quando irás desvelar-te a nós e quando haveremos de ver-te?”

Os discípulos questionam Jesus sobre o que precisam fazer para alcançar o amor que Ele pregava, o que deviam fazer para alcançar o estágio de felicidade absoluta que o Mestre ensinava.

“quando vos despirdes sem sentir-vos envergonhados”

Para isto ocorrer, Jesus afirmou que havia a necessidade do ser humano despir-se sem sentir vergonha de sua nudez, era preciso que retirasse as “roupas” que escondiam a sua verdadeira essência. Estas “roupas” são os conceitos que o ser humano possui e que servem como máscaras para encobrir a sua real intenção.

As leis individuais (conceitos) servem como desculpas do ser humano para não encarar a sua própria realidade. Aceitando que não existe outra lei a não ser amar a Deus e amar ao próximo como a si mesmo, o homem terá que aceitar que não pode estabelecer padrões para serem seguidos.

É mais fácil achar um culpado e acusar um assassino de ferir a lei, do que assumir que se houve um assassinato, tanto quem matou como quem desencarnou, precisava e merecia passar por aquela situação, seja por prova, missão ou pena.

Para encontrar a felicidade plena temos que retirar as máscaras que utilizamos para nos transformamos em juízes das atitudes alheias e entender que elas só acontecem desta forma porque nós merecemos e precisamos.

É preciso não ter a vergonha de assumir que todos os espíritos que estão no Universo encontram-se em evolução e, portanto, são passíveis de ter conceitos equivocados sobre as coisas.

Para chegar ao amor universal é preciso abrir mão de tudo aquilo que se imagina “saber” para alcançar a compreensão de que nada sabemos. É preciso parar de imaginar que compreendemos as coisas, pois nada se compreendemos em sua essência.

“puserdes vossos vestidos sob vossos pés”

Colocarmos todas as nossas “imaginações” frente a uma só realidade: eu merecia e precisava. O ladrão é comandado por Deus para assaltar a quem precisa ou merece. Enquanto imaginarmos que o ladrão nos causou mal ou prejuízo, não conseguiremos entender que ele só veio nos tirar o que era de Deus e estava sob nossa guarda.

 Nosso problema não deve ser com o ladrão. Não somos juízes do Universo para julgar os atos de outras pessoas, mesmo do ladrão. Tenho que buscar em todos os acontecimentos o que Deus está querendo me dizer pois só Ele comanda os atos, não como punição, mas como um aviso a cada um.

Colocar aquilo que nos veste (conceitos) aos nossos pés é justamente compreendermos que o que “achamos” dos outros deve ser buscado em nós mesmos e não no próximo. Não adianta ficar acusando todos de terem feito o que fizeram, mas é necessário que se entenda o que Deus está querendo nos dizer...

O roubo não é um crime que alguém comete contra você, mas uma forma que Deus encontra para lhe enviar um aviso. Pode ser que você seja ganancioso, pode ser que tenha gerado apegos, que “possua” ou tenha “poder” sobre os outros ou sobre bens materiais. É por isto que o ladrão se aproximou de sua residência e conseguiu subtrair alguns bens. Entretanto, ele pode ter vindo apenas socorrer você... Deus pode tê-lo mandado tirar o seu automóvel porque você precisava caminhar mais para não ter uma doença nas pernas, ou talvez porque aquele veículo estivesse impregnado de energias negativas ...

Os motivos podem ter sido vários, mas não importam quais foram. O importante e necessário é mudar a visão que acusa os outros e aproveitar o acontecimento para encontrar sua reforma íntima.

“e como crianças pisardes neles”

Nesta análise, entretanto, até o motivo que faz Deus comandar os atos não deve ser a nossa preocupação, pois o espírito imperfeito não conseguirá “despir-se” completamente para conseguir ver como é ganancioso, possessivo e apegado à suas verdades, gerando sempre “desculpas” para o seu proceder.

Por isto Jesus nos aconselha a sermos como crianças que não guardam mágoas ou rancores, quer sejam delas mesmas ou de outros. Devemos “pisar” nos acontecimentos, passando o momento com alegria seja ele qual for.

Não importa o motivo pelo qual Deus providenciou acontecimentos em nossas vidas, pois qualquer que tenha sido ele, nós só evoluiremos se aplicarmos no acontecimento o amor universal. Para nos curarmos da ganância, posse, poder, etc, só amando o próximo. Por isso Jesus resumiu todas as leis de Moisés em apenas duas: AMAR A DEUS ACIMA DE TUDO E AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO.

Quem ama o próximo não mata, não rouba, não adultera. Quem ama a Deus não coloca nada em superioridade a Ele nem invoca o Seu nome em vão. A única estrada para alcançar Jesus é na qual se caminha com amor.

Sentimentos de culpa ou acusação não levam a Jesus, mas trazem apenas a auto-flagelação, que, por sua vez, produz sentimentos contrários ao amor. É por isso que devemos esquecer os acontecimentos passados, “pisar” neles e viver cada segundo com amor, procurando sempre a evolução.

Orai e vigiai, ensinou Jesus. Vigiar todos os segundos da vida para que eles sejam vividos em oração, ou seja, como Jesus ensinou através do Pai Nosso.

“aí podereis ver o Filho daquele que é Vivo”

Somente entendendo que tudo que acontece não é obra do acaso, da nossa vontade ou da vontade alheia, mas reflete o nosso merecimento e a nossa necessidade e que nos é dirigido, não por penalidade ou castigo, mas para que tenhamos a chance de interiorizar o amor.

O amor universal, aquele que Jesus ensinou, é alegria, compaixão e igualdade.

Quando não vemos merecimento no que recebemos, imaginamos que outros foram superiores a nós, pois tiveram a condição de nos ferir e tirar nossa alegria... Se nos imaginamos “culpados”, sentimo-nos inferiores aos outros, nos flagelamos, causando mais tristeza em nossas vidas.

Para se encontrar Deus e Jesus é necessário acabar com todas as culpas, inclusive a nossa mesmo.

“e não tereis medo”

Com isto acabar-se-ão todos os medos de errar, causar sofrimento, sofrer, de ser injustiçado. Todo medo que o ser humano possui é causado pela incerteza do amanhã, do que acontecerá no futuro.

Este medo reflete a falta de confiança em Deus. Reflete a ignorância de que Ele é o causador das coisas do Universo e que o destino está traçado e é escrito a cada segundo, de acordo como reagimos a cada acontecimento.

Esta certeza pode acabar com o medo do ser humano de viver. Acabando com o medo, encerram-se, também, as preocupações.

O espírito vem à carne apenas com uma realização a cumprir: viver.

Viver é encontrar-se em um estado de felicidade pura, de harmonia e paz. Como conciliar este estado com a incerteza? Com a certeza de que Deus comanda os atos de acordo com os sentimentos, trocando a acusação pela convicção do merecimento e a flagelação pela constatação da nova chance que Deus nos dá.

Costuma-se dizer que o “amanhã a Deus pertence”, mas ainda nos preocupamos em querer “fazer” este amanhã. Com estes ensinamentos passamos a saber o que acontecerá amanhã: o que Deus quiser, dentro do que merecemos, pela nossas ações de hoje.

Usando o amor universal hoje, amanhã encontraremos Jesus e não teremos medo.