O evangelho segundo Tomé

Logia 19 - Doutrina Espiritualista Ecumênica

Reproduzir todos os áudiosDownload
Logia 19 - 1
Logia 19 - 2

“019. Jesus disse: “Bendito aquele que era antes de existir. Se vos tornardes meus discípulos e ouvirdes minha palavra, estas pedras vos servirão. Há, pois, cinco árvores no paraíso que não se movem no verão nem no inverno, e suas folhas não caem. Aquele que as conhecer não provará da morte”.

“Bendito aquele que era antes de existir”

Bendito é aquele que é bem falado, no caso por Deus, ou seja, aquele a quem Deus diz que está certo. Esta pessoa é feliz, pois pratica as coisas da maneira que o Pai ensina. Portanto, os benditos são os felizes.

“Aquele que era antes de existir”, nos leva a entender aquele que sabe que existiu antes deste momento. A partir do momento que “existimos”, nos tornamos “seres humanos” e esquecemos que somos alguma outra coisa. Esta outra coisa é o espírito.

Desta forma podemos afirmar que:

Felizes são aqueles que se reconhecem como espírito, apesar de estarem na carne.

“Se vos tornardes meus discípulos e ouvirdes minha palavra, estas pedras vos servirão”.

Os discípulos de Jesus são aqueles que praticam o seu ensinamento: vivem o amor universal. Para nos tornarmos discípulos de Jesus é necessário que pratiquemos o amor que Ele nos ensinou.

Para isto é preciso entender os Seus ensinamentos, ou seja, ouvir as Suas palavras.

Quem isto fizer não precisará de posses materiais e o mais simples dos elementos da natureza (a pedra) lhe bastará. Aquele que conjugar o amor universal não precisará de ouro ou de qualquer outro metal nobre: apenas uma pedra servirá.

“Há, pois, cinco árvores no paraíso que não se movem no verão nem no inverno e suas folhas não caem”.

A árvore possui um sentido bíblico de fonte da vida, ou do conhecimento necessário para a vida na carne. É isto que também simboliza a história de Adão e Eva, quando a mulher aceita o fruto da árvore para comer. Os frutos da árvore do conhecimento são os ensinamentos necessários para esta vida.

A árvore que conhecemos possui raízes fixas que não a deixa mover-se, mas se entendermos que a sombra projetada por ela é uma extensão do seu corpo físico, podemos afirmar que a árvore se move de acordo com a posição da luz que cria esta sombra.

É este o motivo da colocação das estações do ano: de acordo com cada estação, o sol faz um caminho diferente e com isso a sombra muda de posição.

Entretanto, as árvores citadas por Jesus não se movem, ou seja, a fonte de energia onde estas árvores se banham (Deus), está sempre na mesma posição. No Universo só existe uma coisa imutável: Deus.

Deus é imutável porque é a causa primária de todas as coisas e porque é a justiça perfeita do Universo. Se Ele se alterasse, as coisas seriam diferentes e isto provocaria a injustiça, pois o que já foi justo não mais o seria.

Portanto, a fonte que abastece estas árvores é o próprio Deus. Com isto, Jesus afirma que os ensinamentos provenientes destas cinco árvores do conhecimento são perfeitos e inalteráveis, pois têm Deus como sua fonte.

O conhecimento sempre foi e sempre será exatamente o mesmo, pois a sua fonte (Deus) nunca foi alterada e por isso as folhas da árvore do conhecimento não caem. Desta forma, podemos afirmar que o conhecimento destas árvores é completo em toda a sua essência, mesmo que não tenhamos até agora conseguido entender todo ele.

“Aquele que as conhecer não provará da morte”.

Os ensinamentos destas árvores do conhecimento levam o ser humano a entender que ele não precisa passar por uma morte.

Até agora entendemos que a morte é um processo de transformação de vida que o ser humano sofre. Por esse processo o ser humano se “transforma” em alguma outra coisa, que irá viver em outro local. Dentro da concepção geral, com a morte o ser humano se transforma em alma ou espírito, de acordo com cada crença e vai habitar o céu ou o inferno, de acordo com o seu merecimento.

