O evangelho segundo Tomé

Logia 33 - Transmissão de ensinamentos

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Logia 33

“033. Disse Jesus: aquilo que ouvirdes com um ouvido e com o outro, proclamai do alto de vossos telhados; pois que ninguém acende um candeeiro e põe-lhe em cima uma redoma; nem o coloca em um lugar escondido, mas prepara-lhe um pedestal para que todos que entrem e saiam possam ver a luz”.

“aquilo que ouvirdes com um ouvido e com o outro, proclamai do alto de vossos telhados”

De que vale um tesouro no fundo mar? Nada.

Para ter valor um tesouro tem que estar disponível para ser utilizado. É esta a comparação que Jesus faz. Os ensinamentos de Deus são tesouros que devem ser sempre utilizados para que possam ter valor.

O Mestre já tinha nos avisado : aquele que tem ouvidos de ouvir que ouça. Como explicado na logia 08, ter ouvidos de ouvir é compreender a essência do ensinamento. Portanto, quando Jesus nos diz que o que ouvirmos devemos proclamar, Ele está falando de tudo aquilo que compreendermos da essência do ensinamento.

Todos os ensinamentos devem ser transmitidos aos companheiros de jornada (proclamar do lugar mais alto). Aquele que recebe o ensinamento e guarda para si mesmo, está utilizando sentimentos de avareza. É a transmissão constante dos ensinamentos que pode levar o espírito a interiorizar esses ensinamentos para que possa chegar ao amor universal.

Aqueles que conviveram com Jesus aprenderam a essência dos ensinamentos como agora está sendo permitido revelar.

“A vocês Deus mostra os segredos do Reino do céu, mas, a eles, não”. (vers.11)

“É por isso que eu uso comparações para falar com eles. Porque eles olham e não enxergam; escutam e não ouvem nem entendem”. (vers. 13)

“Mas vocês, como são felizes! Pois os seus olhos vêem, e os seus ouvidos ouvem. Lembrem-se disto: muitos profetas e muitas outras pessoas do povo de Deus gostariam de ver o que vocês estão vendo, mas não puderam; e gostariam de ouvir o que vocês estão ouvindo, mas não ouviram”. (vers. 16) (Mateus – Cap. 13)

De que outra forma explicar o martírio dos primeiros cristãos? Como aceitar que se deixaram ser atirados nas arenas, onde permaneceram em oração? Estes cristãos “ouviram” de Jesus que eram espíritos, que viviam em um mundo espiritual onde a essência das coisas devia ser o alvo da atenção, que vinham a este planeta provar que aprenderam o amor universal para reagir apenas com ele. Esses cristãos aceitaram Deus como a “Causa Primária” de todos os acontecimentos.

Entretanto, aqueles que receberam a doutrina passada pelo Mestre guardaram estes segredos a “sete chaves” para que apenas eles pudessem possuí-los. Transformaram a Boa Nova, doutrina baseada exclusivamente no amor, em um código de leis, onde, atemorizando os seguidores, conseguiram manter o poder e o privilégio. Por isto Jesus disse:

“Aí de vocês, professores da Lei e fariseus, hipócritas! Pois fecham a porta do Reino do céu aos outros, mas vocês mesmos não entram nem deixam entrar os que estão querendo”. (Mateus – 23,13)

A verdadeira doutrina de Cristo não pode servir para julgar, acusar ou penalizar ninguém, pois isto denotaria um sentimento de superioridade que acaba com a igualdade necessária para que aja o amor universal. Assim, os ensinamentos recebidos devem ser retransmitidos, sem que sejam usados para julgar ou apontar “erros”.

Ao dizer que devemos transmitir os ensinamentos que recebemos, Jesus não estava passando uma procuração para julgarmos os outros mas dizendo que devemos vivenciar esses ensinamentos em todos os momento da vida, não só nos atos, mas também nas palavras. Os ensinamentos devem ser transmitidos não como códigos de leis, mas como conversação constante.

Aquele que utiliza o amor está sempre repassando aos outros, mesmo sem motivos, as bases necessárias para a compreensão dos ensinamentos. A espiritualidade tem transmitido, a mando de Jesus, diversos avisos sobre a conversa tola. O ser humano perde o seu tempo em conversações frívolas, em assuntos que nada colaboram com a edificação do espírito. Aquele que tem o amor universal procura sempre transmitir a felicidade e sabe que ela só será alcançada quando se aprender a Boa Nova de Jesus.

“ninguém acende um candeeiro e põe-lhe em cima uma redoma; nem o coloca em um lugar escondido”

Guardar um ensinamento só para si é egoísmo. O espírito vem à carne com a missão suprema de ajudar a Deus na Sua obra e para isso é preciso que ele se relacione com outros espíritos. Por isto Jesus afirma que ninguém acende um candeeiro para lhe colocar em cima uma redoma ou mantê-lo escondido. É preciso que ele esteja à vista para que a sua luz ilumine o caminho dos outros.

Aquele espírito que vivencia o amor universal, quer seja pelos seus atos como pela transmissão de ensinamentos, serve como guia para aqueles que ainda não conseguiram, transformando-se em um farol que ilumina o caminho a ser percorrido.

“mas prepara-lhe um pedestal para que todos que entrem e saiam possam ver a luz”

As situações que Deus coloca na vida de cada um existem para que aquele que tenha mais amor possa doar este amor ao seu semelhante. Elas são um pedestal para que a luz do amor possa iluminar o caminho do outro.

Quando o ser humano perde o seu tempo em discussões frívolas, em assuntos banais, fofocas, está escondendo a sua luz.

Relembrando a “Parábola dos Talentos” (Jesus e os três empregados), Deus nos confia o amor universal para que possamos multiplicá-lo enquanto estivermos longe Dele (sem memória das coisas espirituais). Aquele que conseguir multiplicar este amor receberá mais amor para trabalhar, pois provou que é capaz de multiplicar o pouco. Aquele que esconder este amor será jogado em um lugar escuro, onde existe o ranger de dentes, ou seja, a infelicidade. Este local é esta “dimensão” onde vivemos, pois só aqui existe o “sofrimento”. Está aí a razão da reencarnação.