O evangelho segundo Tomé

Logia 104 - Hábitos e pecados

“104. Eles disseram a ele: Vem, vamos hoje orar e jejuar. Disse Jesus: Qual foi o pecado que cometi, ou em que fui derrotado? Quando o noivo houver saído da câmara nupcial, aí então que orem e que jejuem”.

Gregório

“Pai, perdoa porque eles não sabem o que fazem”.

Este pedido de Jesus ainda está ecoando pelo planeta, pois quanto mais passa o tempo, mais os seres humanos não sabem o que fazem. Cada vez mais se prendem a atos materiais, não buscando a essência espiritual.

A caridade ficou restrita a dar o peixe e não a vara para aprender a pescar. Todos contribuem financeiramente para as campanhas de auxílio ao próximo, mas fogem do contato direto para preservar o seu tempo. Aqueles que se entregam à prática de atos caridosos ficam atentos apenas às necessidades materiais, mas não se envolvem sentimentalmente para não sofrer depois.

As orações continuam compridas e pomposas. Belas palavras são escolhidas, lindos discursos são escritos, mas a verdadeira intenção da oração é escondida. Enquanto as palavras saem, os sentimentos se preocupam com a aprovação do discurso.

O amor virou um comércio: “dê-me o que eu quero para que eu lhe ame”. Ninguém consegue amar aquele que não é capaz de “pagar os juros” do que é dado. Exigem posturas, conceitos assemelhados e subordinação para que o amor exista.

A fiel subordinação ao Pai foi trocada pela necessidade de comprovações materiais para que a vida fosse compreendida e pela preocupação com o dia de amanhã. Deus foi trancafiado em espaços exíguos onde os seres humanos só recorrem quando a sua materialidade não consegue resolver algum problema.

Todos os compromissos religiosos foram transformados em obrigações que devem ser cumpridas pelo temor do castigo futuro.

Os animais domésticos são transformados em fictícios seres humanos para serem amados incondicionalmente. Os pássaros são aprisionados em gaiolas para estarem à disposição. As flores são arrancadas para que possam ser possuídas. Todos acham que a natureza é colocada à disposição do ser humano para satisfazê-lo e não para ser amada.

 Estes são os derrotados na batalha da vida. Perderam para a carne na batalha da fé e do amor. Valorizaram o seu “querer” e sua “ciência” mais do que ao Pai.

Mas vocês, que estão aprendendo a entrega completa ao Pai, que estão buscando a felicidade universal, como são felizes!

Não precisam dar o peixe, porque estão sempre com uma vara do abraço e da compreensão sincera para atender a todos que necessitam. Não oram, mas conversam com Deus na sua própria linguagem: os sentimentos positivos do universo.

Amam todos aqueles que encontram no caminho, sem colocar condições para tanto. Não se preocupam com o dia de amanhã porque sabem que o Pai sabe muito melhor do que vocês o que precisam.

Não têm medo de Deus, mas sabem que o Amor Sublime de Deus está sempre presente. Por isso podem aceitar os animais como são, sabendo que eles só são felizes quando vivem como Deus os criou. Não precisam arrancar as flores, pois conseguem captar os sentimentos que elas emanam para levá-los junto...

Vocês são os vencedores, os que são como as sementes da mostarda, as menores que existem, mas que, quando lançada ao solo, geram árvores que abrigam os pássaros do céu.

Por isto são livres. Eram escravos da materialidade, dos seus hábitos, mas pelo amor que o Cristo nos ensinou, tornaram-se livres. Neste momento, vocês acabaram com o pecado em suas vidas e conseguiram entrar na câmara nupcial com Cristo, para o casamento do espírito com Deus.