Não podemos afirmar que o ser humano não mais passará por este processo, pois o corpo (carne) perecerá. Portanto a afirmação de Jesus só poderia ser:

Aquele que conhecer os ensinamentos das cinco árvores terá apenas uma vida em apenas um local de existência.

OS ENSINAMENTOS

Compreendido o significado das palavras de Jesus, podemos iniciar o estudo do texto.

O destinatário dele é claro logo no início: o espírito. Jesus está dirigindo-se àquele que sabia ser antes de existir e afirma que ele será feliz quando reconhecer isto. Esta felicidade nada tem a ver com o estado que o ser humano consegue alcançar por momentos.

Jesus está falando da felicidade universal, aquela que os santos alcançam, aquela que cria uma felicidade coletiva e não aquela que apenas premia desejos próprios. Para Deus só existe felicidade quando todos os seus filhos estão felizes e não quando apenas um ou um grupo está. A felicidade hoje conhecida no planeta é assim.

Para que um ser humano sinta-se feliz é necessário que as suas “vontades” sejam satisfeitas. Quando todas as coisas acontecem da forma que ele quer, ele encontra a felicidade. Entretanto, para se ter esta felicidade, alguém tem que ficar infeliz, contrariado, fazendo o que não deseja.

Desta forma, Jesus inicia convocando os espíritos para alcançarem esta felicidade universal de ser espírito e viver na glória de Deus. Para isto diz que o espírito deve tornar-se seu discípulo, ou seja, praticar o que Ele pratica.

Como vimos, esta prática diz respeito ao Amor Universal. Este amor leva o espírito a enxergar o mundo com outros olhos, passa ver as coisas com uma visão universal e não a sua visão individual que leva à posse das coisas. Quando o ser humano alcança a sua felicidade necessita possuir o objeto desta felicidade pensando, assim, manter este estado por mais tempo.

O espírito não precisa disto, pois sabe que esta felicidade não está na coisa, mas dentro dele mesmo e em todo o Universo. O espírito, aquele que possui a visão universalista, entende que não precisa de coisas para ser feliz, pois a felicidade está dentro dele mesmo e não nas coisas.

Mas, para alcançar este estado, é necessário que o “ser humano” primeiramente se reconheça como espírito que é e conheça os cinco ensinamentos básicos da vida: as CINCO VERDADES UNIVERSAIS.

Estes ensinamentos são eternos e por isso nunca sofreram alterações. Desde o início dos tempos estiveram presentes em todas as transmissões de Deus aos espíritos na carne, mas não foram compreendidos porque o homem não deixou de ser o que era naquele momento (SER HUMANO) para ser o que era antes (ESPÍRITO).

Vamos ver cada um destes ensinamentos.

PRIMEIRA VERDADE UNIVERSAL

Não existe o ser humano: eu sou um espírito.

Se o ser humano reconhece que existia antes de ser, é necessário que ele entenda-se como espírito.

O espírito é gerado por Deus, por isso é Seu filho. Se formos buscar definição do espírito nas transmissões dos enviados de Deus, encontraremos em Allan Kardec, no seu “Livro dos Espíritos” a informação de que o espírito “é o princípio inteligente do Universo”.

Apesar desta definição clara, mais adiante a espiritualidade afirma no mesmo livro sobre a forma do espírito:

“88 – Os espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante? Para vós, não; para nós sim. O espírito é, se quiserdes, uma chama, um clarão ou uma centelha etérea”.

Fica então o aviso: não podemos reconhecer o espírito por sua forma, pois ainda não a entendemos. Portanto, se queremos saber quem somos nós, os espíritos que habitam uma carne, temos que procurar a nossa ação e não a nossa forma.

Por princípio inteligente do Universo, podemos entender a própria inteligência, da forma como a conhecemos. Por isto, se queremos nos procurar nas ações que praticamos, temos que entender que somos a inteligência que habita o corpo.

Esta parte do ser humano que até hoje a ciência não conseguiu entender e nem mostrar fisicamente é o que somos nós, mais nada: o resto é “acessório” para a vida carnal.

