O evangelho segundo Tomé

Logia 23 - Reencarnação

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Logia 23

“023. Disse Jesus: eu vos escolherei na razão de um em mil, dois em dez mil, e sereis todos como um só”.

“eu vos escolherei”

Cristo, o espírito mais elevado do sistema solar onde está a Terra, tem necessariamente que já haver conquistado a simplicidade ou pobreza espiritual (pobreza de sentimentos, ou seja, ter um só sentimento) para poder exercer a missão junto aos espíritos em evolução neste planeta. Por este motivo, podemos afirmar que para Ele todos os espíritos são iguais (igualdade plena). Ainda pelo mesmo motivo, a “escolha” que ele fizer nunca será aleatória, mas sempre terá uma base.

Jesus não escolhe quem Ele quer, mas apenas aqueles que se sabem espíritos, colocam o amor universal como essência de sua vida e esta escolha não resulta em prêmios materiais, mas sim espirituais.

Aquele que é escolhido por Jesus recebe como prêmio missões para auxiliar seus irmãos. Ele ganha a honra de glorificar o nome de Deus, auxiliando-O na Sua obra, ganha riquezas espirituais, o apoio dos seus irmãos fora da carne, que o nutrem constantemente com o amor universal.

Aquele que tiver como base de raciocínio o amor universal não procurará a satisfação no contentamento de seus conceitos, mas achará em tudo a felicidade universal. Não amealhará bens materiais, mas “ajuntará” riqueza “no céu, onde as traças e a ferrugem não podem destruí-la e os ladrões não podem arrombar e roubá-la” (Evangelho de Mateus, Cap. 6, versículo 20).

Esta é a base da escolha de Jesus e o prêmio que recebem aqueles que são escolhidos.

“na razão de um em mil, dois em dez mil”

O motivo da escolha, a utilização do amor universal, não é alguma coisa “dada” por Deus, mas conquistada pelo espírito. É esta a prova que o espírito vem fazer a cada encarnação: buscar eliminar os sentimentos negativos para alimentar-se exclusivamente do amor universal.

“Deus criou todos os espíritos simples e ignorantes, quer dizer, sem ciência. Deu a cada um determinada missão com o fim de esclarecê-los e fazê-los alcançar, progressivamente, a perfeição para o conhecimento da verdade e para aproximá-los Dele”. (O Livro dos Espíritos – perg. 115).

Todos os espíritos nascem com o amor universal dentro de si, mas ao buscarem o conhecimento das coisas espirituais, acabam trocando-o por sentimentos negativos. Desta forma, é necessário que o espírito se livre destes sentimentos e alcance assim o reino do céu.

“166 – A alma que não alcançou a perfeição na vida corpórea, como acaba de depurar-se?”

“Suportando a prova de uma nova existência”.

“Como a alma realiza essa nova existência? É por sua transformação como espírito?”

“Depurando-se, a alma sofre, sem dúvida, uma transformação; mas para isso lhe é necessária a prova da vida material.”

“A alma passa, pois, por várias existências corporais?”

“Sim, todos nós passamos por várias existências físicas”.

(Livro dos Espíritos – Allan Kardec)

Esta sucessão de passagens por existências físicas foi chamada de reencarnação. Em cada uma delas o espírito utilizou uma massa corporal com forma física diferente e possuiu conceitos diferentes. Sendo que esta é a descrição de um ser humano, podemos afirmar que um espírito durante sua evolução espiritual foi diversos seres humanos.

Esta é a base da afirmação de Jesus. “Na razão de um em mil” quer dizer que o espírito alcançará o amor universal em uma das mil encarnações, ou seres humanos, que viver.

“167 – Qual é o objetivo da reencarnação?”

“- Expiação, aprimoramento progressivo da humanidade ...”. (Idem)

Alguns afirmam que a reencarnação é a fonte da elevação espiritual, mas isto não é verdade. A reencarnação de um espírito por si só não garante a ele a evolução. Apenas a reforma íntima, ou seja, a mudança de seus sentimentos, é que garantirá esta evolução.