Não temos braços, pernas, coração e pulmão, pois a inteligência não precisa disso para sobreviver, mas sim o corpo. Estas partes apenas servem para fazer o corpo funcionar e conviver com o mundo em que habitamos.

Por isso Kardec comentou no Livro dos Espíritos depois da resposta da espiritualidade à pergunta 88:

“Representam-se ordinariamente os gênios com uma flama ou estrela sobre a fronte; é uma alegoria que lembra a natureza essencial dos espíritos. Colocam-na na altura da cabeça porque aí está a sede da inteligência”.

Devemos nos lembrar que se hoje pouco conhecemos da inteligência, por volta de 1880, quando Kardec escreveu o Livro dos Espíritos, a psicologia, ciência que estuda a inteligência, ainda engatinhava e por isso o codificador não pode traçar informações mais precisas.

Hoje podemos conhecer a inteligência como a capacidade de receber informações e sentimentos, analisar, tomar decisões e comandar a prática de atos. Esta é a função do espírito dentro do corpo.

A visão “ser humano” aconteceu por dois motivos: o primeiro é físico. O homem desconhecia esta informação e, ao contemplar a sua imagem, o que via era apenas o corpo físico. Nem os órgãos internos ele conhecia e por isso nasceu nele o sentimento de que ele era tudo. Este sentimento foi sendo passado pelas gerações, apagando a memória espiritual.

Por reconhecer-se como corpo e sabendo que este termina com a morte, foi preciso o homem criar outra coisa diferente para depois que morresse: surgiu o espírito ou alma. Desta forma, o ser humano formou a imagem que ele sempre foi um ser humano, pois já nasceu assim, mas que ao morrer se transformaria em alma ou espírito, um outro ser...

O segundo motivo tem mais a ver com a missão do espírito na carne. Segundo a Bíblia Sagrada o homem foi expulso do paraíso, veio habitar o planeta Terra por um motivo: o fato de Adão e Eva ter comido o fruto da árvore proibida. Entretanto isto é um simbolismo como tudo que vem escrito sobre as informações para o espírito.

Como vimos neste texto, a árvore representa a fonte do saber, do conhecimento e o fruto o ensinamento. O espírito foi expulso do mundo espiritual e teve que habitar uma carne porque quis possuir um conhecimento (quis ser Deus) que não lhe era permitido (árvore proibida).

Neste texto, a primeira árvore e seus frutos representam os ensinamentos que, quando ingeridos, nos dirão que:

“Os habitantes do planeta Terra são as inteligências que se encontram dentro de corpos físicos”.

Este conhecimento leva o espírito a alterar sua visão do Universo para as verdades espirituais, pois não mais deve se reconhecer como ser humano, mas sim como espírito que é.

SEGUNDA VERDADE UNIVERSAL

O planeta Terra é um mundo espiritual.

Assim como o espírito criou a figura “ser humano” para se auto designar enquanto estivesse na carne, ele também criou um local para esta figura viver: o mundo material.

Por não se reconhecer como espírito, mas sim como ser humano, foi preciso que ele criasse outros lugares para viver quando se transformasse em espírito: o mundo espiritual.

Estes dois “locais” precisavam, dentro da concepção humana, ocupar espaços distintos, por isso inventou o “céu”, a “Terra” e o “inferno”. Entretanto, tudo isto foi criação do ser humano para explicar o que não entendia, pois não se via como espírito.

Na verdade existe apenas um Universo, onde habitam todos os espíritos. A divisão só existe para aqueles que não conseguem compreender as outras coisas.

Se não existe mais “ser humano”, não há mais necessidade de se separar o Universo em locais. Por isto, o ensinamento da segunda árvore nos diz que tudo no Universo é um mundo espiritual. O que diferencia as coisas não é o espaço físico, mas sim a densidade da matéria que o espírito ocupa ou convive.

Quanto mais o espírito avança dentro do conhecimento e da prática das leis de Deus, mais ele se desmagnetiza, podendo, então, habitar matérias menos densas, as quais não podem ser percebidas por aqueles que se encontram ainda em matérias mais densas.

Por este motivo o espírito que habita a matéria mais densa do Universo, o corpo físico, não consegue ver os outros irmãos que estão dentro de matérias menos densas. Entretanto eles estão ao seu lado, no mesmo local físico. E não apenas um, mas diversos. São diversas as densidades de matéria que prendem os espíritos que habitam o planeta Terra de acordo com os diversos os graus de conhecimento e prática das leis de Deus.

Com isto podemos reescrever uma lei conhecida no planeta: dois corpos de mesma densidade, não podem ocupar o mesmo lugar no espaço.

A separação do Universo em mundos diferenciados também contribuiu para a prova que o espírito vem fazer na carne. Ao se sentir isolado do mundo de Deus, o ser humano achou necessário criar um “administrador” para este mundo e elegeu a si mesmo como tal.

Cada um dos seres humanos imagina-se como dono do mundo, de todas as coisas materiais ou não do planeta. O espírito tem que saber que neste mundo só existe um dono: Deus.

Quando deseja administrar as coisas do planeta, o espírito que se vê como ser humano quer obter o poder para ser um “deus”. Esta é uma das batalhas que o espírito tem que vencer para poder entrar na plenitude do gozo da vida espiritual, mesmo na carne.

Este novo ensinamento transforma o mundo: de professor, o espírito passa a aluno, de rei a vassalo e de comandante a comandado.

Conhecendo esta verdade universal que traz o fruto da segunda árvore, o espírito pode então buscar mais facilmente a reforma íntima que lhe fará voltar a sentir-se como espírito que era antes de “existir”.

TERCEIRA VERDADE UNIVERSAL

O espírito vem à carne fazer provas.

O espírito não encarna porque quer, mas sim porque a lei universal assim o exige. Mesmo que a encarnação seja feita com consentimento próprio, o espírito o faz porque não tem outra opção a não ser esta durante o processo evolucionário.

A vinda do espírito à carne acontece por três motivos.

Durante a sua vida antes da matéria, o espírito aprende a lei de Deus e depois, como um aluno de escola do planeta Terra, vem executar provas dos ensinamentos que recebeu. A vida na carne, então, é uma prova que o espírito faz da compreensão dos ensinamentos que recebeu na sua vida espiritual.

Esta prova é feita através do relacionamento entre os espíritos na carne, pois interfere na vida de cada um que se envolve com este espírito. Desta forma, a prova individual de cada espírito também é uma missão para ajudar a prova dos outros espíritos.

Entretanto, quando está fazendo esta prova, cumprindo a sua missão, o espírito pode falhar e acabar produzindo sofrimentos em outro espírito. Quando isto acontece, o espírito tem então que expiar estas faltas.

A prova, a missão e a expiação são, portanto, a razão da vinda do espírito para a carne.

Desta forma, fica bem claro que o espírito não está na carne a passeio ou de férias. Ele não vem aqui para divertir-se, mas para trabalhar. Alguns, não compreendendo bem esta função do espírito na carne, acreditam que estão neste planeta para fazer o que bem entendem, mas isto não é verdade.

O espírito não está aqui para fazer o que quer, mas para fazer o que não quer: provar os ensinamentos. Não há lugar para descanso, pois esta vida é sempre uma questão após outra para que, depois que acabem as provas, o espírito possa retornar ao mundo espiritual menos denso, enfrentar mais um ano de estudos para posteriormente retornar a este planeta mais denso e fazer novas provas.

Se a vida é uma prova de relacionamento com outros espíritos na carne, podemos dizer que cada fato que acontece, em cada segundo, é uma questão desta prova. Esta deve ser a forma do espírito encarar a vida.

Não existe uma vida construída pelo ser humano, mas questões de uma prova que Deus coloca ao espírito a cada segundo. Em cada instante da vida do espírito fatos estarão acontecendo para que ele, com o poder que tem de raciocínio, responda corretamente ou não as questões.

Quando responde errado, Deus coloca questões mais difíceis para que o espírito esforce-se mais ainda na sua aprovação.

Portanto, a vida no planeta Terra nunca será aquilo que o espírito sonha. Ele não está aqui para ter uma vida tranqüila, mas sim para responder corretamente as questões da prova.

QUARTA VERDADE UNIVERSAL

A prova é de conhecimento e prática do Amor Universal.