A reencarnação é apenas uma “chance” que Deus dá para que o espírito tenha como base de raciocínio apenas o amor universal. É necessário que o espírito reforme-se em uma delas para que alcance a sua elevação. Será nesta encarnação que Jesus escolherá o espírito para que passará a servir a Deus no auxílio dos irmãos, ganhando os bens espirituais.

Não adianta um espírito reencarnar várias vezes, pois isto não o levará à elevação. Reformando-se em uma delas é que encerrará este processo. O espírito deve aproveitar a encarnação em que se encontra, buscando esclarecimentos e nela promovendo a reforma de seus sentimentos, alterando os seus conceitos, para poder alcançar as verdades universais.

Postergar esta reforma é gerar mais trabalho para a espiritualidade que terá que “programar” toda uma nova existência para este espírito poder buscar a reforma íntima. Aqueles que crêem que apenas as reencarnações sucessivas garantem a sua elevação, estão adiando esta reforma.

A razão da existência do espírito é buscar a ciência, ou seja, o conhecimento das verdades espirituais, sem utilizar os sentimentos negativos. Não existe mais nada que ele precise fazer e por isto, esta deve ser também a sua única pretensão enquanto na carne.

O espírito não habita uma carne para realizar coisas, mas apenas para provar a Deus que é capaz de ter apenas o amor universal como sentimento.

O ser humano tem vivido para construir “sua vida”, buscando o prazer individual do crescimento material ou profissional, o reconhecimento através do elogio do seu comportamento. Entretanto, aquele que se sabe espírito, não almeja estas coisas, pois sabe que elas não são conquistas, mas ofertas que Deus dá a cada um de acordo com seus sentimentos.

Viver com o objetivo de buscar o conhecimento para realizar-se profissionalmente, construir uma família, ter posses, é viver como ser humano. O único objetivo do espírito é procurar o amor universal e praticá-lo: o resto lhe será concedido por Deus.

Esta alteração de objetivos de vida é que garante ao espírito a “escolha” de Jesus. Para isto não são necessárias diversas encarnações, apenas uma. A progressão de um espírito não tem número certo de reencarnações, mas se dá naquela em que ele decide alterar seus sentimentos, ou seja, promover a sua reforma íntima.

“e sereis todos como um só”.

Aquele que nutre o amor universal vê a igualdade plena entre todos e, por isso, não se entende como individualidade e sim como parte de um todo.O espírito não tem “querer” individual, não procura a satisfação pessoal, mas compartilha do desejo de um todo. Ele se entende como participante do todo universal e não busca individualismos.

Por isto, todos os escolhidos por Jesus formam um só: o todo espiritual. O ser humano, aquele que possui outros sentimentos, é quem divide o Universo. Ele cria sexos, raças, cores, religiões diferentes, cria desníveis entre as pessoas, gerando ascendência entre todos.

Quem se sabe espírito não possui individualismos que separe as coisas ou pessoas em grupos de certos ou errados, bons ou maus, feios ou bonitos, etc. O escolhido por Jesus não separa ou divide os outros espíritos por “tipos” de sentimentos que nutrem, mas reconhece que a essência de todos os espíritos é o amor universal e por isso sabe que este sentimento existe dentro de cada um, mesmo que não o estejam demonstrando no momento.

O escolhido de Jesus não reconhece os “bons” porque para isso teria de achar os “maus”. Não reconhece o “errado”, pois teria de conhecer o “certo” gerando, assim, uma ascendência entre os espíritos e as coisas.

O escolhido por Jesus não utiliza nem mesmo a lei de Deus (amar a Deus, a si e aos outros) para “julgar” os outros, pois sabe que ela está dentro de cada um como está dentro dele: apenas os auxilia a utilizar esta encarnação para a reforma íntima.