Todas as questões que Deus coloca na prova que os espíritos vêm fazer no planeta Terra versam sobre uma matéria: o amor universal.

Portanto, o espírito tem que, a cada momento, responder aos fatos que se sucedem em sua vida, utilizando amor universal. A aprovação final depende desta utilização constante.

A resposta errada do espírito a cada questão é a utilização de qualquer outro sentimento sem ser o amor universal.

Podemos definir o amor universal como a soma de todos os sentimentos positivos do universo. Entretanto, o amor universal possui três pilastras básicas, ou sentimentos básicos que o compõem:

Alegria

Não existe amor que premie a tristeza. O amor universal tem que ser vivido na alegria plena para que possa ser assim caracterizado. A alegria plena não é aquela obtida pela satisfação pessoal, mas um sentimento que provoque o prazer coletivo.

A alegria plena é aquela que é alcançada com a consciência do mundo universal ou de Deus, com as Suas maravilhas, com a Sua justiça, com a sublimidade do Seu amor. Somente esta alegria deve permear o amor universal.

Compaixão

Este sentimento ou estado de espírito é mal conhecido entre os seres humanos. Eles acreditam que ter compaixão por uma pessoa é sofrer a tristeza que a pessoa está sentindo.

Esta forma de agir extingue o amor, uma vez que acaba com a alegria, primeiro pilar do amor universal. Também não auxilia o próximo, pois a função de um espírito é auxiliar o próximo a encontrar a alegria e o amor universal.

A compaixão, componente do amor universal, pode ser definida como a consciência do sofrimento que pode causar a si ou ao outro. Quando um espírito utiliza a compaixão ele evita de provocar sofrimento ao próximo, pois tem a perfeita consciência do sofrimento que pode causar.

Portanto, para se ter o amor universal o espírito precisa aprender que a compaixão não é sofrer o sofrimento, mas repassar alegria para auxiliar o irmão.

Igualdade

Qualquer forma de amor que se baseie em superioridade exprime um domínio; qualquer que se baseie em inferioridade, exprime a submissão. O amor não pode dominar nem se sentir dominado.

Portanto, para se ter o amor universal é necessário sentir-se igual às outras pessoas do Universo, independente do grau de cultura, social, monetário, espiritual, etc. Todos os espíritos são iguais perante o Pai e devem se portar desta forma para poder auxiliar os irmãos.

Este amor universal é a base do ensinamento maior de Jesus Cristo quando afirma: Amar a Deus, a si e aos outros. Não existe outro amor que possa atingir este grau proposto pelo Mestre.

Este entendimento do amor explica a colocação de Jesus quando afirmou que não veio para alterar as leis Mosaicas, mas sim dar o verdadeiro sentido a elas.

Quem nutre o amor universal dentro de si é incapaz de matar, roubar, cobiçar, adulterar, etc., porque sabe que terá uma atitude de superioridade, que trará um sofrimento e acabará com a alegria.

Juntando-se todos os conhecimentos até agora, podemos dizer que somos espíritos vivendo uma vida espiritual. Esta vida compõe-se de provas que Deus coloca para que respondamos às questões com o amor universal, ou com qualquer outro sentimento.

 QUINTA VERDADE UNIVERSAL

Todo ato do ser humano é comandado por Deus na sua forma, de acordo com a essência que o espírito nutre no momento.

Se não somos seres humanos, se não existe uma vida material e as coisas não são o que pensamos ser, o que serão então estas coisas?

Afirmamos em nossas verdades universais que a vida do “ser humano” é uma prova para o espírito que habita a carne e, portanto, todas as coisas que acontecem materialmente não passam de questões desta prova. Por isto, o ser humano não tem condições de nelas interferir, pois seria o aluno determinando a questão da prova. Somente o Autor Intelectual da prova pode escrever as questões.

Desta forma, Deus escreve a cada segundo na vida do ser humano as questões que o espírito terá de responder com amor ou sem amor. Fica mais fácil compreender esta verdade universal compreendendo o “ciclo da vida”.

Ciclo da vida: sentir / pensar / agir

Sempre que alguma percepção penetra pelos sentidos do corpo físico (visão, audição, olfato, sabor e tato), o espírito escolhe um sentimento para reagir a ela. Por exemplo: quando a visão forma a imagem de uma pessoa que um dia nos causou algum problema, certamente escolheremos a desconfiança para servir de base para o pensamento. Diferente será o sentimento se a pessoa sempre houver sido nossa amiga: neste caso sentiremos carinho, amizade, etc.

Com base neste sentimento Deus comanda, através de seus auxiliares espirituais, uma história que é o pensamento do “ser humano”. No primeiro caso do nosso exemplo, o ser humano dirá para si: mesmo: “cuidado, esta pessoa já o magoou”. Este pensamento, entretanto, não é do espírito, mas sim uma intuição que Deus manda a ele.

Mas Deus não manda este pensamento porque quer que o ser humano não goste da outra pessoa, mas porque ele reflete o sentimento que o espírito sentiu. Portanto, se a prova é sentir o amor, este ser humano foi reprovado naquela questão e nova questão terá que ser “respondida”.

Podemos então afirmar que o pensamento é uma materialização do sentimento que o espírito nutre pela coisa ou pessoa.

É este pensamento que servirá de base para o ato que será praticado, que também será intuído por Deus ao espírito. Isto fica bem claro com este texto do Livro dos Espíritos de Allan Kardec.

“526 - Por exemplo, um homem deve perecer: ele sobe em uma escada, a escada se quebra e o homem se mata; são os espíritos que fazem a escada quebrar para cumprir o destino do homem?”

“É bem verdade que os espíritos têm uma ação sobre a matéria, mas para o cumprimento das leis da Natureza e não para as derrogar, fazendo surgir no momento oportuno um acontecimento inesperado e contrário a essas leis. No exemplo que citas, a escada se rompe porque ela estava carcomida ou não bastante forte para suportar o peso do homem. Se estava no destino desse homem perecer dessa maneira, eles lhe inspirarão o pensamento de subir por essa escada que deverá se romper sob seu peso, e sua morte terá lugar por um efeito natural sem que seja necessário um milagre para isso.”

As perguntas 527 e 528 expressam ainda melhor este pensamento, através do qual podemos então afirmar que o espírito tem todos os seus passos conduzidos por outros espíritos enviados de Deus, para que se cumpra o destino de cada um.

Este destino nada mais é do que o merecimento do espírito, ou seja, a resposta a questões anteriores na prova chamada vida. Portanto, as questões são escritas a cada momento pelo espírito, de acordo com as respostas às perguntas anteriores, não na sua forma, mas na sua essência.

Estas CINCO VERDADES UNIVERSAIS compõem a base da DOUTRINA ESPIRITUALISTA ECUMÊNICA, trazida agora aos espíritos na carne com a intenção de prepara-los para o novo sentido de vida sobre o planeta que está se iniciando e que premiará esta forma de proceder.

A DOUTRINA ESPIRITUALISTA ECUMÊNICA é representada nesta passagem de Tomé, pelas palavras de Jesus, como as cinco árvores que existem no paraíso e das quais o espírito necessita comer seus frutos (colocar em prática) para não mais conhecer a morte, ou seja, para não mais necessitar transformar-se em outra coisa para poder viver.

Esta é uma doutrina de VIDA e não de morte porque diz respeito à vida na carne e não a uma preparação para uma vida posterior. Enquanto todas as religiões brindam a existência de um local diferente deste planeta para que se alcance a vida espiritual e, portanto, preparam o ser humano para ir para lá, a Doutrina Espiritualista Ecumênica ensina ao espírito a já viver em um mundo espiritual dentro da matéria física.

Encerramos esta lição com um ensinamento de Jesus divulgado pelo mesmo Evangelho de Tomé que explica isto de forma definitiva:

“3. Jesus disse: Se aqueles que vos guiam disserem: Vê, o Reino está no céu, então os pássaros vos precederão. Se vos disserem: Ele está no mar, então os peixes vos precederão. Mas o reino está dentro de vós e está fora de vós. Se vos reconhecerdes, então sereis reconhecidos e sabereis que sois filhos do Pai Vivo.”